16 outubro 2012

O uso do Ozônio no combate à contaminação das águas com agrotóxicos



A Agapan, desde sua fundação, em 1971, tem como luta o não uso de agrotóxicos e o fortalecimento da agricultura orgânica. Naquela década, José Lutzenberger, um dos fundadores da Agapan, já alertava contra o uso indiscriminado de produtos químicos nas lavouras, chamando a atenção para os malefícios dos agrotóxicos na saúde das pessoas e da natureza.

 

No último dia 4, durante a Semana Interamericana da Água, Ymara Menna Barreto, tesoureira da Agapan, participou de seminário realizado na TecnoPuc, e se disse preocupada com a quantidade de agrotóxicos disseminados através de tratores. “Para os aviões que pulverizam existem experiências de redução da contaminação nas limpezas, especialmente para a troca de produtos”, observa Ymara, ao questionar o destino e o tratamento de toneladas de agrotóxicos lançados nas lavouras por tratores. “Não é à toa que por ano cada brasileiro consome mais de 5,2 litros de venenos”, disse. Ela cita a participação da Agapan na campanha permanente contra o uso de agrotóxicos.






A presença de agrotóxicos na água potável não é mais novidade. Hoje há agrotóxicos na água da chuva (chuva agrotóxica) e em locais nunca utilizados, incluindo em países onde tais produtos são proibidos. Fabio Schreiber, engenheiro agrônomo UFPEL, abordou o ciclo natural dos materiais químicos e sintéticos na natureza, a liberação de resíduos e formação de contaminantes e poluentes, o uso indiscriminado de agrotóxicos produzidos e importados para tal, mostrando como tais produtos se espalham pelo ambiente.


Nadia Spada Fiori, do grupo de saúde do trabalhador rural da Faculdade de Medicina da UFPEL, falou sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde e meio ambiente em comunidades de trabalhadores do plantio de fumo na região de São Lourenço do Sul e ressaltou a importância de fazer-se uma conexão entre as doenças e a exposição crônica aos agrotóxicos e citou ainda a presença de agrotóxicos no leite materno. Ela também criticou a abordagem “vendida” feita pela mídia de que os agrotóxicos são necessários para a produção de alimentos, “quando o seu uso maciço é para monoculturas como fumo e soja, não utilizados na alimentação humana”, lamentou.

Ricardo Furtado, fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, analisou as formas de descontaminação dos aviões utilizados na pulverização das plantações, e destacou os pátios de descontaminação e filtros de Ozônio, que atendem a especificações do
Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Estas especificações fazem parte de uma lei nacional que visa apenas a pulverização por via aérea, ficando a terrestre para ser regulamentada pelos estados, “onde nada existe”, lamentou.





Márcio Freitas, coordenador de avaliação e controle de substâncias químicas do Ibama, destacou a presença de agrotóxicos não autorizados no território nacional, a contaminação dos lençóis freáticos e o trabalho realizado pelo Ibama relacionando o "sumiço" das abelhas, com a utilização, nas lavouras, de inseticidas do tipo fipronil e imidaclopride.

Após as palestras, foi realizada Mesa Redonda com Cíntia Barenho, assessora técnica ambiental da comissão de saúde e meio ambiente da Assembleia Legislativa, e Tatiane Nardotto, assessora jurídica parlamentar do Senado Federal. Cíntia defendeu subsídios para a agricultura ecológica, essencial para o abandono dos agrotóxicos. Também ressaltou a vitória dos movimentos sociais que impediram a aprovação de projeto de lei que permitia, no RS, a comercialização de agrotóxicos proibidos inclusive em seus países de origem. As participantes citaram a recente revogação, no Mato Grosso, de uma lei estadual de descontaminação terrestre, mantendo o status de maior consumidor brasileiro de agrotóxicos.


Agapan/ Ymara Mena Barreto
Imagem: Jarra/ Portal R7, Trator (Anvisa), Abelha (Ag. Estado)

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