30 dezembro 2008

Muito além da paixão pelo Futebol


Dirigentes do Grêmio, Inter e o secretário da Copa 2014, José Fortunati
Foto: Elson Sempé Pedroso - Sessão Ordinária - 29/12/2008

A Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou no dia 29 de dezembro a flexibilização da legislação e a privatização de áreas públicas de Porto Alegre para que os Clubes de Futebol Grêmio e Inter possam executar os seus projetos de sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014.


Os projetos Arena do Grêmio e Gigante para Sempre aprovados pela Câmara estão desrespeitando o Plano de Desenvolvimento Urbano e Ambiental – PDDUA ao alterarem os índices construtivos.


Não foram realizados estudos de mobilidade urbana nas áreas dos projetos que hoje já estão estranguladas.


Toda a faixa da Orla é Área de Preservação Permanente, portanto não é possível a construções de hotéis, centro de convenções, edifício garagem para cinco mil (!) veículos e marina, com prevêem os projetos.


Não somos contra a realização dos jogos da Copa do Mundo em Porto Alegre. Consideramos que os empreendimentos devem ser realizados respeitando as leis, bem como as gerações presentes e futuras. Os jogos realizados durante apenas um mês, mas os impactos sociais e ambientais ficarão para sempre em nossa cidade.


A votação na tarde de ontem foi além da paixão pelo futebol. Por trás está em jogo a flexibilização da legislação e a privatização de áreas públicas.


Edi Fonseca, presidente da Agapan/RS






28 dezembro 2008

Projetos da dupla Gre-Nal serão votados segunda-feira

"Campanha da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre:
Aqui tem qualidade de vida: O verde não sai de moda..." Será?


Os vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre voltam a se reunir na próxima segunda-feira (29/12). Às 10h, preparam a posse dos novos vereadores e da nova Mesa Diretora, que ocorre no dia 1º de janeiro. Às 11h, os líderes partidários definem detalhes da nova Mesa Diretora.

À tarde, às 14h, acontece a sessão ordinária para votação dos projetos de lei que envolvem o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e o Sport Club Internacional.

Veja aqui a íntegra dos projetos:

6187/08 - Área dos Eucaliptos :
www2.camarapoa.rs.gov.br/default.php?reg=7616&p_secao=56&di=2008-11-17

6188/08 - Complexo Beira-Rio:
www2.camarapoa.rs.gov.br/default.php?reg=7616&p_secao=56&di=2008-11-17

6189/08 - Arena Tricolor:
/www2.camarapoa.rs.gov.br/default.php?reg=7617&p_secao=56&di=2008-11-17


Vítor Bley de Moraes (Reg. Prof. 5495)
Fonte: site da Câmara de Vereadores de Porto Alegre

Foto: Vinni/ 12/ nov/2008 "Campanha da SMAM"

20 dezembro 2008

Mensagem de Ano Novo:


Desejamos que em 2009, os nossos políticos tenham
mais sensibilidade e responsabilidade sócio-ambiental!!!

Um fraterno e ecológico abraço a todos.
AGAPAN

17 dezembro 2008

AGAPAN solicita ao prefeito que priorize estudos de planejamento para todos os 72 kms de Orla do Guaíba

Porto Alegre, 11 de dezembro de 2008.

Excelentíssimo Prefeito:

A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, AGAPAN, juntando suavoz a um clamor de indignação popular contra o Projeto de Lei Complementar 006/2008,aprovado pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre a 12 de novembro do corrente ano,após o seu encaminhamento indevido e perverso em regime de urgência, tem a honra de sedirigir a Vossa Excelência para manifestar seu total apoio ao VETO do referido projeto.

Respaldamos este apoio em nome da AGAPAN e do consenso de mais de 10.000 (dez mil) eleitores porto-alegrenses politizados, responsáveis e participativos que, até o presente,estão subscrevendo e se manifestando nos abaixo-assinados eletrônico e convencional da AGAPAN. Contamos também com a adesão de lideranças e nomes significativos e representativos de meios profissionais, jornalísticos, artísticos e intelectuais de PortoAlegre, de outras cidades gaúchas, de fora do nosso Estado e do País.

