28 abril 2009

Mensagens de aniversário

Pessoal,

Agradecemos o carinho e o reconhecimento de todos ao nosso trabalho em defesa do ambiente natural.

Muito obrigada,

Edi Fonseca Presidenta

AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural


Mensagem da Mira Serra:

Mensagem da União pela Vida:
Que a audácia desta velha senhora (sim, a Agapan é uma senhora) persista e a leve a completar um cinquentenário de lutas, já que a aposentadoria não pode ser vislumbrada, nesse mundo cada vez mais complexo.
Abraço grande de todo pessoal da União pela Vida

Mensagem de Os Verdes de Tapes:

FELIZ ANIVERSÁRIO!!!




QUE A PERSEVERANÇA E A ASTÚCIA DESTA ONG GENITORA DAS DEMAIS ENTIDADES ATUANTES NO MOVIMENTO ECOLÓGICO GAÚCHO, POSSA MANTÊ-LA INFINITAMENTE ATIVA E PROMOTORA DA DEFESA DA VIDA, ENQUANTO HOUVERAM SERES HUMANOS QUE NÃO ENTENDEM QUE A LUTA DOS AMBIENTALISTAS E AS CAUSAS DEFENDIDAS, SÃO NECESSÁRIAS PARA QUE POSSAMOS VISLUMBRAR UM FUTURO MELHOR PARA TODOS.



ABRAÇOS AOS DECANOS E AOS NEÓFITOS DESTA ENTIDADE PELOS 38 VERÕES, OUTONOS, INVERNOS E PRIMAVERAS QUE CELEBRAM NESTE ANO DE 2009 E QUE POSSAMOS UNIDOS TRABALHAR PELO PLANETA, NOSSO PAÍS, NOSSA CIDADE, NOSSO BAIRRO OU RUA, SABENDO QUE SEMPRE SEREMOS OS PRECURSORES PARA UMA NOVA ERA, QUANDO AS PESSOAS PARTICIPARÃO DAS CAUSAS AMBIENTAIS COM MAIOR APREÇO PELA VIDA DOS DEMAIS IRMÃOS EM EVOLUÇÃO E QUE HABITAM A MESMA CASA NO UNIVERSO.



SUCESSO, PAZ E PROSPERIDADE AOS MEMBROS ATIVISTAS DA AGAPAN EM NOME DOS ATIVISTAS DE OS VERDES E NOSSOS PARCEIROS DA REAPI, REBIA, YVY KURAXO E FUNDAÇÃO VILLAS-BÔAS!


JULIO WANDAM

Os Verdes de Tapes/RS
GT de Comunicação/REDE Bioma Pampa

Mensagem da Fundação Villas-Bôas:

Nós da Fundação VILLAS-BÔAS, tendo como signatário e parceiro efetivo da Rede Tapes de nossas atividades no país e muito bem representado por estas ONG’s REDE TAPES E YVO KURAXO, não podemos furtar de parabenizar os baluartes e destemidos defensores da natureza.

Feliz Aniversário, aos multiplicadores da consciência de um mundo feliz e mais responsável. Parabéns a todos e todas que fazem a diferença neste país, enfrentando aos indiferentes que persistem no cotidiano sem uma visão futura.

Endosso aqui, do outro canto do país as palavras de nosso destemido Julio Wandan.

Em frente, pois estamos só começando nossa caminhada, pois a humanidade e a Responsabilidade Socioambiental dependem de nós.

Paulo VILLAS-BÔASPresidente da Fundação e Expedição VILLAS-BÔAS

26 abril 2009

Agapan comemora 38 anos de desafios e conquistas ambientais



Na próxima segunda-feira, 27, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) completa 38 anos de atividades. Pioneira brasileira e mundial na luta ambiental, a entidade comemora a data com uma confraternização e uma homenagem a Augusto Carneiro, atualmente o decano dos ecologistas gaúchos, um dos fundadores e principais ativistas históricos da Agapan.

NO SEU ANIVERSÁRIO A AGAPAN HOMENAGEIA AUGUSTO CARNEIRO.

