20 março 2009

PROPOSTA DE EMPREGO

Guilherme Dornelles, Membro do Conselho Superior da Agapan

Precisa-se de pessoa que consiga convencer os políticos à não aprovarem financiamentos com verbas públicas (dinheiro dos impostos e outras receitas) para projetos ou para os chamados mega-empreendimentos ou pacotes tecnológicos, como por exemplo:


* implantação, duplicação ou quadruplicação de plantas industriais de papel e celulose que utilizam cloro no branqueamento do papel gerando os chamados “ultravenenos” ou dioxinas;


* construção de grandes e médias hidroelétricas que alagam terras férteis derrubam florestas, alteram o regime hidrológico das regiões, colocam em risco de extinção diversas espécies da flora e fauna e expulsam os agricultores que vão engrossar as favelas das médias e grandes cidades;


* plantio e comercialização de sementes transgênicas devido ao desconhecimento quanto aos seus efeitos nocivos à saúde humana, animal e ambiental e a dependência e segurança alimentar do nosso povo pelo patenteamento destas sementes pelas grandes indústrias de agrotóxicos (pagamento de “royalties”);


* construção de usinas atômicas para produção de energia elétrica, devido aos riscos de acidente nucleares ( Tchernobyl, Césio 137 em Goiânia) e a impossibilidade técnica de solução para disposição segura dos rejeitos radioativos – lixo atômico;


* monoculturas em grandes áreas da Amazônia e do Cerrado que venham substituir a vegetação original, cujo decréscimo vem provocando interferência na circulação atmosférica da umidade, trazendo como conseqüência mudanças perigosas no regime das chuvas e deslocamentos das massas de ar, tornando imprevisíveis a agricultura e a produção de alimentos;


* implantação de plantas industriais que introduzam produtos ou substâncias no ambiente com potencial estrogênico - que provocam diminuição da fertilidade em mamíferos, répteis e anfíbios e responsáveis por câncer de útero e de testículos, dentre outros - como plásticos à base de petróleo, detergentes, pvc, agrotóxicos, etc.; instalação de ERBs (antenas de celular) próximo à residências, locais de trabalho, áreas de lazer, etc. devido aos efeitos deletérios das ondas e campos eletromagnéticos não-ionizantes;


* produção de moradias energívoras ( edifícios acima de 05 pavimentos e ou prédios sem projeto de conservação de energia) e produção de moradias em grandes loteamentos em áreas de preservação permanente; construção de mega-estações de tratamento de esgotos ou obras que visem “levar” o esgoto para ser tratado em outra bacia hidrográfica;

NENHUMA POSSIBILIDADE DE PROGRESSÃO

SEMANA DE 07 DIAS

NÃO OFERECEMOS: vale alimentação, vale transporte, plano de saúde e aposentadoria;

SALÁRIO: nenhum

VAGAS: incontáveis

ENDEREÇO PARA CONTATO: AGAPAN

e-mail: agapan.comunica@gmail.com


Foto "Mãos fazem o pão" de Kriss Szkurlatowski/ Polônia


15 março 2009

Dia Internacional de Luta contra as Barragens



CONVITE

Participe da mobilização do Dia Internacional de Luta contra as Barragens

O Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente – MoGDeMA – retoma suas atividades de mobilização pública com uma mobilização pelo dia 14 de março, que é o marco na luta contra as barragens hidrelétricas. Convidamos todos para participar da mobilização neste domingo, dia 15, às 10h, no Parque Farroupilha, em frente ao Colégio Militar.

As entidades que compõem o MoGDeMA estarão divulgando seus trabalhos e ações referentes aos impactos socioambientais dos projetos hidrelétricos. O MoGDeMA é uma articulação que reúne ONG's ambientalistas, movimentos sociais do campo e da cidade, sindicatos, representantes de classe, lideranças religiosas, estudantes, professores, pesquisadores e demais lutadores sociais. Surgiu em decorrência da situação de crise deliberada e progressiva da gestão ambiental no Rio Grande do Sul. E visa ações conjuntas que fortaleçam as políticas públicas em defesa da natureza, promovendo o debate e a luta socioambiental, propondo a reflexão crítica ao modelo de desenvolvimento predatório hegemônico, e construindo as bases sociais para um novo modelo com sustentabilidade ambiental.

O MoGDeMA é um espaço universal e plural, aberto a homens e mulheres, instituições e movimentos sociais. Acesse a Carta de Princípios http://mogdema.blogspot.com/ . Neste endereço eletrônico também existe uma relação de atividades desenvolvidas no ano de 2008.

Agradecemos desde já e contamos com sua participação!

11 março 2009

Era uma vez um Planeta


Pode ser que, em poucas décadas, os historiadores escrevam a história da nossa época mais ou menos nos seguintes termos: agora que o setor privado ocupou seu devido lugar como principal implemento de práticas sustentáveis, simplesmente porque elas funcionam melhor e custam menos, o enfoque das décadas de 1970 e 1980 da microadministração por intermédio de regulações governamentais intensivas é apenas uma triste recordação. As batalhas entre a indústria e os ambientalistas limitam-se aos países atrasados, onde as indústrias ineficientes e poluentes se agarram à vida por trás do escudo do planejamento central.