Justificamos a presente manifestação de apoio como expressão consensual dos sentimentos de repúdio, indignação e de indigência política, diante do encaminhamento absolutamente totalitário, obscurantista e vil, ilegítimo e ilegal, contra a cidade e contra acidadania, dado ao referido projeto pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre. É um escândalo o legislativo municipal ter aprovado um projeto com repercussões definitivas para o patrimônio paisagístico de Porto Alegre, ignorando completamente o arcabouço legal existente (Constituição Federal, Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, CódigoEstadual do Meio Ambiente, Código Florestal, Leis Orgânicas Municipais, Plano Diretorde Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre, o Estatuto das Cidades, etc.),como se o regime de urgência facultasse ao legislativo municipal ficar acima da Lei e da ordem democrática. No entanto consideramos que submeter apenas o Projeto de Lei Complementar 006/2008 a um referendo popular é um encaminhamento político problemático que legitima e dá continuidade ao processo perverso de descaracterização progressiva do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbanos e Ambiental que a Câmara deVereadores de Porto Alegre vem efetivando sistematicamente ao longo dos últimos vinteanos.

Portanto, achamos indispensável partilhar com Vossa Excelência algumas considerações que fundamentam nosso apoio ao seu VETO e contextualizam de maneira mais ampla nossas preocupações com o referendo popular e com a indigência política dosencaminhamentos que as composições majoritárias da Câmara de Vereadores têm dado àgestão de nossa cidade.

Os antecedentes que tem pautado a atuação do legislativomunicipal nos fazem temer pela destinação futura, não apenas do trecho da Orlacompreendido entre a Usina do Gasômetro, Beira Rio, Pontal do Melo, etc., mas ao longodos seus 72 quilômetros de extensão no município de Porto Alegre.Sabemos que a Orla do Guaíba entre a Usina do Gasômetro e o Beira-Rio,patrimônio paisagístico e locacional mais valioso de Porto Alegre, é a menina dos olhos daespeculação imobiliária.

Também sabemos da existência de projetos arquitetônicosmilionários apostando na inclusão de novos regimes urbanísticos para apropriação privadadeste patrimônio público de valor incomensurável para a paisagem, a ecologia urbana euma verdadeira qualidade de vida da presente e das futuras gerações de Porto Alegre. Masalém desta parte da Orla, temos a maior parte da zona sul, caracterizada pela ausência deedifícios e sendo, potencialmente, um mercado futuro a ser explorado pela especulaçãoimobiliária. Neste contexto preocupa-nos o histórico de atuação da Câmara de Vereadoresde Porto Alegre nos últimos vinte anos, efetivando um uso perverso da sua soberania afavor dos interesses da especulação imobiliária.O maior exemplo desta perversidade foi a aprovação, em regime de urgência, do PROJETO PRAIA DO GUAÍBA pela Câmara de Vereadores a 18 de agosto de 1988,desgravando a Orla desde as imediações da Usina do Gasômetro até as imediações doEstádio do Internacional.

O PPG, encaminhado com diversas irregularidades administrativas e legais, foi aprovado à revelia de 64 entidades da sociedade civilorganizada que debateram o projeto durante dois anos.

Outro exemplo gritante de atrelamento aos interesses da especulação imobiliária foio encaminhamento dado pelo legislativo municipal ao Projeto de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Porto Alegre, de autoria do então vereador e ecologista Caio Lustosa, ex-vice-presidente da AGAPAN. Este projeto ocupou o gabinete do vereador durante dois anos e foi considerando uma obra-prima na história do legislativo municipal. Arrolava 101 itens para preservação, entre prédios, praças, árvores e áreas deimportância arquitetônica, cultural e natural em Porto Alegre. Mas a preservação dos itens arrolados imporia alguns limites intoleráveis para a construção civil e os interesses daespeculação imobiliária. Conseqüentemente os vereadores vetaram 80 itens e aprovarampor unanimidade os restantes 21 (11/12/1987).

O prefeito municipal a 18/01/1988 não teve estes pruridos e vetou na íntegra o que restou do projeto mutilado. Graças a estes dois feitos, os vereadores e o prefeito municipal de então receberam o PRÊMIO ÁTILA, concedido anualmente pelo Instituto Argentino de Investigaciones de História de la Arquictetura Nacional y Americana “aos que maiores danos causam aopatrimônio natural e arquitetônico dos americanos.” (Revista DANA – Documento deArquitectura Nacional y Americana, número 26, outubro de 1988). Na mesma época oecologista José Lutzenberger, fundador e presidente de honra da AGAPAN, recebeu naSuécia o Prêmio Nobel Alternativo, o Right Livelihood Award. Os prêmios Átila e NobelAlternativo colocaram Porto Alegre na condição paradoxal de ter o que existe de melhor ede pior do mundo em ecologia. (Vide anexo 1)

A pergunta que se impõe é: se o PROJETO PRAIA DO GUAÍBA foi aprovado,quais as razões para a Orla não ter sido “revitalizada” pela arquitetura comercial de gostoduvidoso, proposta há vinte anos atrás pelo mesmo arquiteto do Pontal do Estaleiro ? Aresposta é que o fim da ditadura militar com o ciclo da Constituição Federal, daConstituição Estadual e das Leis Orgânicas Municipais tornou sem validade o PPG.