“Comemorando esses 38 anos de ativismo, vamos homenagear Augusto Carneiro que, apesar dos seus 87 anos, segue incansável na militância ambiental, participando ativamente nos problemas ecológicos locais, regionais, nacionais e planetários, vendendo livros, distribuindo artigos, interagindo com as pessoas, comunicando-se, canalizando e passando informações ecológicas importantes. Isto é o que o Carneiro há dezenove anos vem fazendo todos os sábados de manhã, na Feira dos Produtores Ecológicos, no bairro Bonfim, em Porto Alegre”, explica Edi Fonseca, presidente da entidade.

CARNEIRO: A MILITÂNCIA ECOLÓGICA COMO TRABALHO DE FORMIGA.

Augusto Carneiro e José Lutzenberger formaram uma dupla decisiva no processo de criação da Agapan e nos rumos tomados pelo movimento ecológico gaúcho e brasileiro. Enquanto Lutzenberger trilhava o caminho que o levou a ser um dos ecologistas mais conhecidos do mundo, Carneiro fazia o seu trabalho de formiga na retaguarda, mandando materiais por correspondência, preparando contatos, atendendo às necessidades burocráticas, administrativas e contábeis da Agapan, enfim dando cobertura à atuação pioneira de José Lutzenberger e fazendo sua atuação ecológica própria. Este, nos tempos heróicos do movimento ecológico, uma vez demonstrou cientificamente para a Hilda Zimermann a importância ecológica das formigas nos processos de mineralização do solo. Diferentemente do Lutz, o Carneiro tem passado ensinando com o próprio exemplo importância ecológica não da formiga mas do trabalho de formiga. Neste grande formigueiro que se transformou a civilização, as vidas Lutzenberger e de Carneiro nos ensinam a valorizar a importância ecológica da ação individual. Normalmente a gente tende a se considerar impotente em termos individuais diante da complexidade e da possível irreversibilidade da crise ecológica. Lutzenberger dizia que mesmo que ele soubesse que o mundo iria acabar em três dias, ele continuaria fazendo tudo o que vinha fazendo ao longo de toda a sua vida: o que ele considerava certo, digno e correto como expressão de sua consciência ecológica. Como Lutz, o que Carneiro nos ensina com seu exemplo é uma lição de coragem, dignidade e coerência: cada cidadão expressa um poder imenso, possivelmente o único capaz de enfrentar a crise ecológica, fazendo o que pode e deve ser feito, sem se preocupar com os resultados. Cada cidadão é uma formiguinha indispensável. Ela conta muito mais do que se costuma pensar para a consciência da soberania e a vida do formigueiro... Hoje, depois de 38 anos, cabe perguntar: “Será que o movimento ecológico, a Agapan e Lutzenberger teriam existido sem as décadas de trabalho voluntário realizado pelo Carneiro ?” A simples constatação de que esta pergunta faz sentido, dá a medida do poder e da responsabilidade de cada um de nós. Esta é a lição deste ecologista gaúcho e cidadão do mundo. Carneiro age fazendo educação ecológica, que é muito mais ampla e radical do que a chamada educação ambiental. E educação se faz com exemplo e com o testemunho histórico de uma coletividade.

CARNEIRO: MEMÓRIA VIVA DA CIDADE

O Carneiro é um profundo observador da natureza. Instituiu a prática educativa de fazer viagens e passeios para observar in loco as maravilhas da nossa natureza e os horrores que a sociedade de consumo vem fazendo. Ele gosta muito de conversar e é um banco de dados insubstituível para a ecologia urbana, cultural e natural de Porto Alegre. Na sua condição de octogenário absolutamente lúcido, ele pode nos falar com riqueza de detalhes, por exemplo, da época em que os morros de Porto Alegre eram cobertos de matas, havia pacas e quatis no bairro da Glória e capivaras à beira do Guaíba no Menino Deus. Ele ainda se lembra perfeitamente da época em que ainda não existia o serviço municipal de recolhimento do lixo doméstico em Porto Alegre. Espantem-se ao ouvir ele contar: “Não havia nada de lixo procedente de embalagens, não havia papéis nem plásticos. Todo o lixo orgânico de Porto Alegre, era dispersado e decomposto nos pátios das próprias casas. Os restos de comida eram alimentação para cachorros, galinhas e gatos... Naquela época havia muita mosca em Porto Alegre... sinal de que não havia uma preocupação em controlar os detritos domésticos com a finalidade de prevenir a proliferação destes insetos.” O envolvimento de Carneiro com a questão do lixo o levou a representar a Agapan por muitos anos no Conselho Deliberativo do Departamento Municipal de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, DMLU. Nesta condição sempre lutou na defesa dos papeleiros e do seu trabalho de reciclagem de papel e papelão, bem como da reciclagem de latas e garrafas plásticas.