Hoje as questões decisivas, para as indústrias sensatas e bem-sucedidas_ sendo que ambas são cada vez mais idênticas_ referem-se não a como produzir melhor os bens e os serviços necessários à satisfação da vida_coisa já resolvida_mas ao que vale a pena produzir, ao que nos tornará seres humanos melhores, a como deixar de tentar fazer necessidades imateriais com meios materiais, e ao quanto é suficiente.

Para muitos, a perspectiva de um sistema econômico baseado no aumento da produtividade com que utilizamos o capital natural, eliminando o conceito de desperdício e reinvestindo nos sistemas vivos da Terra e nas pessoas, é de tal modo otimista que chega a questionar sua viabilidade econômica. Para responder a essa pergunta, basta invertê-la e indagar: como nos foi possível crirar um sistema econômico que nos diz que é mais barato destruir a Terra e exaurir as pessoas que nutrir ambas?

É racional ter um sistema de preços que vende o passado e cobra o futuro? Como foi que criamos um sistema econômico que confunde liquidação do capital com renda? Devastar os recursos para auferir lucros está longe de ser justo, destruir as pessoas para elevar o PIB não aumenta o nível de vida e arruinar o meio ambiente a fim de obter crescimento econômico nada tem de econômico nem de crescimento.

Para que pessoas gozem de mais bem-estar não são necessárias novas teorias, basta o bom senso, basta partir da simples proposição segundo a qual todo o capital tem valor. Embora talvez não exista uma maneira "certa" de avaliar uma floresta, um rio ou uma criança, o errado não é lhes atribuir valor nenhum.

Se há duvidas sobre como avaliar uma árvore de setecentos anos, mais vale perguntar quanto custaria criar uma nova. Ou uma nova atmosfera, ou uma nova cultura. O que há de notável neste período histórico é o grau de consenso que está se formando globalmente sobre a relação entre os sistemas humanos e os vivos. As dezenas de minhares de organizações que trabalham por um mundo sustentável são, no conjunto, diversificadas, locais, mal financiadas e frágeis.

Espalhadas pelo mundo, da Sibéria ao Chile, do Quênia ao Bozeman, no Estado de Montana, as pessoas e as instituições estão se organizando para defender a vida humana e do planeta. Embora em grande parte descoordenadas e desvinculadas entre si, as incumbências, as diretivas, os princípios, as declarações e outras afirmações de propósito delineados por esses grupos são extraordinariamente constantes. Atualmente estão se juntando a elas as vozes mais graves das organizações internacionais e de empresas grandes ou pequenas.


Fonte: HAWKEN, Paul; LOVINS, "Capitalismo Natural", pgs 300-301, Editora Cultix-Amana -Key,

09 março 2009

Uma Tragédia Urbana

A última peça de ordenamento urbano abrangente, em Porto Alegre, foi o Plano Diretor que gerou a L.C. 43/79. Ele tinha parâmetros de "controle real" sobre as constantes investidas especulativas imobiliárias, que sempre reivindicaram mudanças de conceitos e aplicabilidade desta ferramenta. Esta lei normatizou com regras claras, o crescimento desta cidade, com suas consolidadas interações e intervenções. Foi injustamente confundida como um programa da Ditadura Militar, então no Poder.

Tanto é assim que, a partir da década de 80, de maneira sorreteira, infiltrou-se, no ambiente de discussão das questões urbanas de Porto Alegre, um forte lobby empresarial, contra a lei do Plano existente. Ao se permitir, no âmbito municipal, por volta de 1986, a duplicação das alturas dos prédios, fixados por aquela lei, elaborou-se aí a primeira novidade urbanistica, sem nenhuma análise prévia. Com isso, iniciou-se a destruição da vocação unifamiliar de vários bairros como o caso do Bairro Bela Vista, ao se substituir as casas por grandes edificações verticais e desmontando as características morfológicas dos espaços, retirando das ruas, em sua convivência social e ambiental, os pedestres locais. Ausencia e desconhecidos transeuntes, vieram substituir o tipo de presença naqueles lugares. Com estas edificações novas, foram agregados os automóveis, extranhos , indiferentes e poluitivos.

Mas, passados 10 anos, evoluiu-se para novos conceitos conhecidos como Estratégias de Desenvolvimento Urbano. O novo estudo de Plano Diretor, em andamento, foi sustentado por grupos interessados no desmonte do antigo plano em vigor, e sem a participação popular expressiva. Marcou, no entanto, presença forte de técnicos e empresários da construção civil. Isto significou que foi no assento deste novo agente, chamado Poder Econômico – que nasceu o atual texto da L.C. 434 – PDDUA, aprovado em 1999.

Na época, este plano notabilizou-se, por sua ampla divulgação. A posteriori, deu-se a conhecer o texto original do seu projeto, entre eles uma negociação previamente acordada em edificações, na parte conhecida como Projetos Especiais. Esta negociação foi revista por ações externas, que influiram nas decisões dos vereadores desta cidade. Deste feito, o documento final resultou eivado de interpretações dúbias e confusas, até em sua organização textual. A única parte realmente interessante como proposta é sua JUSTIFICATIVA inicial.