Em 1990 a Constituinte Municipal mobilizou a sociedade civil para a elaboração das LeisOrgânicas Municipais. A participação da sociedade civil, traumatizada pela então recenteaprovação do PROJETO PRAIA DO GUAÍBA à revelia de todos, assegurou avanços substanciais na legislação municipal.

O papel propositivo da Câmara de Vereadores de Porto Alegre na criação das leis municipais foi mínimo, primando por acomodar e reduziro alcance da legislação que a sociedade civil encaminhou em função dos interessesimobiliários e da construção civil. Não tendo conseguido sucesso total, desde então, olegislativo municipal tem pautado a sua atuação pela descaracterização progressiva eparcial do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre,promovendo o retrocesso das conquistas legais obtidas pelas forças vivas da coletividadena Constituinte Municipal de 1990. A avaliação deste retrocesso faz com que, para algunsespecialistas, atualmente o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de desenvolvimento urbano e ambiental só tenha o nome. As mudanças legislativas puntuais que o PDDUA vem sofrendo fizeram com que ele perdesse quase que completamente o seu caráter de instrumento técnico-normativo, fundamentado no saber científico.

Hoje os interesses da construção civil e da especulação imobiliária dominam completamente até oGrupo Gestor do PDDUA. Neste colegiado atualmente nem ao menos uma instituiçãotradicional como o Instituto dos Arquitetos do Brasil, secção do Rio Grande do Sul, oIAB/RS, tem assento. Naquele ambiente os representantes da sociedade civilfrequentemente são tratados como intrusos, tendo seus questionamentos recebidos comhostilidade e descaso. Neste contexto histórico de assédio progressivo e crescente daespeculação imobiliária, a aprovação da lei complementar 006/2008 pela Câmara de dia 12 de novembro último, é apenas mais uma decisão que dá continuidadeà política de retrocesso do PDDUA e de perda da sua função disciplinadora e normativa nagestão pública da cidade.

Esta é também uma das razões para considerarmos problemáticaa realização de um referendo popular, legitimando a política perversa através da qual olegislativo municipal vem preparando paulatinamente a copacabanização da Orla à reveliadas lideranças da sociedade civil.Na atual conjuntura consideramos que, diante da ausência histórica de propostasdos executivos municipais, o equacionamento político, técnico e urbanístico da gestão daOrla do Guaíba tem sido determinado pelos encaminhamentos ilegítimos e perversos dadospor um legislativo municipal submetido aos interesses da especulação imobiliária. Décadasde abandono da Orla pelas sucessivas administrações municipais são uma politica deomissão a serviço destes interesses.

Somos favoráveis à revitalização da Orla através deintervenções qualificadas e competentes do executivo municipal, em princípioincompatíveis com os interesses da especulação imobiliária na privatização daquele espaçopúblico. Jaime Lerner afirmou recentemente na nossa cidade que, se entregassem a ele a Orla do Guaíba, ele faria de Porto Alegre a cidade mais turística da América do Sul. No entanto caso continue a atual conjunção política de um legislativo perversamente ativo, deum executivo omisso, somados a um judiciário conivente com o status quo, podemosesperar por encaminhamentos políticos que destruição as potencialidades excepcionais quea Orla do Guaíba oferece e que a coletividade porto-alegrense merece.

O fato é que há um gritante descompasso histórico entre o nível de conscientizaçãoecológica e a cultura política institucional da nossa cidade. Porto Alegre não merece aCâmara de Vereadores que tem. Não podemos aceitar a destruição irreversível dopatrimônio urbano, ambiental e paisagístico atualmente em curso, realizada através dodescumprimento da legislação existente, do abuso do regime de urgência e da anulação dosmecanismos institucionais democráticos que promovem transparência e racionalidade aofuncionamento do poder legislativo. A gestão e a destinação da parte central e dos 72quilômetros da Orla do Guaíba, ou seja, de toda a Orla, deve ser priorizada pela administração municipal como objeto permanente de estudo, planejamento, atenção ecuidado. É indispensável um processo constante e amplo de deliberação e discussãoenvolvendo as forças vivas da sociedade porto-alegrense e o corpo técnico da Prefeitura,integrando a vocação ecológica da Orla, as aspirações populares e o que existe de maisavançado no mundo em termos de concepções urbanísticas e de gestão urbana. Isto é o mínimo que se pode exigir e esperar em termos de políticas públicas de uma cidadecivilizada com o nível cultural de Porto Alegre.