CARNEIRO E A MEMÓRIA DE ROESSLER

Entre os grandes feitos da sua carreira de ecologista, Carneiro foi o grande divulgador da figura e da obra pioneira de Roessler. O movimento ecológico gaúcho, brasileiro e mundial teve como um dos seus precursores o gaúcho Henrique Luís Roessler (1896-1963), ativista que nasceu e viveu em São Leopoldo (RS) e atuou no Rio Grande do Sul. Numa época de total inconsciência, Roessler se sensibilizou profundamente com os crimes e agressões à natureza que ele via em toda a parte, tais como a caça e a pesca predatórias, o desmatamento, as queimadas florestais e a poluição dos nossos rios pelas indústrias e esgotos domésticos. O primeiro ecologista brasileiro publicou 301 crônicas semanais no Suplemento Rural do Correio do Povo, no período de 15 de fevereiro de 1957 a 8 de novembro de 1963. A história e a obra deste pioneiro foi resgatada em 1986 por Augusto Carneiro, através da edição e publicação do livro “O Rio Grande do Sul e a Ecologia – Crônicas Escolhidas de Um Naturalista Contemporâneo”, uma antologia dos principais textos publicados por Roessler. A Fepam, Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler, órgão executivo da Secretaria Estadual do Meio Ambiente do RS, ostenta no seu próprio nome a homenagem pública e oficial a este gaúcho, pioneiro mundial da ecologia. Mas é necessário lembrar que sem o trabalho editorial meticuloso do Carneiro, certamente o nome de Roessler hoje estaria esquecido.

A atuação de Roessler na imprensa originou as bases de onde surgiram a Agapan e o movimento ecológico gaúcho. Em 1971, graças à iniciativa de Carneiro e de alguns admiradores, foi fundada a Agapan sob a liderança de José Lutzenberger, dando continuidade à obra iniciada por Roessler. Mas por trás de toda esta história temos este trabalho incansável de formiguinha sem o qual nada teria acontecido. Por estas razões, no próximo dia 27 de abril, a Agapan estará comemorando seus 38 anos de lutas e homenageando Augusto Carneiro.

23 abril 2009

Do transporte à comunidade

Na década de 1970, Portland, no estado de Oregon, calculou que conseguiria reduzir em cinco por cento o consumo de gasolina se simplesmente ressucitasse a idéia da mercearia de bairro. Semelhantes conceitos são o alicerce da recriação da comunidade.

O zoneamento e o planejamento do uso do espaço são capazes de oferecer abrangentes incentivos, com base no mercado, a fim de recompensar a aglomeração de moradias, empregos e estabelecimentos comerciais, como é típico das cidades e vilarejos mais densos e mais homogêneos do Canadá.

As gratificações e os encargos da densidade podem basear-se na proximidade dos corredores de transporte coletivo e, desde os anos 50, vem ajudando a orientar quase todo o desenvolvimento de Toronto à distancia de uma viagem de cinco minutos de metrô ou bonde.

Estudos recentes na Califórnia sugerem que, em pouco mais de uma década, tais estímulos à aglomeração devem alterar de tal modo os padrões de uso do espaço que cada pessoa-quilômetro de transporte coletivo, na forma de ônibus ou bonde, suprirá as necessidades de quatro a oito pessoas-quilômetro de viagem de carro.

