Os avanços práticos da teoria neoliberal como filosofia, tiveram uma culminância significativa ao se formalizar nos anos setenta do seculo passado, e devido a um poderoso grupo de magnatas, idéias para ações globais. Este grupo ficou conhecido como o Consenso de Washington. O que se pretendia com elas?
Sabe-se hoje que, entre tantas iniciativas propostas, uma delas era de orientar Grupos Econômicos, via Banco Mundial, para o desenvolvimento de cidades do Planeta, sob padrões fornecidos e utilizados pelo mercado imobiliário existente.
Estas iniciativas colocaram como fundamento, a posse e o domínio dos espaços urbanos, públicos e privados, para mercantiliza-los e gerar lucros imobiliários e financeiros, nos movimentos da economia.
Como se detectou posteriormente, as cidades estão hoje conceituadas como empresas e produzindo mercadorias , como qualquer objeto de consumo para venda.
O processo para conduzir esta viabilidade foi formatar Estratégias introduzidas na elaboração de Planos Diretores, com um número de itens bastante figurativos , que se utilizou para despiste com uma diluição técnica, e flexibilizar a implantação de grandes empreendimentos, possíveis para se alterar a legislação em vigor. Assegurava-se assim, e se assegura hoje, a viabilidade econômica dos mesmos, sem entraves na substância.
Isto posto, os Planejamentos Urbanos se tornaram reféns de interesses estranhos aos nossos hábitos e às nossas prioridades, como é o exemplo de Porto Alegre.
Foi um autêntico ataque de guerrilha que não se enxergou e com o pomposo nome de “desenvolvimento econômico” e minando interesses sociais dos lugares diversificados, as áreas de interesse cultural, a morfologia espacial, os espaços consolidados, a mobilidade urbana, assim como outras ocorrências.
Eis porque adotamos a convicção que se vive hoje sob a mira de uma nova forma de terrorismo – de mercado – sem lei efetiva e sem controle, em que o Estado tornou-se um condutor de um novo protagonismo.
Seu efeito mais latente resulta no estímulo à corrupção que é silenciosa, escondida, enganadora e permanente. Nada a detem diante dos Poderes constituídos e da sociedade como um todo, que é cativa, inexpressiva no geral, e fortemente bloqueada por informações pela grande mídia, esta comprometida com o Poder Econômico atuante do que aqui de considera.
A tão badalada sustentabilidade é mais divulgada na idéia de proteção dos negócios econômicos, em detrimento do equilíbrio da economia frente ao social e ao ambiental, conforme reza o Relatório Brudland, da Onu.
A arquiteta, urbanista e acadêmica da USP, Raquel Rolnik, é relatora da ONU, nas questões que dizem respeito ao âmbito da moradia ou da habitação básica para as populações sem assistencia, e com sua notável percepção nas inter relações sociais produzidas pelo sistema capitalista, vem denunciando o absurdo como uma entidade multinacional de futebol (FIFA) se engaja em exigências e sustentação de megaeventos, como instrumento de marketing, nos países sedes de campeonatos mundiais de futebol. Uma enorme quantidade de recursos estão disponíveis , sem questionamentos. Donde se conclui que as cidades sede dos jogos estão sob controle externo com uma liberalidade de “deixar fazer” como foi definido pelo urbanista Carlos Vainer e citado pela doutora Raquel, como um “Estado de Exceção”.
Em uma entrevista para a revista “Caros Amigos”, Raquel Rolnik diz, com muita propriedade, anunciando aqui uma contrapartida, de que, “se não houver um movimento social forte que obrigue o governo a exigir uma pauta de um legado, ele não vai acontecer porque a força é o pior do pior.”Raquel, simpática como é, faz uma advertência firme e sem rodeios. Sem dúvida ela encantou os gaúchos com sua palestra na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, no último dia 18 de agosto.
Para finalizar, ouvi de um amigo, que fez a seguinte observação: “Como as coisas estão indo no Planeta, tenho a esperança de encontrar pessoas do bem e solidárias em Andrômeda, porque do jeito que vai, os terráqueos não terão vez mais em nosso belo Planeta”
Nestor Ibrahim Nadruz
Arquiteto e Urbanista
Imagem: mapa de porto alegre
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