Dez
anos de transgênicos no Brasil é pauta de palestra no FST
Quase
50 pessoas participaram da oficina temática sobre o plantio e
consumo de alimentos transgênicos, realizada na noite desta
terça-feira (21/1), primeiro dia do Fórum Social Temático (FST),
que acontece até domingo (26) em Porto Alegre e Canoas. O objetivo
do debate foi analisar os dez anos de cultivo de transgênicos no
Brasil, abordando os aspectos socioeconômicos dos transgênicos e
enfatizando suas implicações para a saúde humana e ambiental. O
debate foi realizado no Memorial do RS, e integra o Eixo 3 do FST,
sobre Justiça Social e Ambiental. O evento foi promovido pela
Agapan, Grupo de Estudos em Agrobiodiversidade (GEA), do Ministério
do Desenvolvimento Agrário (MDA), e Universidade Federal da
Fronteira Sul (UFFS).
“Se
analisássemos todos os fatores (ambientais, sociais, éticos e
técnicos) que envolvem a produção de transgênicos, concluiríamos
que seria proibido produzir monoculturas, como a soja”, destacou,
em sua palestra, Antônio Andrioli, vice-reitor da UFFS, membro do
GEA, especialista em meio ambiente e representante da Agricultura
Familiar na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
Andrioli relatou discussões sobre o posicionamento e perspectivas da
Comunidade Econômica Europeia sobre a produção e consumo de
Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), que participou na
Alemanha e na Áustria, em novembro e dezembro de 2013. Segundo o
palestrante, a principal diferença entre Brasil e União Europeia é
a mobilização dos consumidores, muitas delas relacionadas a temas
ambientais. “O pimentão ter veneno é quase nada se comprado com o
milho e a soja que comemos em muito maior quantidade, pois estão
embutidos em muitos outros alimentos que ingerimos todos os dias”,
comparou.
Andrioli
observou que o mercado, “que considera apenas a quantidade,
regulariza o plantio e o uso de soja e milho transgênicos no Brasil
para alimentar rebanhos na Europa”. Para ele, é preciso mudar esse
foco e incentivar os países a utilizarem outras plantas, a exemplo
do que fazem Alemanha e Áustria. “Precisamos recuperar o custo
ambiental da monocultura da soja, que é absurda e economicamente
inviável”, afirmou, ao criticar que o agronegócio brasileiro
continua se afirmando como um bom negócio.
Mais de 50 pessoas estiveram presentes no Memorial do RS. (foto:ABRodrigues/Agapan) |
Para
Andrioli, o problema ambiental é de conhecimento, enquanto que a
lógica da concorrência, que é a base do mercado, destrói a
natureza e torna o ar, a água, a semente e a vida expropriáveis, ou
seja, objetos de proprietário privado, fortalecendo a palavra
sagrada do lucro a qualquer preço. Ao se dizer otimista, Andrioli
argumenta que “há muitas coisas nas contradições que mostram que
não seguimos apenas um único caminho”, e complementa que “temos
que nos desafiar para novas ideias para que não digam que não
existem ou que não dá para fazer diferente”.
Após
a palestra, houve debate e as manifestações da plenária serão
reunidas pela Agapan para a construção de propostas de
encaminhamento aos futuros candidatos nas próximas eleições.
Com
o tema central Crise Capitalista, Democracia, Justiça Social e
Ambiental, o FST acontece entre os dias 21 e 26 de janeiro, em Porto
Alegre e Canoas. Mais informações pelo
http://www.forumsocialportoalegre.org.br e www.agapan.org.br
Assessoria
de Imprensa da Agapan
Jornalista
Adriane Bertoglio RodriguesFotos: Adriane Rodrigues/ Heverton Lacerda para Agapan
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