O uso sensível do espaço tornaria desnecessarias muitas viagens, aglomerando a uma distancia que se pode percorrer a pé os principais lugares a que as pessoas vão.


Fonte: Hawken, Paul .Capitalismo Natural, A reinvenção da roda, pg. 42. editora cultrix amana-key

14 abril 2009

Campanha "Proteja seu Anjo da Guarda"!



A febre amarela é uma doença infecciosa causada por um vírus que é transmitido por mosquitos. Existem dois tipos: a febre amarela urbana, erradicada do Brasil por volta da década de 1960, e a febre amarela silvestre. Os vetores (agentes responsáveis pela transmissão) da forma silvestre são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, enquanto a forma urbana pode ser transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue.

A febre amarela silvestre já provocou a morte de algumas pessoas e de muitos bugios em uma extensa área do Rio Grande do Sul desde o final de 2008. No entanto, ao contrário da maioria das pessoas, os bugios são extremamente sensíveis à doença, morrendo em poucos dias após contraí-la. Esses macacos já estão ameaçados de extinção no Estado devido à destruição de seu hábitat natural (as florestas), à caça e ao comércio ilegal de mascotes.

Infelizmente, os bugios também estão sendo vítimas da doença e da falta de informação da população. Inúmeros relatos indicam que habitantes das regiões de ocorrência do bugio-preto e do bugio-ruivo estão matando os animais, principalmente por envenenamento, por medo do avanço da doença.

Além de tornar mais crítico o estado de conservação desses animais, essa atitude é extremamente prejudicial para o próprio homem. A morte de bugios por febre amarela alerta os órgãos de saúde locais sobre a circulação do vírus na região, os quais promovem campanhas de vacinação da população humana, como se tem observado em quase 200 municípios do Estado. O Ministério da Saúde considera esses macacos importantes "sentinelas" da circulação do vírus. Portanto, os bugios são nossos "ANJOS DA GUARDA"! Se eles forem mortos pelo homem, descobriremos que a febre amarela chegou a determinada região apenas quando as pessoas contraírem a doença. E talvez já seja tarde para algumas (ou muitas)...

Além de NÃO transmitirem à doença para o homem, os bugios NÃO são os responsáveis pelo rápido avanço da doença no Estado. Eles são as principais vítimas. As mudanças climáticas e a degradação ambiental provocadas pelo homem são as principais responsáveis pelo recente aparecimento de inúmeras doenças infecciosas no Estado. Especialistas acreditam que o avanço da doença tem sido facilitado pelo deslocamento de pessoas infectadas ou pela dispersão dos mosquitos ou outro hospedeiro ainda desconhecido.

Pergunto: "Você mataria o seu anjo da guarda?"


Dr. Júlio César Bicca-Marques
Professor Titular
Grupo de Pesquisa em Primatologia
Faculdade de Biociências/PUCRS

Foto: site defender

Programa de habitação federal pode consagrar um modelo de ocupação trágico do ponto de vista ambiental para as cidades brasileiras

Paulo Brack

No próximo dia 15 de abril, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) votará a simplificação das regras para concessão de licença ambiental para o Programa “Minha Casa, Minha Vida” que faz parte do Plano Nacional de Habitação para empreendimentos imobiliários com finalidade popular. Se não houver resistência no Conama, nesta semana, poder-se-á consagrar o poder da derrubada da precaução ambiental neste e em outros programas similares. Quem ganha com isso?

