26 novembro 2008

MOBILIZAÇÃO DOS GAÚCHOS CONTRA O AQUECIMENTO GLOBAL MANIFESTO

Nós, comunidade do sul do Brasil, fomos afetados pelo Furacão Catarina em março de 2004, o primeiro furacão na história do Atlântico Sul, o qual atingiu severamente nossas cidades, nossos recursos naturais e a vida de milhares de pessoas.

Nós, que já sofremos com enchentes, estiagens e tornados e prejuízos na agricultura estamos cientes e preocupados com as conseqüências das mudanças climáticas e reconhecemos nossa situação de vulnerabilidade.

Estamos presenciando rapidamente os impactos do aquecimento global: o perigo é imediato, e não apenas no futuro. Grandes alterações climáticas já estão acontecendo, tanto mais rapidamente e com menor aumento da temperatura global do que se projetava.

Os pontos críticos do clima já foram cruzados quando foi ultrapassado o nível de 300-350 ppm de dióxido de carbono na atmosfera, situação atingida antes da década de 1990. (James Hansen do Instituto Goddard / NASA)

A faixa de segurança climática para nossa civilização implica em um retorno ao nível de 320e ppm de CO2 e uma redução de 0,5 °C da temperatura atual.

Exigimos que o governo brasileiro:

· Execute uma política de redução das emissões antrópicas por carvão, derivados do petróleo, queimadas agrícolas e desmatamento no território nacional com o objetivo de atingir com sucesso, até 2014, a meta internacional de redução das emissões globais em 60% em relação aos níveis de 1990.

· Reconheça que os pontos críticos do clima mundial já foram cruzados quando foi ultrapassado o nível de 300-350 ppm de dióxido de carbono na atmosfera, situação atingida antes da década de 1990. (James Hansen do Instituto Goddard / NASA).

· Reconheça que a faixa de segurança climática para nossa civilização implica em um retorno ao nível de 320e ppm de CO2 e uma redução de 0,5 °C da temperatura atual.

· Reconheça que as trágicas conseqüências do aquecimento global já estão ocorrendo no presente, atuando com mais firmeza e responsabilidade no âmbito nacional e internacional.

· Reconheça que a maneira mais eficiente de enfrentar o aquecimento global é a declaração de um estado de emergência institucional declarado unilateralmente por cada pais consciente da grave situação atual, caso não houver consenso na adoção de medidas eficientes entre as nações ainda em 2009, na reunião da COP-14 na Dinamarca.

· Reconheça que o futuro da civilização, ameaçada pelo aquecimento global implica numa mudança profunda da matriz energética mundial e brasileira priorizando, inclusive financeiramente, o uso das energias renováveis: fotovoltaica, termo-solar, eólica, geotermal, energia da biomassa e hidroelétrica.

· A geração de novas centrais hidroelétricas só será permitida em casos que não comprometam a biodiversidade e os bancos genéticos naturais e que seja retirado à vegetação e o solo das áreas a serem inundadas afim de não emitir metano.

· Cobre dos países desenvolvidos a redução de emissões de gases de efeito estufa e os custos de adaptação.

· Invista na implementação de medidas e programas de eficiência energética e energias renováveis.

· Determine o fim das queimadas e o desmatamento na Amazônia.

· Responsabilize-se pela redução das atuais emissões brasileiras de gases de efeito estufa.

· Determine a gradual paralisação das termelétricas a carvão em operação no sul de SC e no RS, maiores emissores de GEE por unidade de energia gerada, e abandone os planos de implementação de novas usinas termelétricas a carvão no Brasil.

Exigimos que os países desenvolvidos:

· Dêem os primeiros e efetivos passos na redução de emissões de gases de efeito estufa

· Determinem o fim da extração de combustíveis fósseis para uso energético.

· Determinem políticas de eficiência energética como prioridade

· Paguem os custos de transição energética

· Financiem as energias renováveis

· Financiem os custos de adaptação dos países em desenvolvimento

· Reduzam drasticamente seu consumo insustentável

· Assumam compromissos éticos e financeiros para deter o aquecimento global.


Nós, que vivemos no local onde o aquecimento global é notório, estamos unidos num movimento mundial por Justiça Climática, para que nossas vozes sejam ouvidas.

Nós exigimos que os governantes nos escutem, olhem para nós e atuem com a responsabilidade necessária a fim de possibilitar um futuro saudável a nos e ás próximas gerações.

Porto Alegre, 22 de novembro de 2008.

AGAPAN

Amigos da Terra

Associação de Produtores Ecológicos Solidários do Rio Grande do Sul

Cooperativa Arco-Íris

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