Após ficarem sabendo, há pouco mais de um ano, sobre a
intenção de uma empresa de instalar uma mina de metais pesados nas proximidades
do rio Camaquã, as irmãs Márcia e Vera Colares, que residem em Bagé e têm
propriedade rural em Palmas, abraçaram a árdua missão de agregar forças para
defender os patrimônios ambiental e cultural da terra onde nasceram e vivem até
hoje.
"Nós temos essa visão coletiva de que a mineração não
combina com as nossas atividades aqui da região", diz Vera. "Como
vamos manter a qualidade dos nossos produtos sustentáveis se começarem a
contaminar com chumbo o Camaquã e as nossas propriedades", questiona.
A bacia hidrográfica do rio Camaquã, pertencente à Região
Hidrográfica das Bacias Litorâneas, está localizada na porção central do RS. Com
uma área de cerca de 21.657 km², abriga uma população estimada de 356 mil
habitantes e é uma das mais preservadas do estado. Com 28 municípios inseridos
em sua bacia hidrográfica, o rio Camaquã tem aproximadamente 430 km de
extensão. (Fonte: Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã)
A ameaça que já está tirando o sossego dos moradores do
local, mesmo sem ter ainda conseguido a licença prévia de instalação e operação,
tem nome e nacionalidades. O projeto Caçapava do Sul é gerido pelas empresas
Nexus Resourses, com escritórios em Luxemburgo, Nova Iorque, Peru e Brasil, e
pela canadense Imgold (I am gold, "Eu sou ouro", em Português).
A consciência das moradoras de Palmas e vizinhança, que
contam com o apoio de diversas entidades e alguns parlamentares e prefeitos de
cidades da região central do RS, reflete os princípios indicados para a prática
do desenvolvimento sustentável. "Antes mesmo de [sustentabilidade] ser um
termo usual, os nossos avós já agiam dessa forma", afirma Marcia Colares,
que salienta a forma respeitosa com que a flora e a fauna locais sempre foram
tratadas.
Agapan visita locais ameaçados e se integra à luta pela preservação
No dia 13 de janeiro (sábado), uma comitiva da Agapan, formada por membros da Diretoria, do Conselho Superior e colaboradores da entidade, saiu de Porto Alegre rumo a Palmas para encontrar as irmãs Colares e conhecer de perto o local ameaçado pelas mineradoras.
O associado Althen Filho,
diretor do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel),
aproveitou a ocasião para levar estudantes da Universidade para conhecer o
local da mineração (Minas de Camaquã) e regiões próximas (Palmas). Os
universitários tiveram a oportunidade de conhecer as opiniões dos moradores
sobre a questão.
Conforme explicou o presidente da Agapan, Francisco Milanez,
durante conversa às margens do Camaquã com os 27 estudantes do Instituto de Biologia da Ufpel que
acompanharam a atividade, a Metade Sul do Estado, que embora esteja sendo
considerada pobre [do ponto de vista econômico], ainda tem o Bioma Pampa
parcialmente preservado e pode optar pelo desenvolvimento sustentável. Ele
alertou sobre o fato de que atividades como a mineração impedem e destroem a
possibilidade de realizar um desenvolvimento sustentável na região, o que
enriqueceria toda a população ao invés de enriquecer apenas as empresas
estrangeiras. O ambientalista saliente que “o mais importante é que o
desenvolvimento sustentável mantém a qualidade de vida e saúde que está
diretamente ligada à não destruição do rio Camaquã e à manutenção do bioma
Pampa”.
Impactos sociais
Além dos prejuízos ambientais, com a destruição irreversível
do ambiente natural impactado, o setor de mineração é acusado, em diversos
locais do mundo, por crimes trabalhistas. Os impactos sociais ocasionados pelas
atividades de mineração, que interferem diretamente nos deslocamentos de
populações, afetam, de forma dramática, a cultura e a realidade local onde os empreendimentos
são instalados. Os passivos sociais e ambientais acabam sendo jogados sobre a
população local, enquanto os lucros das operações altamente degradantes são
remetidos para os países de origem das grandes corporações transnacionais
causadoras dos impactos. A destruição fica por aqui e as riquezas viajam de
primeira classe para o exterior.
Confira aqui o vídeo com a cobertura da
atividade.
Expedições Agapan
Em 2018, a Agapan realizará diversas viagens de observação.
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Podem participar associados e apoiadores da entidade.
Fonte: Imprensa Agapan
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