Para maiores esclarecimentos, ao público em geral, cabe destacar o recente anúncio feito pela ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, prevendo a construção de um milhão de casas, em empreendimentos habitacionais com regras ambientais simplificadas, a fim de atingir famílias que ganham até 10 salários mínimos mensais. O plano prevê a diminuição do prazo máximo de licenciamento ambiental para apenas 30 dias e também contempla um conjunto de incentivos à construção civil, como a desonerações de impostos ao setor.
No plano apresentado, para manter o mesmo ritmo do crescimento “vale tudo” - também presente no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - o setor pesado da construção civil e os governos imediatistas e inimigos dos “entraves ambientais” serão os maiores beneficiados. A estratégia do governo federal foi muito bem montada. Dificilmente, a ministra vai perder mais esta batalha contra a precaução ambiental, pois já triunfou nas derrubadas das restrições aos transgênicos, usinas nucleares e outras megaobras de infraestrutura do PAC.
A pressa na gestão pública é inimiga da precaução, da sustentabilidade ambiental e da democracia. Neste último item, a verdadeira protagonista das políticas públicas - a sociedade por meio do OP (Orçamento Participativo) - foi pega de surpresa, mais uma vez. As cooperativas habitacionais e o trabalho em mutirão, como ocorre há décadas no Uruguai, respeitando-se o marco legal das políticas de meio ambiente brasileiras, poderiam ser uma solução barata e mais sustentável do ponto de vista ambiental. Parece que este não será o caso.
Infelizmente, o imediatismo e a esquizofrenia na gestão pública reinam no Brasil, principalmente quando existem eleições pela frente e empreiteiras super-poderosas, inclusive nas doações de campanhas. Além disso, a memória da maioria dos gestores públicos deve ser curta, pois a tragédia ambiental que ocorreu nas cidades do nordeste catarinense no ano passado, ao que tudo indica, não serviu como exemplo daquilo que não deve ser feito. Provavelmente, esqueceram que grande parte das construções que desmoronou ou foi soterrada nas encostas pelas chuvas intensas estava em área de risco ou padeceu de um conjunto de inadequações no uso do solo urbano e rural – fato comum nos municípios brasileiros.
Na década passada, tive a oportunidade de acompanhar estudos de diagnóstico ambiental para o licenciamento de projetos do Departamento Municipal de Habitação de Porto Alegre (Demhab), em áreas predominantemente rurais e naturais. Presenciei banhados, que alimentavam um arroio com águas razoavelmente límpidas e que abrigavam espécies ameaçadas, previstos para serem aterrados e ocupados por ruas. Também vi alguns capões de mata bem preservada, e que poderiam ser poupados, previstos para serem suprimidos e substituídos por terrenos “limpos” e urbanizados na base do morro mais preservado de Porto Alegre. Alertei o técnico responsável pelo projeto do Demhab. A resposta dele foi simples: “ou a licença é dada em um mês, com este projeto, ou vamos perder o financiamento que é internacional”. Passados mais de dez anos, a situação local é muito triste: desfiguração da paisagem natural, arroios poluídos, com suas margens impermeabilizadas e ocupadas por uma enorme quantidade de habitações agregadas de forma irregular e caótica.
Ninguém discorda que o déficit habitacional seja grande. Entretanto, para que o ambiente e a sociedade não paguem caro por políticas equivocadas, o governo federal deveria favorecer a urbanização de áreas adequadas e já ocupadas, fortalecendo os órgãos estaduais e municipais, atualmente muito fragilizados em sua gestão ambiental. Lamentavelmente, o que vemos é justamente o contrário: incentivo à ocupação de novas áreas e manutenção da frágil estrutura de proteção e gestão municipal.
Nos municípios, os planos diretores correm mais ao sabor do setor da construção civil e da especulação imobiliária, não se evidenciando a mínima prioridade à área ambiental. Um aspecto que denota o favorecimento pela ocupação urbana, onde quer que seja, é que as áreas naturais não trazem os impostos desejados para os cofres das prefeituras. Neste aspecto, ainda não se desenvolveu a contabilização do valor dos serviços ambientais (proteção às nascentes e às cheias, regulação microclimática, etc.) das áreas rurais e naturais das cidades. Algumas secretarias de planejamento e desenvolvimento urbano, inclusive, consideram como “vazios urbanos” as áreas sem construção, mesmo que resguardem processos ecológicos importantes, como servir de corredores ecológicos à avifauna dentro das cidades.