Nós, ecologistas da AGAPAN, nos orgulhamos da nossa contribuição para amodernidade política da nossa cidade. Se hoje Porto Alegre é conhecida no mundo inteiropelo seu pioneirismo ecológico, tendo sediado quatro vezes o FÓRUM SOCIAL MUNDIAL, esta condição deve-se a diversos fatores, entre os quais destacam-se aantiguidade e a ressonância da questão ambiental na coletividade porto-alegrense.

Nós, ecologistas, somos radicalmente democratas. Consideramos que semdemocracia não há ecologia. Mas não existe democracia sem a autonomia dos três poderes.A Orla do Guaíba é uma oportunidade desafiante para a administração de VossaExcelência deixar para sempre um marco glorioso no destino e na história de Porto Alegre.A autonomia do poder executivo municipal tem condições para compensar a indigênciapolítica de um poder legislativo que tem atuado de maneira retrógrada, perversa,autoritária e sem legitimidade. O lema “PENSAR GLOBALMENTE E AGIRLOCALMENTE” sintetiza o paradigma político do movimento ecológico como e enquantomatriz de um novo projeto de civilização.

O pioneirismo de Porto Alegre na formação domovimento ecológico, fato que levou nossa cidade a ser considerada a “Capital da Ecologia”, criou no nosso imaginário local uma identidade cultural que hoje constitui aconcepção e as aspirações políticas da nossa coletividade. A gestão da Orla do Guaíba como o patrimônio público mais valioso da nossa cidade faz parte da paisagem espiritual constitutiva da nossa identidade política. As decisões éticas, políticas e científicas queexpressem uma visão de modernidade e de autonomia do executivo na gestão ecológica daOrla terão uma profunda ressonância democrática não apenas na cidadania porto-alegrense mas de todo o mundo. As iniciativas de Vossa Excelência que se contraponhamao anacronismo e à indigência política em que atualmente o legislativo municipal noscoloca serão dignificadas por uma legitimidade, uma beleza e uma racionalidadeexemplares. Pois a atual indigência política que nos afeta localmente tem uma dimensãoglobal. A crise ecológica afeta a toda a civilização. Nesta época de globalização, muito maisdo que há vinte anos atrás, quando recebemos o PRÊMIO ÁTILA, Porto Alegre é umareferência ecológica e uma esperança política aos olhos de todo o mundo.

O perfil peculiar da sua personalidade foi decisivo para Porto Alegre elegê-lo e r elegê-lo Prefeito Municipal. Vossa Excelência integra a capacidade política de homempúblico, a capacidade intelectual de professor e a sensibilidade de um artista que tematizou nossa cidade na sua obra poético-musical. O papel deste último aspecto não tem sido suficientemente dimensionado na sua carreira política. Diante destas qualificações, VossaExcelência tem um perfil excepcional para, já no início do seu novo governo, priorizar aOrla do Guaíba como uma plataforma política destinada a marcar época, consolidando para sempre a fisionomia paisagística e a vocação de modernidade ecológica da nossa identidade cultural. Sabemos que esta é a tarefa não apenas obra de um político, mas de um estadista. Entretanto asseguramos que Vossa Excelência não estará sozinho neste desafio: a coletividade porto-alegrense, gaúcha, brasileira e todos os cidadãos do mundo estarão ao seu lado nesta caminhada. Arnaldo Jabor escreveu recentemente que, se alguma coisa de novo acontecer na política brasileira, certamente virá de Porto Alegre. A Orla do Guaíba, a ecologia política de Porto Alegre e a consagração representada por um novo mandato na Prefeitura Municipal de Porto Alegre se configuram como uma conjunção fatores promissores.
A atuação conjunta destes fatores possibilita Vossa Excelência a desempenhar um papel decisivo na criação desta novidade que é a democracia entre nós e a superação da nossa atual indigência política.Portanto, para finalizar, reiteramos nosso apoio ao VETO, nossas preocupações e restrições em relação ao referendo popular e nossa confiança que Vossa Excelência saberál evar em conta a visão da AGAPAN para um encaminhamento político da Orla do Guaíba à altura do que Porto Alegre está a merecer.

