Foto Dulce Helfer |
Atualmente vivemos muitos desafios simultâneos. Temos grandes crises na economia, na saúde, na segurança, no ambiente, nos valores, na educação. Cada uma delas seria o suficiente para que gastássemos muita energia, juntas uma alimenta a outra e fica bem mais complicado. O fato é que estamos passando para uma nova era onde não mais poderemos fingir que resolvemos as questões isoladamente como sempre fizemos no passado, sem nunca realmente solucionarmos nada e sempre postergarmos.
Este é o desafio que nos traz o desenvolvimento sustentável, já que fica evidente a crise ambiental que põe em risco a vida no planeta e nos obriga a um novo tipo de desenvolvimento que não só pare a destruição como também reconstrua muito do que já foi destruído.
Para “inventarmos” um desenvolvimento assim temos que corrigir os erros que nos levaram ao estado atual de risco. O maior deles é a desconexão do conhecimento fruto da fragmentação dos conhecimentos e de nossa incapacidade de utilizá-los de forma unificada. Sempre simplificamos olhando apenas alguns dos aspectos de uma questão e com isto perdemos a visão do todo e a capacidade de administrá-lo também.
Entre os milhares de desafios que se apresentam através do desafio central de por em prática este novo tipo de desenvolvimento que permita mantermos ou melhorarmos a qualidade de vida na terra estão: a busca de novas formas de produção da energia, novas formas de produção de bens, novos materiais sustentáveis e menos poluentes, novas formas de inclusão social, novos valores, novos transportes, novas formas de produzir alimentos saudáveis. Nenhum destes gigantes desafios se compara ao de articular todos os demais desafios em soluções uníssonas e viáveis.
Para que consigamos pessoas que desenvolvam esta nova visão integrada necessitamos rever a forma de produzi-las, a educação. É urgente que se inicie um grande movimento de construção desta nova educação a ecopedagogia, a educação para o desenvolvimento sustentável. O desafio é ainda maior porque temos que preparar as pessoas para algo que não fomos preparados e portanto, o caminho tem de ser construído ao mesmo tempo em que caminhamos. Se por um lado é um imenso desafio por outro é uma gigantesca possibilidade de aprendermos muito mais sobre como viver em harmonia com nosso meio e, com todas as mudanças que se farão necessárias quem sabe reencontramos a fonte de nossa própria harmonia.
Fica para os professores, como sempre, a tarefa mais dura e mais linda a de ensinar aprendendo esta nova lição.
Francisco Milanez professor, biólogo, arquiteto, escritor e ambientalista é presidente da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural) primeira entidade da luta ecológica brasileira, completando 40 anos em abril de 2011 .
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