23 maio 2014

O Veneno está na Mesa II


O Veneno está na Mesa II é lançado em Porto Alegre

Foto de Edi Fonseca/Agapan
Mais de 70 pessoas lotaram o Plenarinho da Assembleia Legislativa em Porto Alegre para o lançamento do filme "O Veneno está na Mesa II". O lançamento aconteceu no final da tarde desta quinta-feira (22/5) e foi organizado pela Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) e promovido pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida. Após a exibição do filme, dirigido pelo cineasta Silvio Tendler, houve debate com Sebastião Pinheiro e Daiana Machado (Via Campesina).

Com o tema "Agroecologia para alimentar o mundo com soberania para alimentar os povos", O Veneno Está Na Mesa II atualiza e avança na abordagem do modelo agrícola nacional atual e de suas consequências para a saúde pública. Isso ocorre após O Veneno está na Mesa (I), do mesmo diretor, impactar o país mostrando as perversas consequências do uso de agrotóxicos.

Foto de Edi Fonseca/Agapan
EXPERIÊNCIAS
Nos mais de 70 minutos de duração, o filme apresenta experiências agroecológicas desenvolvidas em todo o Brasil, incluindo do RS, como na região fumageira do Vale do Taquari, mostrando as consequências e impactos dos agrotóxicos e do modelo de “servidão”com que os produtoes são tratados pelas empresas de fumo, “que nada tem a ver com a lógica camponesa de trabalho”, compara, no filme, Paulo Petersen, coordenador Executivo de Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), assim como a organização de uma cooperativa de assentados da reforma agrária de Nova Santa Rita, que produz arroz orgânico e destina a produção aos programas Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e de Aquisição de Alimentos (PAA), garantindo alimentos saudáveis para escolas, creches e asilos.

O filme fortalece a existência de alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis, que respeitam os ciclos da natureza e a rica diversidade brasileira, com depoimentos de trabalhadores rurais e de consumidores.

Sebastião Pinheiro - Foto de Edi Fonseca/Agapan
DENÚNCIAS
Com denúncias do abuso cometido por seis grandes corporações, que dominam 68% do mercado de agrotóxicos, o filme enumera, no Brasil, 130 empresas fabricantes de agrotóxicos, números que conferem ao Brasil o título, desde 2009, de ser o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Cada brasileiro, adulto ou criança, homem ou mulher, de qualquer raça ou credo, consome 6,2 de agrotóxicos. Já no RS, de acordo com reportagem veiculada no Zero Hora desta sexta-feira, dia 23/5, o consumo hoje é de 8,3 litros/habitante/ano. O documentário mostra também os benefícios do consumo de frutas e hortaliças, mas comprova que, com o uso de determinados venenos, esses alimentos podem causar câncer e degenerações no sistema nervoso, entre outras doenças.

No caso do tabaco, são 42 tipos de agrotóxicos, e os depoimentos são de arrepiar, pois vão de dor do estômago à morte, incluindo a denúncia de suicídio de uma agricultora gaúcha após indústrias fumageiras, com respaldo judicial e apoio da polícia, praticarem o chamado aresto, uma medida, ação ou decisão final para resolver problema e/ou dificuldade, seguido de recolhimento do produto, no caso o fumo.

Alfredo Gui Ferreira, presidente da Agapan - Foto de Edi Fonseca/Agapan
AGROECOLOGIA
Como alternativas, o filme garante a agroecologia como uma alternativa possível, por não contaminar nem cometer injustiças sociais. Os adubos naturais, com a utilização de minhocas e os biofertilizantes, assim como as agroflorestas, as feiras e a independência garantida pela produção de sementes, especialmente as crioulas, são destacadas como experiências positivas. Exemplo disso é o trabalho da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), que integra 428 famílias de 48 grupos de produtores. A produção do arroz na região começou em 2001, com a troca de experiências entre os agricultores assentados da reforma agrária para definir um modelo viável de produção e comercialização do arroz agroecológico. No último dia 2 de maio, a Cooperativa completou 20 anos.

A drástica situação dos indígenas, como os Kariri, que pedem socorro para o fim do uso de agrotóxicos, e das abelhas que, exterminadas, colocam em risco a polinização da natureza e, assim, a perpetuação da vida, também chama a atenção no novo filme de Sílvio Tendler, que mostra ainda a resistência de agricultores da chapada do Apodi, no Rio Grande do Norte, expulsos de suas produtivas terras por interesses das grandes corporações e a partir de Medida Provisória assinada pela presidenta Dilma Rousseff, e os impactos da velha conhecida e criticada transposição do rio São Francisco, que corta o Nordeste do Brasil, pelos impactos provocados em “defesa” da irrigação contaminada por agrotóxicos, entre outros, que vão da qualidade do solo ao clima, afetando a vida e a cultura dos moradores ribeirinhos atingidos pela obra.

Ao final, o documentário questiona em qual mundo queremos viver, se de doenças e terra arrasada, ou se um modo de vida de diversidade, natureza e de liberdade.

Os próximos lançamentos do filme O Veneno está na Mesa II acontecem em Pelotas, no dia 7 de junho, e em Santa Cruz do Sul, no dia 10. Estão sendo programados também em Palmeira das Missões, Santa Maria e Frederico Westphalen. Em Porto Alegre, a Emater/RS-Ascar vai exibir o filme durante a Semana do Meio Ambiente, entre 2 e 6 de junho, no auditório do Escritório Central.

Mais informações pelo http://www.contraosagrotoxicos.org/ ou pelo www.agapan.org.br

Assessoria de Imprensa da Agapan
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues-51-9813-1785

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