06 julho 2014

Especialistas expõem os riscos da mudança da lei das antenas e da radiação sem controle em Porto Alegre

Crianças são as mais afetadas pela radiação eletromagnética (de celulares).

Para responder a algumas dúvidas da população durante nossas abordagens contra a mudança da lei atual, entrevistamos especialistas sobre radiação de antenas de celulares e participantes da criação da atual Lei das Antenas (Lei 8896/02), o professor (PhD) Álvaro Salles do Departamento de Engenharia Elétrica da UFRGS,e  Ana Valls, da área de saúde, conselheira da Agapan.  

Agapan: 1) Por que instalar mais antenas de celular como propõe o PLE 57/13,  não é recomendado? 

Álvaro Salles - O principal problema é que mais antenas significa maior nível de irradiacão, as irradiações somam-se com as novas. Estas radiações ocorrem de forma ininterrupta, durante as 24 horas do dia, promovem um longo tempo de exposição para os que trabalham ou habitam em regiões próximas em até 350 ou 400 metros. 

Agapan: 2) O que acarreta um longo tempo de exposição à radiação?

Ana Valls - Quanto mais antenas mais fontes de poluição e menos lugar tu tens para te proteger desta radiação. Existem outras formas de aplicar e usar a tecnologia diminuindo as fontes de poluição, mas isto pode parecer mais caro diretamente para as empresas, mas é mais barato para a população, pois diminui os riscos de adoecimento e dos altos custos de tratamento como do câncer. Além disto, com tecnologia mais adequada o ambiente fica menos poluído por radiação eletromagnética não ionizante. 

 Agapan:  3) Uma das saídas para as pessoas seria a mudar-se de áreas com antenas?

Ana Valls - Para as pessoas que moram perto de uma torre, que não vai adiantar se mudar para algum outro lugar desta cidade, pois correm o risco de cair novamente perto de outra ERB. O que poderemos fazer, antes que seja tarde? Essa pergunta deve ser colocada como reflexão. 
Medição da radiação de antenas em Porto Alegre conta com somente um equipamento da SMAM. (Cosman) 

Agapan: 4) Como está a medição dos níveis de radiação em Porto Alegre?

Ana Valls - O tipo de fiscalização e medição que se dá em Porto Alegre não é confiável, é uma preocupação. O aparelho de medição das radiações eletromagnéticas (não ionizantes) usado pelo fiscal da prefeitura precisa ser calibrado. 

Agapan:  5) Por que não são investidos mais recursos em fiscalização, fiscais e instrumentos adequados? 

Ana Valls - A resposta parece que não interessa fiscalizar, proteger nossa saúde e a qualidade ambiental no município. 

Agapan:  6) Comparando a Lei atual  com a o PLE 57/13 proposto pela Prefeitura de Porto Alegre,quais são as mudanças?

Álvaro Salles - O novo PLE 57/13 simplesmente revoga algumas limitações existentes na Lei 8896 de 2002. Por exemplo, define torre como uma estrutura com mais de 20 metros de altura, e permite que nao sendo em torres as ERBs possam ser instaladas por exemplo em hospitais, clinicas, escolas, creches, etc. Tambem, permite que ERBs sejam instaladas em centros de terrenos de qualquer dimensão (por  exemplo, pode ter 2 metros no total, desde que fique centrada). Também, determina o PLE 57 que as operadoras sao as responsaveis pelas medidas, e muitas outras incoerencias analogas. Mais detalhes podem ser encontrados no anexo 


Agapan: 7) Uma reclamação dos ecologistas desta luta seria de que o tema "mudança da lei das antenas de celular" não está saindo na mídia , parece que muitos jornalistas consideram que a população quer a melhoria do sinal de celular, seria isso um consenso?  

Álvaro Salles - A imprensa, bem como a população em geral, já foi convencida pelas operadoras que a melhoria do sinal somente pode ocorrer se a Lei 8896 de 2002 for revogada.Isto não corresponde a verdade. Não há na Lei 8896 nenhum item que impeça a melhoria do sinal em P. Alegre. As razões da revogação da legislação em vigor são outras, como já foi fartamente divulgado: multas por não cumprimento da Lei, e que ficariam ainda mais difíceis de serem cobradas e recebidas se a legislação fosse alterada.  Como exemplo disto, podemos citar a questão da distância minima de 50 metros de hospitais, clinicas, escolas, creches, etc. Todas as ERBs convencionais, mini ERBs, pico células ou femto celulas tem abrangência (ou cobertura) maior que 50 metros; ocorre que não há necessidade que sejam colocadas em distâncias menores que 50 metros.


Radiação medida no cérebro de adulto e crianças, após o uso do celular. O cérebro das crianças é o mais afetado.

Agapan: 8) Quais os riscos que se corre ao vivemos cercados da radiação eletromagnética das WiFi, celulares 3G e 4G, torres de antenas de celulares?

Ana Valls - As pessoas são levadas a acreditar que isto não faz mal e consomem a tecnologia como se fosse brincadeira. Como as pessoas não caem mortas imediatamente e os efeitos aparecem aos poucos com formigamento, tonturas, desregulação metabólica, diminuição da imunidade, dores de cabeça intermitentes.  As pessoas, e mesmo os profissionais da saúde, têm dificuldade de definir o nexo causal, investigar as possíveis causas e não sugerem mudanças necessárias para diminuir os riscos. Todos vamos morrer um dia? Sim, alguns com dignidade e dentro de um tempo normal para sua resistência física. Outros completamente dependentes de atendimento especializado e bastante caro, alimentando um mercado lucrativo chamado doença. Portanto, é preciso entender que usar a tecnologia não é o mesmo que consumir a tecnologia. E morrer não é o mesmo que ser consumido por doença. Já ouvistes aquela frase que diz "todos nós deveríamos ter o direito de morrer com saúde!"?

Agapan: 9) Qual o recado final para quem ainda tem dúvidas sobre a eficácia da atual Lei das Antenas?

Ana Valls - Para aqueles que ficam com medo que o sistema de telefonia não funcione se não nos cozinharem com a REMNI lembrem que nossa lei é modelo Suíça e que lá eles se comunicam, e que recentemente falei com um suíço que informou que por lá existem alguns movimentos para diminuir ainda mais a potencia permitida. Principalmente depois do Parecer da OMS dando conta que a REMNI da telefonia celular é possivelmente cancerígena para humanos.


Vanessa Melgaré, assessoria de comunicação
Agapan 
(Imagem: artista Jasper Jamlers )

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