Preocupada com a possibilidade de retrocessos, a Agapan acompanha o tema em estado de alerta.
Deputados
estaduais que integram duas subcomissões da Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) da Assembleia Legislativa do RS (ALRS) utilizam de eufemismo para mascarar a intenção
de flexibilizar o Código Florestal (Lei 9.519/1992) e o Código Estadual do Meio
Ambiente (Lei 11.520/2000) para satisfazer pressões de interesse econômico.
Elton Weber (PSB) e Frederico Antunes (PP) são, respectivamente, os relatores
das subcomissões. O referido eufemismo se dá, mais especificamente, por conta
do uso do termo "aperfeiçoamento", que é utilizado pelas duas subcomissões que tentarão, na verdade, justificar a fragilização pretendida das
leis ambientais.
Foto: Marcelo Bertani / ALRS |
Foto: Marcelo Bertani / ALRS |
O conselheiro
da Agapan Beto Moesch, ex-secretário de Meio Ambiente de Porto Alegre,
participou da audiência pública realizada no dia 2 maio na ALRS. Advogado especialista na área, ele coordenou a
elaboração dos dois códigos estaduais. "Mais importante do que fazer
alterações nas leis, é colocá-las em prática", disse Moesch, referindo-se
aos descumprimentos da atual legislação. Ele ainda ressaltou que as atuais leis
são resultados de amplos processos de discussão com a sociedade gaúcha.
Foto: Marcelo Bertani / ALRS |
Também presente na audiência, o presidente
da Agapan, Leonardo Melgarejo, criticou a mescla de subcomissões e de temas.
Segundo ele, são "indicadores de pressa no trato de algo que mereceria
muito cuidado". Melgarejo disse não entender o motivo real das propostas
de alterações em normas que foram atualizadas muito recentemente, "ainda
em 2012", afirmou. Destacou, ainda, que "o retrocesso ocorrido na
legislação ambiental em nível nacional deve ser rejeitado e não justifica nem
pode ser usado como desculpa para mutilação assemelhada nas leis
estaduais". A liderança afirmou ainda que o argumento apresentado pela
secretária estadual do Meio Ambiente, Ana Pellini, sobre a dificuldade de
cobrar multas "é claro indicativo de sucateamento dos órgãos ambientais,
que merecem maior atenção, ampliação e reforço", concluiu.
A promotora de
Justiça do Ministério Público estadual Ana Marchesan chamou a atenção para o
fato de que a proteção ambiental constitui direito constitucional e que o MP
estará atento às propostas de alterações. Ela mostrou preocupação com a
iniciativas da CCJ e falou da importância do atual Código Ambiental e da
necessidade de consolidar a legislação, sem retroceder.
Foto: Marcelo Bertani / ALRS |
Durante a audiência,
a Agapan protocolou uma carta denunciando publicamente "o perigo iminente
de flexibilização da legislação ambiental gaúcha na forma das propostas de
alterações do Código Estadual de Meio Ambiente e do Código Florestal estadual,
que estão em curso na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do
Sul".
Instigado por alguns participantes, o deputado Frederico Antunes se comprometeu a criar um grupo de trabalho formado por pesquisadores, estudiosos e ambientalistas para avaliar as propostas que serão encaminhadas pelas subcomissões.
Instigado por alguns participantes, o deputado Frederico Antunes se comprometeu a criar um grupo de trabalho formado por pesquisadores, estudiosos e ambientalistas para avaliar as propostas que serão encaminhadas pelas subcomissões.
Confira,
abaixo, a íntegra da carta:
Carta à
sociedade gaúcha
A Associação Gaúcha de Proteção
ao Ambiente Natural – AGAPAN, cumprindo sua missão institucional de velar pela
inviolabilidade do direito à vida, pelo resguardo do princípio da preservação
do ambiente e do direito à informação ambiental, valores elevados à condição de
direitos fundamentais constitucionais respectivamente pelos artigos 5 e 225 da
Constituição Federal, amparada no livre exercício da Legítima Defesa do
Ambiente Natural, vem denunciar publicamente o perigo iminente de
flexibilização da legislação ambiental gaúcha na forma das propostas de
alteração do Código Estadual de Meio Ambiente e Código Florestal Estadual que
estão em curso na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.
Estas alterações que modificam
para pior a já combalida realidade legislativa ambiental vigente em nosso
estado, conquistada palmo a palmo e a duras penas pelo conjunto da sociedade
gaúcha em embates vigorosos, atendem a interesses corporativos e principalmente
alheios à proteção do ambiente e ao respeito à vida.
Por essas
razões e pelo claríssimo e concreto perigo de retrocesso ambiental, a AGAPAN,
posicionando neste contexto o seu lema “a vida sempre em primeiro lugar”, comunica que não só está monitorando e
acompanhando atentamente as discussões em curso naquela casa legislativa, como
não silenciará e muito menos recuará na denúncia, na responsabilização dos
envolvidos e na ação democrática urgente e contundente, como forma de barrar
mais essa iniciativa de recuo ambiental e democrático, que se ostenta em benefício
de poucos e em flagrante prejuízo à sociedade riograndense e ao ambiente
natural.
Porto Alegre,
2 de maio de 2016.
Leonardo
Melgarejo – Presidente da AGAPAN
Imprensa Agapan
Imprensa Agapan
Um comentário:
Estou de acordo com o Sr.Beto Moesch,que diz que devemos por em prática as leis ambientais. Pois, se continuar neste desrespeito ao meio ambiente, em pouco tempo estaremos sofrendo terríveis conseguencias.(já estamos, mas, nos fazemos de ignorantes).
Sugiro que haja mais educação ambiental nas escolas. Desde os primeiros níveis. Lembrem-se do provérbio indigena:"Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluido é que o homem perceberá que não se pode comer dinheiro". Peço à Deus que jamais chegue a este ponto.
Agradecida.
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