16 maio 2012

Camara se prepara para a votação do projeto que declara áreas de túneis verdes


                                       Representantes da Agapan fizeram seus relatos na Câmara.

O projeto de lei de autoria do vereador Beto Moesch (PP), que declara os túneis verdes de áreas de uso especial, foi tema de audiência pública na noite de terça-feira (15/5) na Câmara Municipal de Porto Alegre. De acordo com o projeto, seriam 70 logradouros da cidade. Durante a audiência, representantes da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) participaram do debate, resgatando a história de lutas da instituição, que no último dia 27 de abril completou 41 anos de atuação. Destaque para a presença de um pioneiro da ecologia, Augusto Carneiro, fundador da Agapan, e que com seus 89 anos participou da audiência.

“É muito importante preservarmos nossas árvores e áreas verdes, pois assim é possível manter o conforto térmico da cidade, amenizar as oscilações climáticas e atrair e manter a avifauna urbana”, destacou a bióloga e vice-presidente da Agapan, Sandra Ribeiro, ao resgatar a história da entidade a partir do trabalho pioneiro de Carneiro e da sempre lembrada subida na árvore Tipuana, na avenida João Pessoa, em Porto Alegre, pelo estudante Carlos Dayrell, “ato fundamental, realizado em 1975, para evitar a derrubada e chamar a atenção para a preservação das árvores e contra as podas em nossa cidade”, afirmou Sandra.

Da Agapan, também participou a conselheira e ex-presidente Edi Fonseca, que ressalta a necessária e urgente valorização dos serviços ambientais prestados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam), “que está perdendo técnicos, pela falta de investimento e qualificação, em especial na área de urbanização”, disse.

AUDIÊNCIA
A reunião atendeu pedido do vereador João Carlos Nedel (PP), que discorda de parte do projeto. Segundo Nedel, entende-se por túnel verde “o conjunto arbórico cujas copas das árvores se unem”. Por isso o vereador diz não concordar que avenidas como a Osvaldo Aranha, Getúlio Vargas, Borges de Medeiros, Coronel Marcos e Terceira Perimetral estejam incluídas no projeto. “Nestas avenidas todos sabem que as árvores não se unem”, disse Nedel, alertando para outro item do projeto, determinando que no calçamento do logradouro definido como túnel verde fica vedada qualquer modificação que comprometa a paisagem. “Talvez não esteja bem claro, porque não fala nada em relação ás arvores”, justifica Nedel. 
O autor do projeto considerou que Nedel está mal informado. “Ele desconhece o que está dizendo, pois estas avenidas não constam mais da proposta”, disse Moesch. O vereador ressaltou que a proposta diz apenas que: “declara áreas de uso especial ruas que tenham túneis verdes como patrimônio da cidade”, deixando os detalhamentos para decretos futuros do prefeito, “dependendo da especificidade de cada uma”, disse Moesch. O vereador disse que a proposta da discussão é decidir que cidade queremos. “Se mais humana, ou sem planejamento estratégico”, questionou Moesch. 

O vereador Carlos Todeschini (PT) disse que não entende o temor de Nedel, pois, na sua opinião o projeto é singelo. “Declara como objeto de especial proteção as áreas de interesse ecológico, cultural e turístico, conhecidos como túneis verdes”, ressaltou Todeschini. Para ele, é preciso entender que Porto Alegre é uma cidade distinta, que tem na sua característica fundamental as árvores. 

O chefe de gabinete da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, André Carus, falou que qualquer referência de desconformidade do projeto com o Plano Diretor da Cidade é descabível. “A proposta respeita e pretende fazer cumprir a legislação federal. Está bem ajustada”, considerou Carus. Na opinião de Carus, o projeto merece respeito e uma analise com responsabilidade. “Não no afã da política ideológica.”
Para o secretário de Planejamento Municipal, Ricardo Gothe, a cidade precisa dos túneis verdes. “Não há como a prefeitura vetar este projeto. Ele precisa de ajustes, mas tem todos os méritos”, disse ele, garantindo que a Secretaria do Planejamento irá produzir ações para colocar Porto Alegre num patamar de cidade sustentável.

A audiência pública foi dirigida pelo presidente do Legislativo, vereador Mauro Zacher (PDT), e acompanhada pelo vereador Airto Ferronato (PSB) e por representantes dos Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, Movimento Menino Deus Sustentável, Região 1 de Planejamento do CMDUA, Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Agapan e Sindipoa, que aprovaram a proposta de Moesch. 


Informações
Assessoria de Imprensa da Agapan
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues, com colaboração de Regina Andrade, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre

Imagens: Agapan/ Edi Fonseca

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