Atenciosamente,

Edi Xavier Fonseca
Presidenta


16 dezembro 2008

Conselheiros da Agapan são homenageados no lançamento do MoGDeMA, em Porto Alegre


Os conselheiros da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Flávio Lewgoy e Sebastião Pinheiro e os ex- dirigentes Caio Lustosa (vice-presidente) e Augusto César Carneiro (fundador e tesoureiro), foram homenageados ontem, segunda-feira (15/12), durante o lançamento do Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente, realizado no Plenarinho da Assembléia Legislativa. O MoGDeMA é uma articulação para envolver toda a sociedade, reunindo cidadãos, sindicatos, movimentos sociais da cidade e do campo, ONGs, religiosos e professores preocupados com o meio ambiente. Para a presidente da Agapan, Edi Fonseca, a homenagem é um reconhecimento da importância da atuação da entidade nas lutas que envolvem políticas públicas sócio-ambientais. Os homenageados são refências na luta da defesa dos direitos do ecocidadãos.



O Movimento se reúne há alguns meses com atividades periódicas, reuniões semanais e eventos públicos, com destaque para a Audiência Pública sobre a Redução de Faixa de Fronteira e os Seminários de Descentralização, que ocorrem freqüentemente em municípios do interior do Estado. O objetivo é definir ações conjuntas que fortaleçam as políticas públicas em defesa da natureza, promovendo o debate e a luta sócio-ambiental.


Após a homenagem aos pioneiros na luta ambientalista aqui no RS, como Caio Lustosa, Augusto César Carneiro, Giselda Castro, Hilda Zimmermann, Irmão Cecchin, Flávio Lewgoy e Sebastião Pinheiro, foi lida a Carta de Princípios. Participou da cerimônia o ex-senador pelo Acre, Sibá Machado.


No final da manhã, Victor Bacchetta, jornalista e editor uruguaio, especialista em meio ambiente, ciência e desenvolvimento, que recentemente lançou o livro "La Fraude de La Celulosa", abordou sobre a conjuntura geopolítica do Cone Sul, referindo-se à cadeia produtiva da celulose.


O professor Antônio Libório Philomena, doutor em Ecologia pela University of Geórgia e professor titular do Departamento de Ciências Morfo-Biológicas da Furg na área de Ecologia, analisou o contexto ambiental mundial e brasileiro, com a palestra Contexto Ambiental no limite e o futuro da humanidade. Ao final do dia, Bacchetta palestrou sobre O Modelo Florestal da Celulose e seus Impactos sobre o Bioma Pampa, no Auditório do Semapi

Informações: Assessoria de Impresa da Agapan
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues





Fotos: SEMAPI

13 dezembro 2008

Movimento Defenda a Orla protocola carta ao prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, solicitando que ele respeite às leis da cidade

Leia a íntegra da carta.

Excelentíssimo Senhor

Prefeito José Fogaça
NESTA CAPITAL

Ref.: Em defesa da normalidade jurídica no planejamento de Porto Alegre


Nós, participantes do Movimento em Defesa da Orla do Rio Guaíba, em
Porto Alegre, que travamos uma luta contra o projeto construtivo irregular da Ponta do Melo, chamado Pontal do Estaleiro, e sabedores de que outras obras de caráter polêmico e igualmente atentatórias à preservação do meio ambiente e à normalidade jurídica estão sendo propostas pelas instâncias públicas, vimos a sua presença, fazer algumas ponderações.

Em relação às demais obras previstas ao longo da orla de nosso rio, com
destaque para aquelas relativas aos estádios dos clubes Sport Club Internacional e Grêmio Futebol Porto Alegrense, só podemos enfatizar que elas propõem problemas já assinalados antes, no caso do Pontal, relativos à proteção contra as cheias, as marinas que avançam muito próximas aos canais de navegação, e, principalmente, o desrespeito com relação às áreas de preservação permanente.

Essas áreas são perfeitamente caracterizadas pela Lei 4771/1965, linha
mestra de toda a política ambiental do País. Essa Lei, em seu artigo Segundo, prevê que, ao longo dos cursos de água com mais de 600 metros de largura, a área de preservação permanente – APP – deva ser de 500 metros.

O parágrafo Único do Artigo Segundo da mesma Lei reza como segue: “No
caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observa-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)”.

Por outro lado, a Resolução Conama Nº. 303, de 20 de março de 2002, que dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente veio confirmar o estabelecido pela Lei 4771/65 citada anteriormente.

