15 julho 2016

Água | Agapan cobra soluções para a poluição do Guaíba

Foto: Ivo Gonçalves/PMPA
"Qual a magnitude de acidentes, em termos de saúde pública, estão esperando acontecer para que seus governos venham a tomar alguma providência sensata nesta questão, visto que os rios Sinos, Gravataí e Caí, industrialmente impactados, também somam nessa triste conta de poluição ambiental?"

O vice-presidente da Agapan, Roberto Rebes Abreu, e o secretário-geral da entidade, Heverton Lacerda, entregaram nesta sexta-feira (15) ao prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, uma carta cobrando providências em relação à qualidade da água do Guaíba.
O secretário do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), Elisandro de Oliveira, participou da reunião e ficou encarregado de dar um retorno à Agapan e à comunidade sobre os questionamentos e solicitações encaminhadas.
A carta também é endereçada ao governador José Ivo Sartori e será protocolada no Palácio Piratini na segunda-feira, 18.

Confira, abaixo, a íntegra do documento:


Carta aberta ao Governador e ao Prefeito


Excelentíssimo Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul
Sr. José Ivo Sartori

Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre
Sr. José Alberto Reus Fortunati



Nossa água corre sério risco.

Imagem: Google Mapas

Senhor José Sartori, governador do Estado do RS e senhor José Fortunati, prefeito de Porto Alegre.
A fonte que abastece de água os nossos lares, que sacia a sede de nossas crianças, adolescentes e idosos aqui em Porto Alegre e cidades próximas está seriamente ameaçada. Acreditamos que esta água seja a mesma que os senhores bebem, após onerosos processos de despoluição. Referimo-nos ao Guaíba, manancial com características próprias de rio e lago. Esse manancial hídrico, fonte de vida para a população porto-alegrense e gaúcha, vem sendo degradado ao longo de décadas por conivência, negligência ou omissão de diversas administrações públicas em níveis estadual e municipal. 
A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), preocupada com a saúde pública e atenta aos desdobramentos ambientais pela falta de ações eficazes com relação ao mau cheiro e ao gosto ruim presentes na água de Porto Alegre, chama a atenção do poder público no sentido de proteger o Guaíba como de fato ele deve e precisa ser protegido, pois é um bem natural e comum a todos. 
Nada nos é mais essencial do que a água! Podemos ficar sem celulose, sem areia, sem nafta, sem navegação, mas sem água não sobreviveremos. 
Sabemos da importância que as administrações públicas dão para a questão econômica, afinal vivemos em um sistema que impõe tal postura, ainda que ecologicamente questionável. Mas nada justifica a ausência de cuidado para com as causas da má qualidade da água que tem chegado à população de Porto Alegre. Nada justifica a falta de monitoramento dos nossos rios.
Todos os dias milhares de litros de elementos químicos altamente poluentes e perigosos, advindos de fábricas situadas à beira do Guaíba, são despejados com suas permissões no manancial que nos abastece. Só para exemplificar, citamos a autorização governamental concedida à fábrica chilena de celulose CMPC que escoa seus efluentes químicos e tóxicos diariamente em nossa fonte de água.
Perguntamos: que contrapartida este e outros empreendimentos que poluem a água que consumimos trazem à nossa sociedade que justifique o risco e as autorizações para poluírem? E o Projeto Integrado Socioambiental, que até hoje não conhecemos os resultados com relação a melhora de qualidade da água do Guaíba, da nossa água? Qual a magnitude de acidentes, em termos de saúde pública, estão esperando acontecer para que seus governos venham a tomar alguma providência sensata nesta questão, visto que os rios Sinos, Gravataí e Caí, industrialmente impactados, também somam nessa triste conta de poluição ambiental?
Senhores Governador e Prefeito, esperamos que cumpram com suas responsabilidades de gestores públicos, implementando medidas urgentes que identifiquem e venham a recuperar com a necessária competência e segurança a água que bebemos, um bem público e finito! 
A Agapan, preocupada com a falta de respostas às denúncias sobre a má qualidade da água em inúmeros bairros da capital gaúcha e cidades próximas, une-se à população no sentido de obter dos gestores públicos estadual e municipal, enérgicas e definitivas soluções para o caso urgente da poluição, do mau cheiro e do gosto ruim da água de Porto Alegre. 

Porto Alegre, 15 de julho de 2016.

Diretoria Executiva e Conselho Superior da Agapan


Fonte: Imprensa Agapan

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