29 dezembro 2011

Além da Quimera e realidade


O cenário muda rápido e o feedback positivo das mudanças climáticas é deveras preocupante. Aquilo que era quimérico há 20 anos atrás, quando comecei a inteirar-me das mudanças climáticas, está agora rondando a Eurásia: o derretimento do permafrost e a consequente emissão de metano.

Os modelos apontavam para isso, porém, a realidade é sempre mais estonteante do que a pior previsão...

Quando mostrava possíveis cenários para meus alunos, tudo se colocava como uma tendência de um futuro longínquo, e todos, talvez, com uma esperança que nada disso viesse a se confirmar.

As tendências de mudança climática são, de fato, irreversíveis.

Porém, colocar limites e objetivos a serem alcançados para atenuar efeitos das mudanças climáticas é um dos mais importantes e revolucionários princípios da cidadania planetária atual. Equivale a “Liberdade, igualdade e fraternidade” do século XVIII ou a “Terra, pão e liberdade” do século XIX.

Por mais que se diga que bem na linha de frente, para onde as pessoas correm, há um temível precipício, elas sequer tentam frear...

As mudanças são inauditas e como preparar a cultura humana para os desafios que estão aí é o principal paradoxo contemporâneo da cultura mais tecnologizada e informada que já houve... Parece que nos faltam autoridades antropológicas e é esse o papel dos movimentos sociais atuais: ter a força e a sabedoria do ancião, ao qual todos ouviam para saber qual o momento de plantar e de colher. Qual o momento em que o melhor é precaver-se e não lançar-se cegamente para o abismo.


Rualdo Menegat

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