Pouco mais tarde, em 2004, o Congresso Nacional aprovou pela Lei 10.931
de 02 de agosto de 2004, no artigo 64, uma alteração a Lei 4771/65, ou seja, a exclusão das áreas urbanas da aplicação desta Lei, porém este artigo foi vetado conforme esclarecimento seguinte: "O art. 225 da Constituição da República impõe ao poder público o dever de defender o meio ambiente, aí incluído o dever de ‘definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos’ (§ 1o inciso III).
Também impõe especial proteção da Floresta Amazônica brasileira, da Mata Atlântica, da Serra do Mar, do Pantanal Mato-Grossense e da Zona Costeira (§ 4o do mesmo artigo)”.

Os contornos exatos dessa proteção são aqueles constantes da lei ordinária,
sendo constitucionalmente admissível alterar tal proteção de modo a torná-la mais ou menos rígida. No entanto, não é constitucionalmente admissível a simples supressão da norma de proteção ambiental, constante da Lei no 4.771, de 1965 – Código Florestal, em especial, referente às
áreas urbanas já existentes e também às áreas de futura expansão urbana.

Com efeito, o art. 64 do projeto de lei sob análise, estabelecia que qualquer
construção de imóvel em qualquer área que não seja totalmente afastada de zona urbana não se sujeita à Lei no 4.771, de 1965, fazendo às vezes de norma geral, aplicável a todas as pessoas, órgãos e instituições.

Considerando que a Lei no 4.771, de 1965 é um dos pilares da política ambiental do País, sendo, pois, um dos mais importantes instrumentos de gestão ambiental, ter-se-ia o afastamento de todas as condicionantes ambientais, relativas às construções, e por tal razão, a alteração foi vetada pela presidência da República.

Portanto a Lei 4771/1965 está em plena vigência, embora pareça ser
ignorada pelas instâncias públicas de nosso município.

Lei Orgânica de Porto Alegre

Chamamos oportunamente a atenção de V. Exª. para a circunstância de que
o STF tem determinado em decisões recentes que as obras dentro das faixas de proteção permanente sejam desmanchadas. Caso a Prefeitura autorize a construção de edificações em condições de ilegalidade, certamente terá que arcar com os ônus de custosas indenizações.

Achamos interessante citar alguns pontos dessa Lei, desde seu preâmbulo,
como segue: “O povo do Município de Porto Alegre, por seus representantes, reunidos em Câmara Constituinte, com os poderes outorgados pelas Constituições da República Federativa do Brasil e do Estado do Rio Grande do Sul, e o pensamento voltado para a construção de uma sociedade soberana, livre, igualitária e democrática, fundada nos princípios da justiça, do pleno exercício da cidadania, da ética, da moral e do trabalho, promulga, sob a invocação de Deus, esta LEI ORGÂNICA”.

Nessa Lei, destacamos alguns artigos que podem ser considerados diretrizes
básicas no que se refere à ocupação do solo urbano, aos direitos dos cidadãos e às obrigações do Poder Público.

Entre eles, citamos:
Art. 126 – Os interesses da iniciativa privada não podem sobrepor-se aos da coletividade.
Art. 147 – O Município deve promover, nos termos das Constituições Federal e Estadual, e da
Lei Orgânica, o direito à cidadania, à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, ao usufruto dos bens culturais, à segurança, à previdência social, à proteção da maternidade e da infância, à assistência aos desamparados, ao transporte, à habitação e ao meio ambiente equilibrado.
Art. 158 – O Município promoverá, em conjunto com a União e o Estado:
I – condições dignas de trabalho, saneamento, moradia, alimentação, educação, transporte e lazer;
II – respeito ao meio ambiente e controle da poluição ambiental;
Art. 241 – Os morros e matas existentes no âmbito do Município são patrimônio da cidade.
Art. 245 – Consideram-se de preservação permanente:
I – as nascentes e as faixas marginais de proteção de águas superficiais;
II – a cobertura vegetal que contribua para a resistência das encostas à erosão e a deslizamentos;
III – as áreas que abrigam exemplares raros, ameaçados de extinção ou insuficientemente conhecidos, da flora e da fauna, bem como aquelas que servem de local de pouso, abrigo ou reprodução de espécies migratórias;
IV – as áreas assim declaradas por lei;
V – margens do rio Guaíba;
VI – as ilhas do Delta do Jacuí pertencentes ao Município.
Parágrafo único – Nas áreas de preservação permanente não serão permitidas atividades que, de qualquer forma, contribuam para descaracterizar ou prejudicar seus atributos e funções essenciais.
Art. 246 – É vedado ao Município, a qualquer título, autorizar o funcionamento ou licenciar a instalação de indústrias ou atividades que poluam o rio Guaíba ou seus afluentes.

