Público no Cinema na Anita. (Nessa/AGAPAN) |
Quem
não pode comparecer ontem à noite no cinema na rua, perdeu uma
ocasião maravilhosa! Havia uma multidão de pessoas
confraternizando, sentadas no asfalto da Anita que ainda resta em
frente à Igreja Mont'Serrat, com espaço para a passagem dos carros
de moradores que têm licença para ali trafegar, As pessoas levaram
pipocas, bolachas, cadeiras de praia,bebidas, almofadas, mantas, etc.
para poderem sentar no chão e apreciarem, em silêncio respeitoso,
um filme que deveria estar nos cinemas. Ele tratou de soluções
dadas ao trânsito de várias cidades (Amsterdam, Dinamarca - nomes
muito difíceis, Bogotá,etc.) que priorizam as pessoas, não os
carros e suas consequências (acidentes de trânsito, morte de
pessoas - crianças,principalmente, poluição, engarrafamento,
etc.).
As
várias medidas empregadas devolveram a cidade às pessoas, com a
criação de ciclovias, espaços verdes, despoluição do manancial
hídrico que as banha, permitindo banho, pesca e fruição
paisagística, e com pouco gasto envolvido, pois o maior capital
envolvido foi a mudança de mentalidade das pessoas. Ao mesmo tempo,
foi feito um cotejo com o trânsito no Brasil, onde se constata que
inexiste respeito às regras de trânsito. Onde os carros têm vez, e
as pessoas não. Onde os congestionamentos de trânsito estressam
pedestres e motoristas.
MTV este presente pegando a opinião do público sobre mobilidade na Anita. |
Onde as medidas buscadas (trincheiras,
túneis,depredação da paisagem urbana, com a extração de árvores
e a fauna que delas se beneficia) são velhas,ineficientes e muito
caras (vide luta dos moradores da Anita - Blog Anita mais Verde,
Sul21, Va de bici, etc.). Mas permitem que irriguem muitos bolsos...
e, contra isso, mesmo que a Comunidade conteste, o poder municipal se
mostra irredutível. Até na esfera judicial viu-se que o motivo
alegado para o não deferimento de liminar que interrompe a obra da
CGomes com Anita seria o valor que a PMPA teria de pagar como multa à
empresa Sultepa! Ou seja, vale mais gastar 16 milhões numa obra que
nem começou do que atender ao apelo da Comunidade, que deverá pagar
por essa nefasta construção! Dar barretada com chapéu alheio é
fácil...
Reunião de amigos . |
A
PMPA perde muitas vezes: ao não ir ao encontro da vontade da
Comunidade, que TODOS OS DIAS transita ne esquina em tela; ao forçar
essa mesma Comunidade a pagar por uma 'obra de arte' que não aceita;
ao demonstrar insensibilidade ao concretizar uma 'obra da Copa',
ciente de que somente 5 jogos desse certame serão em POA - 2
realizados em domingo e todos em local que não utiliza como caminho
para chegar ao Estádio; ao demostrar contrariedade quando se vê
exemplos como o RJ, que interferiu no TRÂNSITO e não na cidade, por
ocasião do Rio+20; à ciência de que a Copa é um evento que dura
15 dias e a trincheira será construída e deixada para a cidade,
mesmo sabendo, à saciedade, que ela NÃO vai resolver a questão a
que se propõe; etc. É triste verificar que o Poder Judiciário se
omite frente ao poder constituído, que sua atuação, neste caso, é
descolada do posicionamento da Comunidade que vai sofrer as
consequências danosas de algo que não quer. Mas, fazer o quê?
Sabe-se que, para contestar ações dos poderes constituídos
têm de haver muito fôlego...
Assim
sendo, é uma pena que haja essa luta inglória contra uma ação
pela Comunidade não deseja, que a sua contrariedade não encontre
eco nos instrumentos sociais que deveriam atentar para sua proteção
e defesa. Mas, esse tipo de posicionamento não promoveria a
irrigação de vários bolsos. Essa obra, que foi lançada por 12
milhões de reais, já sofreu uma majoração de quase 50%, uma vez
que seu custo hoje é de 16 milhões de reais. Isso que ela nem
começou...Imaginem quanto sairá, após vários aditivos que todas
as obras públicas recebem...
É
lamentável constatar tudo isso, sem que haja como responsabilizar o
detentor de poder no caso dessa construção, que, já se sabe, não
vai atingir o objetivo alegado, e faça-o pagar seu custo. No
Brasil, infelizmente, a impunidade é a característica que melhor o
define.
Se
a PMPA e seus dirigentes tivessem assistido o filme que ontem vimos,e
da maneira como vimos (em silêncio, pacificamente, sem interromper o
trânsito) constataria a tristeza de todos ao ver que soluções
existem, que as mesmas podem ser implantadas sem gastar esses valores
alentados, que a rua Anita Garibaldi já viu como a proibição de
estacionamento nos dois lados deixa o trânsito fluir, que há
maneiras de priorizar as pessoas ao invés dos carros, que outras
cidades já fazem isso, etc. Só que o que moveu essas cidades foi um
objetivo diferente e norteiador da ação de seus mandatários em
relação ao poder municipal de Porto Alegre: a primazia dos
moradores, a economia de gastos (que não permitiria, por exemplo, a
irrigação de vários bolsos que não os dos moradores), as modernas
soluções que enfrentam a questão do trânsito de frente, a
contestação de sociedades mais atuantes, que demonstram sua
contrariedade e exigem alterações dos Prefeitos, Secretários, etc.
Realmente,
é uma tristeza constatar que não podemos ter as mesmas soluções
atuais as quais aderem os cidadãos, pois mostram lógica e não
invadem o bolso deles, que demonstram uma atuação séria,
comprometida e transparente da administração municipal - tudo o que
não se tem em Porto Alegre, infelizmente, lamentavelmente,
repita-se.
Cristina
S.
Moradora
Associação dos Moradores da Praça Japão
Imagens: Nessa AGAPAN
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