Ambientalistas da Agapan que subiram na chaminé para alertar a população de Porto Alegre, em Agosto de 1988. |
Mais
de 25 anos se passaram e hoje o 25º aniversário da subida da
chaminé será comemorado na Câmara de Vereadores da capital gaúcha,
no Plenário Ana Terra, às 18h30. Também estarão presentes os
ambientalistas que protagonizaram o ato e integrantes do Ocupa
Árvores, que acamparam e fizeram vigília durante 43 dias para
evitar o corte de árvores em função da duplicação da avenida
Edvaldo Pereira Paiva, a Beira Rio. Também será exibido Será
exibido o documentário "Tomada da Chaminé do Gasômetro: Não
ao Projeto Praia do Guaíba”.
“A
comemoração hoje, dos 25 anos da tomada da chaminé do Gasômetro,
objetiva chamar a atenção da opinião pública para um conjunto de
fatos que evidenciam que a Orla do Guaíba ainda não está com sua
integridade garantida para as futuras gerações”, lamenta o
presidente da Agapan, Alfredo Gui Ferreira, ao destacar, como uma
ameaça da Orla como espaço público as obras da Copa do Mundo. “O
cartão-postal de Porto Alegre ainda sofre estas ameaças e não está
totalmente seguro para ser uma área de parques, lazer, cultura,
esporte e preservação ambiental”, analisa.
OCUPAÇÃO
E RESISTÊNCIA
Em 29 de maio de 2013, em função das obras da Copa 2014 e sem discutir projetos urbanísticos e de mobilidade urbana alternativos com setores afins, o movimento ambientalista assistiu a retirada agressiva de 27 pessoas do Ocupa Árvores e a derradeira derrubada das 100 árvores.
Em 29 de maio de 2013, em função das obras da Copa 2014 e sem discutir projetos urbanísticos e de mobilidade urbana alternativos com setores afins, o movimento ambientalista assistiu a retirada agressiva de 27 pessoas do Ocupa Árvores e a derradeira derrubada das 100 árvores.
Juliana
Costa, integrante do Ocupa Árvores, foi uma das pessoas que resistiu
à derrubada e vai contar a história do grupo, e falar sobre o que
aprendeu com essa manifestação. “Tudo valeu a pena, o que não
valeu foi terem cortado as árvores. Acredito também que poderíamos
ter pensado em mais estratégias para mobilizar as pessoas, tivemos
muito apoio, mas não foi suficiente para a administração pública
reconsiderar o projeto”, observa Juliana, 32 anos. Ela tinha apenas
sete anos quando a população de Porto Alegre se deu as mãos no
chamado Abraço ao Guaíba, reunindo em torno de 12 mil pessoas entre
o Gasômetro e o estádio Beira Rio, e nem tinha nascido em 25 de
fevereiro de 1975, quando o militante da Agapan, Carlos Dayrell,
subiu em uma Tipuana, na avenida João Pessoa, em Porto Alegre, para
impedir que a mesma fosse derrubada. Aquele ato protagonizado por
Dayrell evitou também que outras árvores fossem cortadas. A
prefeitura visava construir o Viaduto Imperatriz Leopoldina naquele
local.
Para
Juliana, há similaridade no ato do Dayrell, que evitou o corte de
árvores na João Pessoa há quase 40 anos, e a vigília do Ocupa
Árvores. “No caso do Dayrell foi um ato individual e que chamou
atenção para esta importante questão que é a do meio ambiente e
das árvores na nossa cidade, expressando a resistência do cidadão
diante de uma política injusta”, afirma, ao destacar que, “por
outro lado, estávamos questionando também todo o projeto de
duplicação da Edvaldo e a utilização da Orla, que entendemos deva
continuar com o povo e não ser privatizada, como já foram tantos
outros locais queridos dos porto-alegrenses”.
A
"resistência" ficou como "marca" do Ocupa
Árvores, mas Juliana defende também a ocupação de espaços
públicos e política de rua. “São as armas que nós temos contra
as políticas de gabinete que decidem tudo a portas fechadas, pelas
costas da população”, defende.
HOMENAGEM
Os
quatro heróis de 25 anos atrás são Gert Schinke, Gerson Buss,
Sidnei Zommer e Guilherme Dornelles. Haverá exibição do
documentário "Tomada da Chaminé", produzido e editado por
Leonardo Caldas Vargas e apresentado por Simone Lazzari. Para a
conselheira e ex-presidente da Agapan, Edi Fonseca, “esse
documentário é um registro muito importante sobre este episódio,
que teve um papel fundamental na manutenção da nossa orla, sem
edificações”.
“A
Orla do Guaíba, este espaço nobre que faz parte da ecologia e da
identidade paisagística de Porto Alegre, ainda não está com a sua
integridade garantida para as futuras gerações”, alerta Celso
Marques , ao anunciar que os 72 km de Orla do Guaíba continuam
ameaçados e até hoje a Orla do Guaíba não foi privatizada pela
permanente mobilização da sociedade civil. “Precisamos lutar
contra a prefeitura, a construção civil e a especulação
imobiliária”, conclama Marques.
Para
os homenageados, é preciso resgatar o radicalismo do discurso
ecológico. "São lutas dignas que nos mantêm nesse
enfrentamento pelo respeito às leis", defende Gerson Buss. Para
Gert Schinke, "o assédio à orla deve acabar", afirma, ao
citar o Parque Marinha do Brasil como uma área resultante daquele
"áureo momento da militância ecopolítica,
que deve ser resgatada". Para Guilherme Dornelles, momentos como
esse alertam a população sobre o que os governos estão fazendo e
sobre as consequências dessas decisões políticas. “Falta
informação sobre os reflexos que a ocupação de morros e da orla
vão nos causar”, diz. Gerson Buss, ao reforçar a importância dos
cidadãos fiscalizarem as ações e atitudes dos governos.
Informações
Assessoria de Imprensa da Agapan/RS
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues
Assessoria de Imprensa da Agapan/RS
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues
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