Os projetos denominados Gigante para Sempre, por exemplo, e Arena do
Grêmio, têm seu efeito impactante acrescido pelo fato de situar-se em Áreas de Preservação Permanente, que teriam seu regime alterado para adequar-se ao mesmo. Igualmente se passa com o projeto substituto do Estádio Olímpico, no bairro Azenha, indutor de um novo tipo de ocupação, que forçosamente impactará sobre o próprio bairro e seus moradores.

Outros projetos igualmente impactantes, previstos para o bairro Centro,
serão avaliados quando forem disponíveis dados mais precisos sobre o mesmo. Enfatizamos sempre, porém, que uma cidade não se define pela magnificência ou volume de suas construções, mas por seu caráter de comunidade humana solidária e detentora do poder de decidir de seu destino.
Hoje, a destruição ambiental em Porto Alegre, com abate da mata nativa, demolição de bairros inteiros, miscigenações construtivas inaceitáveis, retalhação de parques e praças, dá-se num ritmo alarmante, sem que algum poder público a coíba e discipline.

Porto Alegre, 11 de dezembro de 2008

Fórum Municipal de Entidades
O protocolo foi registrado sob número 20.883

04 dezembro 2008

Ecologia de pai para filha



A nossa atuação como indivíduos está relacionada, entre outros fatores, com nossa historia familiar. Meu pai, Sigefrido Bettiol, advogado e professor de geografia, história, português e latim, incentivou em mim e meus irmãos o cuidado e respeito que devemos ter com a natureza.

Desde nossa infância ele nos chamava atenção, nas longas caminhadas e piqueniques, para a beleza das pedras, das conchas, dos fósseis e das flores silvestres. À noite, nos ensinava o nome dos astros e das constelações, e de como eles mudavam de posição conforme a época do ano.
Fazia-nos entender que o homem faz parte de um complexo e sofisticado sistema biológico, e que nossa obrigação é preservá-lo para que o equilíbrio seja mantido.

Augusto Carneiro, da Agapan, que foi aluno de meu pai, me disse que a maneira como ele ensinava geografia já englobava princípios que anos mais tarde seriam a base da ecologia.

A referida formação me estimulou anos depois, como artista, a dedicar uma parte de minha obra à temática ecológica. A primeira obra multimídia que criei, foi em 1979 no MARGS, intitulada "Verde que te quero verde", constituída por uma instalação, que na época se chamava ambiente, Sobreviveremos?, que contava com uma série de desenhos e textos relacionados à ecologia, e também música.

Associei-me a Agapan em 1983 e à Associação Democrática Feminina Gaúcha no mesmo período, hoje Núcleo Amigos da Terra.

Um dos mais recentes eventos coletivos que participei foi Essa PoA é boa, e meu grupo "R_ECOnstruindo a vida", realizou uma série de atividades cujo fio condutor foi o ambientalismo. Entre estas atividades houveram uma série de diálogos ambientais com a participação da Kathia Vasconcellos do NAT e Tânia Pires do Greenpeace, para alunos de escolas, principalmente dos bairros Navegantes e Humaitá.

Como artista e cidadã, sempre me posicionei na defesa de bens culturais de nossa cidade, como a manutenção de prédios da Usina do Gasômetro e do Mercado Público e no tombamento do Largo Glênio Peres. Mais recentemente atuo na área sócio-cultural, voluntariamente, na Associação Cristal Florido que trabalha com arte e educação como meio de inclusão social para crianças e adolescentes.

O que tem me feito refletir recentemente é o espaço e o tempo que a mídia, os governos e a área financeira tem gastado divulgando a crise econômica que começou nos Estados Unidos. Ficou bem claro que um pequeno desequilíbrio financeiro comprometeu os seres humanos em escala planetária.O que não dá para entender é, como a depredação do ambiente natural (terrestre, marítima e atmosférica) praticada desenfreada e ilimitadamente pelos seres humanos não é tratado prioritariamente em nosso planeta, sendo que muitos problemas ambientais são irreversíveis.

O desequilíbrio climático é uma realidade com graves conseqüências, como as inundações atuais que deixaram o estado de Santa Catarina em situação calamitosa. Mais ou menos no mesmo período, na Argentina, região de Las Lomitas, fez 48 graus.Ainda é nítida a lembrança do furacão em Torres no ano de 2004, que provocou enormes estragos.

