Ambientalistas manifestam apoio à Polícia Federal pela Operação Concutare
Diversas entidades ambientalistas levaram seu apoio à Polícia Federal |
A gratidão e o apoio dos
ambientalistas às ações da Polícia Federal na Operação Concutare foram
expressadas com palmas e flores, dirigidas e entregues ao delegado Renato Madsen Arruda, da Divisão
de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente. A manifestação aconteceu no final
da tarde de sexta-feira (3/5), em frente ao prédio da PF, em Porto Alegre, logo
após coletiva sobre a operação, que teve como ápice críticas à decisão da juíza Karine da Silva
Cordeiro, da 1ª Vara Criminal da Justiça Federal no RS que libertou os
indiciados, rejeitando o pedido de prorrogação da prisão temporária de dez dos
18 suspeitos presos no Presídio Central de Porto Alegre.
Ambientalistas da Agapan, do Ingá, do Mogdema e do
Movimento em Defenda da Orla, entre outras representações, lamentam a decisão
da juíza, pelas possibilidades de os indiciados, agora em liberdade, influenciarem
ou intimidarem outras testemunhas e depoentes, “podendo inclusive subornar e acabar
com as provas”, ponderou a conselheira da Agapan, Edi Fonseca. Para o delegado Arruda, que
demonstrou preocupação, é provável que ocorra pressão sobre determinadas
pessoas envolvidas e que possam ser indiciadas. Em conversa com os
ambientalistas, o delegado agradeceu o apoio e os elogios à ação da PF. “Os
delegados estão contente com o apoio recebido dos ambientalistas e dos técnicos
dos órgãos públicos, que têm auxiliado nas investigações”, afirmou.
Delegado Renato Madsen Arruda recebendo documento dos ambientalistas |
Durante a manifestação de apoio, Arruda
destacou que as pessoas podem colaborar ligando para o Plantão da Polícia
Federal ou enviando correspondências para a Divisão de Crimes Ambientais. “Não
precisa, mas caso a pessoa se identifique, terá sua identidade resguardada”,
observou. O telefone de plantão fica disponível 24h, pelo número (51) 3235-9013.
Augusto Carneiro, um dos fundadores da AGAPAN, esteve presente |
“Vamos encaminhar denunciais e solicitar
audiências também com o delegado Roger Cardoso, que coordena as investigações
sobre a ocorrência de fraude ambiental, com o governador e com o prefeito”,
antecipou o presidente da Agapan, Francisco Milanez.
IRREGULARIDADES DENUNCIADAS
À esquerda, Francisco Milanez, presidente da AGAPAN |
Em abril do ano passado, a Agapan e outras
entidades ambientais do Estado, através da Apedema, lançaram um manifesto
intitulado O Caos e A Crise, alertando o Governo do RS sobre a “crítica” situação
em que se encontra a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e o assédio
moral por que passam os servidores. “Até agora o governador Tarso Genro não nos
recebeu”, reafirmou Edi Fonseca.
Para a ambientalista, é preciso rever os
licenciamentos de grandes empreendimentos, tornando o processo mais
transparente. “Além de uma ‘limpa’ nos Cargos de Confiança (CCs) de
responsabilidade do secretário indiciado (Carlos Fernando Niedersberg),
defendemos a suspensão das reuniões dos Conselhos Municipal e Estadual do Meio
Ambiente, até que algum técnico com atuação ambiental seja nomeado”,
complementou o biólogo e ambientalista do Ingá, Paulo Brack.
Segundo Brack, há muitas ações tramitando na
justiça contra empreendimentos no Litoral Norte. “É preciso trazer a tona essas
irregularidades e os danos causados ao ambiente ao longo dos anos”, alertou, ao
defender a reconstrução do modelo de licenciamento ambiental no Estado. “Os CCs
estão tomando conta e desvirtuando o processo de licenciamento”, criticou
Brack.
Milanez comemora a ação da Polícia Federal em
relação às fraudes nos licenciamentos ambientais, com prisão e indiciamento dos
envolvidos, “em parte, desmascarados”. Para ele, “o trabalho da Polícia Federal
faz com que as pessoas na Sema e na Smam (Secretaria Municipal do Meio
Ambiente), que estavam marginalizadas e muitas vezes foram deslocadas para
outros setores, tenham seus espaços de trabalho reconquistados”.
LOTEAMENTO É A CAUSA
“A Operação Concutare confirma e traz à tona as denúncias
dos movimentos ambientais, incluindo os conselhos municipal e estadual de Meio
Ambiente (Comam e Consema)”, diz o biólogo e integrante do Mogdema, Eduardo
Rupenthal. Para ele, a manifestação é positiva, principalmente pelo apoio
prestado aos delegados federais, “que estão surpresos com as muitas denúncias
da sociedade civil sobre ações e crimes cometidos por essa quadrilha”.
Para Rupenhal, a burocracia na obtenção dos
licenciamentos ambientais não é a causa das irregularidades, mas o “loteamento
político-partidário” das secretarias e dos conselhos, que mantêm a questão
ambiental em posição secundária de importância, sendo ocupada por políticos que
não se elegeram. “É preciso reverter essa lógica, investir em infraestrutura e
em pessoal qualificado, valorizando o corpo técnico”, defendeu.
Durante a manifestação de sexta-feira, os ambientalistas
citaram alguns empreendimentos que podem estar na mira das investigações, como
a Companhia Riograndense de Celulose e as barragens de Taquarembó, em Dom
Pedrito, e Jaguari, em São Gabriel, liberadas em 2007, além dos empreendimentos
no Litoral Norte, que privatizam e destroem Áreas de Preservação Permanente,
como dunas e banhados, e a mineração extrativista e criminosa nos já poluídos
rios gaúchos, entre muitos outros.
De acordo com o delegado da Polícia
Federal, Roger Cardoso, em coletiva pra a imprensa ainda na sexta-feira à
tarde, os cerca de 50 indiciamentos devem ser concluídos até o próximo dia 25.
A partir de segunda-feira (6/5), dez peritos da PF de outros Estados auxiliarão
o trabalho pericial a campo que vai confirmar as irregularidades e crimes
ambientais. “Somente os valores apreendidos garantem a corrupção”, disse
Cardoso. Segundo o delegado, entre suspeitos, investigados e testemunhas são 70
pessoas. “Queremos quantificar os danos ambientais em valores para que os
responsáveis arquem com esses prejuízos”, afirmou Cardoso.
Indignados e aguardando o desenrolar das investigações,
em segredo de justiça, os ambientalistas e apoiadores preveem um ato para comemorar
a Operação Concutare na próxima sexta-feira, dia 10 de maio, na esquina das
ruas Lima e Silva e da República, na Cidade Baixa, em Porto Alegre.
Assessoria de Imprensa da Agapan
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues
51-9813-1785/8204-3730
Fotos: Adriane Bertoglio Rodrigues e Cesar Cardia/AGAPAN
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