13 abril 2009

Cidades e consumo dos recursos naturais

Imagine por um momento um mundo em que as cidades tenham se tornado silenciosas e tranquilas porque os automóveis e ônibus circulam sem ruído, os canos de escapamento não emitem senão o vapor de água e as obsoletas vias expressas deram lugar a parques e áreas verdes.

Um mundo em que a OPEP haja deixado de existir porque o preço do barril de petróleo caiu a cinco dólares e, mesmo assim, são poucos os compradores, pois agora existem meios melhores e mais baratos de se obterem os serviços que outrora dependiam desse combustível.

O padrão de vida de todos elevou-se drasticamente, sobretudo dos pobres e dos países em desenvolvimento. O desemprego involuntario deixou de ser uma constante e grande parte do imposto de renda foi eliminada. As habitações, mesmo as mais populares, têm condições de financiar-se com a própria energia que produzem; são poucos os aterros sanitários em atividade, se é que ainda existem; em todo o mundo ampliam-se incessantemente as áreas de floresta, as barragens vem sendo demolidas; o nível de CO2 na atmosfera começou a diminuir pela primeira vez em duzentos anos; e a água que sai do esgoto das fábricas é mais limpa do que as que nela entra. Os países industrializados reduziram em 80% o consumo de recursos naturais e, ao mesmo tempo, elevaram a qualidade de vida.

(...) Há muitas outras possibilidades. Há muitas que vão surgir com o advento de um novo tipo de industrialismo, diferente, na filosofia, nos objetivos e nos processos fundamentais, do sistema industrial padrão de hoje em dia. No proximo século a população duplicada e os recursos disponiveis per capita reduzidos à metade ou em tres quartos, pode ocorrer uma transformação notavel na industria e no comercio.

Graças a essa transformação, a sociedade terá condições de criar uma economia vital que consuma radicalmente menos material e energia. Tal economia será capaz de liberar recursos, reduzir o imposto de renda das pessoas físicas, aumentar a despesa per capita na solução de problemas sociais (ao mesmo tempo que restringe tais problemas) e começar a reparar os danos causados ao meio ambiente. Essas transformações necessárias, se implementadas adequadamente, promoverão a eficiência econômica, a preservação ambiental e a justiça social.

(..) Quanto mais pessoas e empresas sobrecarregam os sistemas vivos, tanto mais os limites da prosperidade passam a ser determinados pelo capital natural, não pela capacidade industrial. Isso nao significa que o mundo enfrentará escassez de bens de consumo num futuro proximo. (..) Não é o abastecimento de petróleo ou cobre que começa a limitar nosso desenvolvimento, mas a própria vida. Hoje em dia, não é o número de pesqueiros que restringe o nosso progresso contínuo, e sim a diminuição do número de peixes; não é a força das bombas hidráulicas, e sim a escassez de mananciais; não é o número de motosserras, mas o desaparecimento das florestas primitivas.

Se os sistemas vivos são a fonte de bens desejáveis como a madeira, o peixe ou o alimento, importância maior ainda têm os serviços que eles oferecem, os serviços estes muito mais decisivos para a prosperidade dos seres humanos do que os recursos não-renováveis. (Daily, 1997)

Uma floresta fornece não só a madeira como também os serviços de armazenagem de água e de regulagem dos oceanos. Um meio ambiente saudável oferece automaticamente não só ar e água limpos, chuvas, produtividade oceânica, solo fértil e elasticidade das bacias fluviais como também certas funções menos valorizadas, como o processamento de resíduos (tanto naturais quanto industriais), a proteção contra os extremos do clima e da regeneração atmosférica.

A próxima revolução industrial - Hawken, Paul e outros "Capitalismo Natural", capitulo 1. editora cultrix-amana-key.

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