O que mais dói, aqueles que ainda amam a Natureza, é que os preços dos terrenos com banhados, campos nativos e matas são os mais baratos e, provavelmente, serão o principal alvo destes empreendimentos. A prioridade do programa de habitação será dada para projetos de estados e municípios que ofereçam maior contrapartida financeira, infraestrutura, terreno e menor valor de aquisição das unidades habitacionais.
E onde estão os limites máximos estabelecidos ao tamanho dos empreendimentos imobiliários? No ritmo atual, as nossas cidades estarão condenadas à perda irreversível de áreas com funções ecológicas fundamentais. Em Porto Alegre, o ritmo de perda de áreas naturais para empreendimento urbanos é impressionante: mais de mil hectares a cada dois ou três anos. Em Brasília, em um dos projetos habitacionais do atual programa nacional, está sendo montado um megaempreendimento para uma população de aproximadamente 30 mil pessoas, concentradas em 400 mil m2. Em apenas um mês, seria possível a avaliação de uma área desta grandiosidade, e com a eventual perda de ambientes naturais? Em um prazo tão curto, seriam considerados seus atributos intrínsecos e extrínsecos, incluídos ou não no Plano Diretor, e a capacidade de suporte para uma população de 30 mil pessoas?
Quanto à infraestrutura e à política das prefeituras, é comum a crônica e deliberada ausência de equipe técnica suficiente para análise dos licenciamentos. Os técnicos - geralmente fragilizados em sua decisão técnica, pró-precaução - sofrem recorrentemente as tradicionais pressões e ingerências políticas de suas chefias. Ademais, a “lógica” é a análise dos empreendimentos “caso a caso”. Depois de ter passado por várias secretarias o projeto acaba, por último, no órgão ambiental municipal. Assim, torna-se inviável a mudança para melhor no projeto ou mesmo qualquer articulação de políticas públicas com as demais secretarias. Em seu conjunto, a Política Ambiental acaba sendo, justamente, “não ter política”, entendendo-se aqui qualquer esforço que consolide um mínimo de respeito às leis que protegem à natureza, em especial a Constituição Federal, o Código Florestal, a Lei da Mata Atlântica e o conjunto de políticas do pobre e enfraquecido Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama).
A situação problemática não para por aqui. Alguns prefeitos de municípios pequenos reclamam ter ficado de fora, pois o programa habitacional somente incorpora cidades com mais de 50 mil habitantes. Admitem também que existe o risco de maiores migrações de municípios com menos população - maioria no Brasil –para os maiores centros urbanos. Tal situação agravaria o caos urbano de algumas grandes metrópoles.
Deve-se encarar com maior seriedade este assunto a fim de que não se consolide a velha esquizofrenia de governar de cima para baixo, sem transversalidade e sem democracia, causando maiores problemas socioambientais no Brasil. Meio ambiente não é problema. Com tempo e vontade política, que contemplem a precaução ambiental e os interesses da maioria, poder-se-ia fazer as adequações neste programa do Plano Nacional de Habitação a fim de se manter, pelo menos, um mínimo de sustentabilidade e não comprometer o futuro de nossas cidades. As políticas públicas devem ser conexas. As áreas naturais das cidades, e que desempenham suas funções ecológicas (serviços ambientais), estão em ritmo rápido de desaparecimento. Talvez algumas cidades não suportem mais uma ameaça ambiental de tal porte derivada de mais um plano governamental míope, midiático e imediatista.
A qualidade de vida dos cidadãos e o desenvolvimento das cidades também dependem da biodiversidade. Cabe a algum membro do Conama pedir vistas a esta proposta esdrúxula da redução de prazos na análise ambiental dos empreendimentos. Ademais, é bom lembrar: “Em Meio Ambiente, a pressa é inimiga da precaução”.
Paulo Brack é professor da UFRGS, biólogo, ex-técnico da Coordenação do Ambiente Natural da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Porto Alegre, mestre em Botânica e Doutor em Ecologia e Recursos Naturais. Atualmente é membro do CONSEMA no RS, pela ONG Ingá.