Uma avalanche de projetos novos da construção civil para aprovação na Prefeitura, se fizeram sentir, neste decenio. Portanto, a atual Administração Municipal, em razão do atropelo, e do jogo politico que se instalou nos corredores municipais, não encontrou tempo para estudos de outros projetos alertados nesta importante Lei. As diversas regulamentações necessárias previstas, deixaram muito a desejar. O que nos resta a dizer é que, hoje, a cidade mostra o que se exige dela: a retalhação urbana para possibilitar uma nova fisionomia urbanística. Para atingir este objetivo, provocou-se uma aceleração sem precedentes, para aprovar projetos – com suas razões não devidamente esclarecidas à população -. Com diretrizes orientadas por um orgão chamado CAUGE, alem da receptividade dócil do CMDUA ao novo Sistema, forçou também uma agilização. Foram poucos os debates entre os integrantes deste Conselho, face sua composição deliberativa, com maioria esmagadora de defensores e aliados do Poder. Este procedimento, foi copiado de muitas cidades brasileiras, principalmente São Paulo. Demonstra-se aqui o dominio do poder econômico, de maneira universal, levando às cidades, a ser um produto, como uma mercadoria, para lucro e usura. É a tese do Mercado "laisser faire". Assim , o que mais impressiona, é que os encaminhamentos, as posturas e as exigências para viabilizar empreendimentos de grande porte têm a mesma orientação em qualquer lugar do mundo, como um catecismo bíblico. Exemplo: até agora aguardamos o cumprimento do Estatuto da Cidade e a lei complementar do EIV – Estudo de Impacto de Vizinhança. Os resultados desta demora, tambem comuns em outras comarcas ,é boa para quem?

O ingresso incrivel de automóveis na malha urbana, onde a circulação viária sofre um descontrole , supera e despreza os pedestres, traz insegurança generalizada. As vias, por não ter freamento com propostas para este estado de coisas, transformaram-se em pistas perigosas e barulhentas.

Mesmo assim, este novo Plano Diretor não serve mais aos interesses dos empreendedores. Eles querem mais... e para isso apresentam projetos à feição dos seus interesses privados, caso a caso, tudo como "Projetos Especiais", tais como o Pontal do Estaleiro para a Ponta do Melo, o prédio de escritórios do Shopping Praia de Belas, os estádios da dupla Grenal e áreas circundantes, o aumento do Shopping Iguatemi e as 4 torres de 95 metros de altura do Barra Shopping, desfigurando, por fim, a cidade de Porto Alegre como Cidade Sorriso. Mas virão mais. São "planinhos diretores" pontuais, com alterações de conveniência para o setor privado. Temos hoje, então, uma cidade falsa, virtual, socialmente separatista, referendada pela municipalidade e grupos empresariais. Existem apreensões agora pelo perigo que ronda a Orla do Guaiba, em novos empreendimentos. Sua característica formal, cultural e patrimonial, e sua saudável linearlidade, onde o por do sol é extraordinário, até como referencia turistica para uso de seus cidadãos, é submetiida a um tumultuado jogo de interesses de grupos especulativos, ao requerer e priorizar a Orla para grandes negócios. Com isso, afastam cada vez mais a população de baixa renda, tirando-lhes a cidadania e, em troca, devolve-lhes o estigma de párias ou criminosos sociais.

Ao não se aplicar mais o documento legal em vigor, em sua maneira concebida e submetida como é a constantes alterações, (LC 434/99) despresa-se a Sustentabilidade - um termo tão em moda - , e cujo real significado é colocar, em um mesmo plano, os interesses sociais, ambientais e econômicos. Tal padrão para que tenhamos um salutar equilibrio, não está acontecendo, pois advem de muitos pareceres interpretativos, que estão levando a graves decisões processuais no Municipio. Acentuamos aqui, na espécie, a repetida mudança dos Regimes Urbanisticos, demonstrando com isso a fragilidade pública oficial, e desconsiderando a sociedade como um todo. Pois a comunidade participativa, aumentam suas vozes, inconformadas e revoltadas, e cada vez mais expressivas. Não se está mais aceitando o açodamento de retirar a qualidade de vida, das populações e dos ecossistemas, graças a esse Poder Econômico, que tem a última palavra em tudo. Apoia-se e respeita-se as Leis deste País, quando elas têm visão social e ambiental, inequivoca.

É dever defender o patrimonio público conforme sua interpretação legal, conforme a Lei Orgânica do Municipio instrui. A Câmara Municipal parece desconhecer sua legislação maior, diante dos recentes acontecimentos que envolvem a ocupação da Ponta do Melo, na Orla. Pensem nisso, cidadãos de Porto Alegre. Muito obrigado.

Porto Alegre 05 de março de 2009

Arq. Nestror Ibrahim Nadruz,

Representante da AGAPAN no Fórum de Entidades da Câmara Municipal de Porto Alegre