15 setembro 2013

Agapan defende preservação das casas da Luciana de Abreu

28 de junho de 2008
Agapan defende preservação das casas da Luciana de Abreu
Entidade ambientalista valoriza harmonia do conjunto arquitetônico com árvores que formam um túnel verde tombado pelo município

A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) considera equivocada a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de autorizar a derrubada de um conjunto de seis casas, construídas na década de 1930, na rua Luciana de Abreu, em Porto Alegre.
“Há razões de sobra para preservá-las: são patrimônio arquitetônico incontestável, estão em harmonia com o túnel verde da rua e em nome da manutenção dessas características houve uma enorme mobilização de cidadãos”, avalia o presidente da Agapan, Alfredo Gui Ferreira.

Prefeito José Fogaça assina o Decreto Municipal que preserva
vários Túneis Verdes do bairro Moinhos de Vento em 28 de junho de 2008.

As casas da Luciana de Abreu foram construídas no século passado para abrigar as famílias dos mestres cervejeiros da Continental, que depois virou a Brahma, e cujo edifício hoje é ocupado pelo shopping Total.
Segundo o pesquisador e professor Günter Weimer, o projeto dessas residências contou com a colaboração do arquiteto alemão Theodor Wiederspahn, o mesmo que assinou o projeto dos prédios da cervejaria (hoje shopping) e que em Porto Alegre foi ainda o responsável pelos belos contornos de edifícios marcantes como os que abrigam a Casa de Cultura Mario Quintana, o Memorial do Rio Grande do Sul, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o Santander Cultural, a Faculdade de Medicina da UFRGS e o Edifício Ely, hoje loja da Tumelero em frente à rodoviária.
“Independente do valor arquitetônico, o fato é que essas construções fazem parte da memória do bairro e contribuem para que o Moinhos de Vento seja um dos locais mais queridos de Porto Alegre, como se viu na enorme mobilização de moradores e frequentadores do bairro. Colocar essas casas abaixo será destruir a característica local, que é, aliás, o que as incorporadoras vendem aos seus compradores”, sublinha Cesar Cardia, militante da Agapan e um dos integrantes do movimento cidadão pelos túneis verde.

Manifestação pela preservação das casas em 28 de junho de 2008.

Edifício contribui para a densificação da cidade
No lugar do casario da Luciana de Abreu poderá ser construído um edifício de 16 andares pela construtora Goldztein. Embora a incorporadora seja obrigada a preservar o túnel verde formado pela árvores da Luciana de Abreu, protegido pela legislação desde 2008 por um decreto do então prefeito José Fogaça, a Agapan salienta que o ambiente ficará prejudicado pela construção.
A preocupação da entidade é com itens como a densificação e verticalização da cidade, características que trazem consequências como a impermeabilização do solo, o que contribui com inundações e colabora com a saturação do trânsito na região.
“Trocar as casas por um edifício interfere brutalmente na qualidade de vida das pessoas. Será um espaço onde deixaremos de caminhar para apreciar o verde das árvores, pois haverá grades e seguranças na calçada, não mais esse visual agradável de hoje”, lamenta o presidente da Agapan.

Prefeito Fogaça e secretário da SMAM, Beto Moesch, assinam
decreto municipal que preserva vários Túneis Verdes do bairro Moinhos de Vento,
inclusive na Luciana de Abreu, em 28 de junho de 2008.
Luta dos moradores dura uma década
Outro importante motivo para que o conjunto de casas da Luciana de Abreu seja preservado é a importante mobilização que a associação Moinhos Vive promoveu ao longo de dez anos pela manutenção das características históricas do bairro, com casarões e ruas arborizadas.

Autoridades, moradores do bairro e apoiadores de outras regiões da cidade comemoram
a preservação dos Túneis Verdes do Moinhos de Vento em 28 de junho de 2008.

Por meio de um abaixo assinado, que chegou a contabilizar o apoio de seis mil pessoas, os moradores conquistaram o apoio do Ministério Público, que atesta o valor histórico, cultural e paisagístico do conjunto residencial e de seu entorno.
Uma das casas da Luciana de Abreu, em 07/12/2007

As casas chegaram a ser incluídas no inventário de imóveis listados para a preservação, determinadas por um estudo da Equipe do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do município, mas foram retiradas, contrariando a vontade popular.
A Agapan defende que a prefeitura precisa ouvir os moradores e incluir os imóveis no inventário de Porto Alegre, solução que poderia tornar nula a decisão do Tribunal de Justiça. “É uma grande irresponsabilidade da gestão municipal não escutar o clamor da sociedade”, condena Cesar.


Assessoria de Comunicação da Agapan
Jornalista Naira Hofmeister

Fotos: arquivo do Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho 

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