13 abril 2009

Cidades e consumo dos recursos naturais

Imagine por um momento um mundo em que as cidades tenham se tornado silenciosas e tranquilas porque os automóveis e ônibus circulam sem ruído, os canos de escapamento não emitem senão o vapor de água e as obsoletas vias expressas deram lugar a parques e áreas verdes.

Um mundo em que a OPEP haja deixado de existir porque o preço do barril de petróleo caiu a cinco dólares e, mesmo assim, são poucos os compradores, pois agora existem meios melhores e mais baratos de se obterem os serviços que outrora dependiam desse combustível.

O padrão de vida de todos elevou-se drasticamente, sobretudo dos pobres e dos países em desenvolvimento. O desemprego involuntario deixou de ser uma constante e grande parte do imposto de renda foi eliminada. As habitações, mesmo as mais populares, têm condições de financiar-se com a própria energia que produzem; são poucos os aterros sanitários em atividade, se é que ainda existem; em todo o mundo ampliam-se incessantemente as áreas de floresta, as barragens vem sendo demolidas; o nível de CO2 na atmosfera começou a diminuir pela primeira vez em duzentos anos; e a água que sai do esgoto das fábricas é mais limpa do que as que nela entra. Os países industrializados reduziram em 80% o consumo de recursos naturais e, ao mesmo tempo, elevaram a qualidade de vida.

(...) Há muitas outras possibilidades. Há muitas que vão surgir com o advento de um novo tipo de industrialismo, diferente, na filosofia, nos objetivos e nos processos fundamentais, do sistema industrial padrão de hoje em dia. No proximo século a população duplicada e os recursos disponiveis per capita reduzidos à metade ou em tres quartos, pode ocorrer uma transformação notavel na industria e no comercio.

Graças a essa transformação, a sociedade terá condições de criar uma economia vital que consuma radicalmente menos material e energia. Tal economia será capaz de liberar recursos, reduzir o imposto de renda das pessoas físicas, aumentar a despesa per capita na solução de problemas sociais (ao mesmo tempo que restringe tais problemas) e começar a reparar os danos causados ao meio ambiente. Essas transformações necessárias, se implementadas adequadamente, promoverão a eficiência econômica, a preservação ambiental e a justiça social.

(..) Quanto mais pessoas e empresas sobrecarregam os sistemas vivos, tanto mais os limites da prosperidade passam a ser determinados pelo capital natural, não pela capacidade industrial. Isso nao significa que o mundo enfrentará escassez de bens de consumo num futuro proximo. (..) Não é o abastecimento de petróleo ou cobre que começa a limitar nosso desenvolvimento, mas a própria vida. Hoje em dia, não é o número de pesqueiros que restringe o nosso progresso contínuo, e sim a diminuição do número de peixes; não é a força das bombas hidráulicas, e sim a escassez de mananciais; não é o número de motosserras, mas o desaparecimento das florestas primitivas.

Se os sistemas vivos são a fonte de bens desejáveis como a madeira, o peixe ou o alimento, importância maior ainda têm os serviços que eles oferecem, os serviços estes muito mais decisivos para a prosperidade dos seres humanos do que os recursos não-renováveis. (Daily, 1997)

Uma floresta fornece não só a madeira como também os serviços de armazenagem de água e de regulagem dos oceanos. Um meio ambiente saudável oferece automaticamente não só ar e água limpos, chuvas, produtividade oceânica, solo fértil e elasticidade das bacias fluviais como também certas funções menos valorizadas, como o processamento de resíduos (tanto naturais quanto industriais), a proteção contra os extremos do clima e da regeneração atmosférica.

A próxima revolução industrial - Hawken, Paul e outros "Capitalismo Natural", capitulo 1. editora cultrix-amana-key.

02 abril 2009

Neste 27 de abril vamos brindar:


As podas que conseguimos impedir;

Os venenos que impedimos de usar;

Os parques que conseguimos criar;
Os grupos que ajudamos formar;
As ruas que vemos florescer;
As leis que ajudamos criar;
As idéias que conseguimos mudar;
As amizades que conseguimos cultivar;
A sede que vamos construir;
e

os 38 anos que conseguimos atingir!
AGAPAN
A VIDA SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR

27 de abril de 2009 - 2ª feira – às 20 horas
RESTAURANTE VIA IMPERATORE
RUA DA REPÚBLICA, nº 509 - Telefone: 3386-7631
Com Estacionamento