Penso que é dever de todos evitar que Porto Alegre fique uma cidade sem sabedoria como São Paulo, na qual a qualidade de vida é muito baixa.

Não podemos nos envolver na solução de todos os problemas ambientais, mas alguns estão muito próximos e nos dizem diretamente respeito com a orla do Guaíba.Sua preservação é dever de todos nós. Portanto sugerimos que se crie urgentemente uma equipe interdisciplinar formada por membros da SMAM, por ambientalistas, biólogos urbanistas, geógrafos, sociólogos, geólogos e artistas plásticos para elaborar um projeto que respeite a natureza e a beleza da orla, e que seja um local de fruição para toda população.

Poderia se projetar, se fosse oportuno, o Museu do Rio Guaíba. O ideal seria que o projeto incluísse a orla das lagoas dos Patos e Mirim, em um segundo momento. Naturalmente que estes projetos demorariam muito tempo e deveriam ser mantidos independente das mudanças de governo municipal e estadual. Se realizássemos o projeto harmonizando a beleza e o bem estar da população, estaríamos projetando Porto Alegre nacional e internacionalmente, com soluções ecológicas adequadas ao nosso contexto. Para finalizar, podemos lembrar que Porto Alegre começou a ser conhecida internacionalmente pelo Orçamento Participativo, pelo Fórum Social Mundial, pelo Porto Alegre em cena e mais recentemente pela Bienal do MERCOSUL.

Zoravia Bettiol.
Artista Plástica
Associada à AGAPAN
Texto lido hoje na Tribuna da Câmara de Vereadores de Porto Alegre

A AGAPAN se ocupa com:




o AR que respiramos

a ÁGUA que bebemos

o SOLO em que plantamos

o ALIMENTO que comemos

o SOM que ouvimos

a PAISAGEM que vemos

o VERDE que temos

os RIOS onde brincamos

os MARES que usufruímos

o CLIMA que influímos

as LEIS que respeitamos

os BICHOS que amamos

a HUMANIDADE que somos

a TERRA onde vivemos

a PAZ que buscamos

a VIDA que levamos

os VENENOS que não queremos
.........................................................
.........................................................

os NETOS que teremos


Miriam Angela Low
Conselheira da AGAPAN
Dezembro/2001

Foto: Rafael Crovador/ Curitiba

01 dezembro 2008

Charge: Vereador da Bancada do Concreto

Charge: Bico-de-pena e computador.
Eugênio Neves

MANIFESTAÇÃO DE HIQUE GOMES NO DIA DO GUAÍBA

Pelo VETO do prefeito José Fogaça ao projeto Pontal do Estaleiro, reforço minha solidariedade ao Movimento Defenda a Orla e a todas as entidades que o integram!

Se for sancionado pelo prefeito, o projeto abrirá um precedente que permitirá a privatização da Orla.

A isso, sou contrário!
Me integro ao Movimento Defenda a Orla, que clama por espaços públicos, que garantam o acesso de toda a população!

Não podemos permitir que a Orla seja privatizada! Que nos tirem o pôr-do-sol!

A Orla do Guaíba é um espaço público, destinado ao lazer, à gastronomia, ao esporte e ao turismo!

Na área conhecida como Pontal do Estaleiro Só devem ser construídos restaurantes, museus, ciclovia e todos os equipamentos de esporte e lazer, necessários para que as pessoas possam usufruir da nossa Orla do Guaíba de forma livre!

Para que todos vocês se integrem a esse Movimento de Defesa da Orla, indico o abaixo-assinado eletrônico, lançado pela AGAPAN, entidade prioneira no movimento ecológico, e que nos orgulha de ser Gaúcha, de ser sediada em Porto Alegre.

O abaixo-assinado pode ser acessado através do
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1571.


Lembramos que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre encaminhou o projeto ao prefeito José Fogaça na tarde de sexta-feira passada. Agora ele tem 15 dias para sancionar ou vetar a proposta.

Se sancioná-la, a lei entra em vigor após publicação no Diário Oficial de Porto Alegre. Se o prefeito vetar a matéria, o projeto volta ao Legislativo, que decidirá se mantém ou derruba o veto. Na hipótese de os vereadores concordarem com o veto, o projeto será arquivado. No entanto, se a Câmara decidir derrubar o veto, a proposta vira lei após ser promulgada pelo presidente da Casa.

Por isso, vamos todos nos manifestar e dizer SIM AO VETO do projeto Pontal do Estaleiro!!

Conto com vocês!!

Hique Gomes
Músico
Fotos: Edi Fonseca/ AGAPAN