30 março 2012

Transgênicos, péssimo negócio!


Milho transgênico rende 93% menos que o convencional em Santa Catarina  

Car@s Amig@s,

Análise dos custos de produção do milho convencional e do transgênico elaborada pela Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos (SC) mostra que o plantio do milho transgênico eleva o custo de produção e que a produtividade esperada é a mesma [1]. Os dados foram apresentados em evento realizado pela Embrapa Milho e Sorgo no início de março na cidade mineira de Sete Lagoas.

Na planilha de cálculo apresentada pela Copercampos o item “insumos” aparece agregado, ou seja, as despesas com sementes, adubos e agrotóxicos não estão descriminadas. Para o milho convencional gasta-se com insumos R$ 1.199,52 por hectare, contra R$1.392,76 para o transgênico. É possível que a diferença seja explicada pelo preço mais elevado da semente modificada. Neste caso, os dados também sugerem não haver redução no uso de agrotóxicos, ao contrário do propalado pela indústria. No cômputo geral, o produtor convecional gasta R$ 1.928,65 para plantar um hectare de milho, enquanto o produtor que adotou variedades transgênicas gasta R$ 2.156,13 para a mesma área.

Ainda de acordo com os números da Copercampos, em 2011 a diferença de rentabilidade foi de 93%, com o convencional apurando R$ 472/ha e o transgênico, R$ 244,00. Esses dados consideram a saca de milho de 60 kg vendida a R$16,00. A produtividade considerada foi de 9 toneladas/ha.

Segundo dados da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural de Santa Catarina), o rendimento médio do cereal no estado em 2010/2011 foi de 6,66 t/ha. Para 2011/12 a previsão é de 6,76 t/ha. Assim, em 2011 o convencional teria prejuízo de R$ 152,65/ha e o transgênico prejuízo de R$ 380,13. Em 2012, mantendo-se o preço do grão em R$ 26, que está próximo do praticado hoje, e aplicando-se a produtividade prevista pela Epagri, o convencional obterá receita de R$ 1.001,00/ha e o transgênico, R$ 773,00. Quase 30% menos, o que significa gastar o equivalente a quase 5 toneladas de milho para colher 6,7t.

Também em Santa Catarina, na região do Planalto Norte, propriedades em início de transição agroecológica acompanhadas pela AS-PTA produziram em média 4,2 t de milho/ha na safra 2008-09, com custo médio de R$ 200,00/ha. Esses produtores apuraram receita líquida de R$ 980,00/ha. Note-se que nesse ano foram registradas fortes perdas na região por adversidades climáticas.

Segundo o agrônomo da Copercampos Marcos André Paggi, "ainda não dá pra enfatizar, na nossa região, grande aumento da produção de milho" por causa da opção pelos transgênicos [2].

29 março 2012

Homenagem a querida conselheira Rosane Marchetti


A AGAPAN, parabeniza a nossa querida Conselheira Rosane Marchetti, grande ativista das causas ambientais e sociais pelo merecido prêmio.Medalha da Cidade de Porto Alegre


Texto do facebook da SEDA
A jornalista Rosane Marchetti foi indicada pela Secretaria Especial dos Direitos Animais (SEDA) para receber a Medalha Cidade de Porto Alegre. O evento, que acontece no próximo dia 29 de março, às 20h, no Cais Mauá, talvez seja mais importante à SEDA do que à homenageada. Há muitos anos, Rosane é protetora dos animais, e, desde agosto de 2011, dedica-se, também, à própria vida e à vida de milhares de mulheres que enfrentam o câncer de mama.

“A notícia de um câncer rouba tudo da gente, principalmente, o sonho de que não somos para sempre. Todos os dias as pessoas me param nas ruas para me dar carinho e contar a história de alguém que conhece e sofre o mesmo problema. Me emociono sempre, porque é muito triste e difícil enfrentar um câncer. Eu me sinto prestigiada, porque descobri o tumor no seio esquerdo logo no início. Mas e aquelas mulheres que não sabem que tem a doença e, quando descobrem, enfrentam filas e o tempo para o tratamento? Eu entrei nesse batalha para defender algo a que as mulheres têm direito. Assim como eu, elas têm que trabalhar, cuidar de casa e de filhos, e não são mulheres de 40 anos, são mulheres com menos de 30 anos que, muitas vezes, têm que recorrer à Justiça para conseguir a medicação”, conta.

Os animais junto na batalha
Além do carinho da família, dos amigos e de pessoas que nunca ouviu falar, Rosane Marchetti conta com o apoio e o amor incondicional dos quatro gatos que tirou da rua e levou para casa. “Os animais fazem parte desse ‘pacote’ de apoio que tenho recebido, entendem tudo o que estou passando e sabem quando eu preciso, agora mais do que nunca, da companhia deles”, diz Rosane, acrescentando que nas temporadas fora de casa para cuidar da saúde, na volta, eles fingem que não a veem chegar porque estão tristes.

Ela já perdeu a conta de quantos cães, gatos e cavalos já socorreu, “mandou arrumar” e conseguiu um novo lar. Mais do que o carinho dos felinos, o que deixa a jornalista feliz e fortalecida é a mobilização em torno dos animais. “Já fiz várias matérias sobre animais e o que acontece em Porto Alegre é algo de Primeiro Mundo. Tenho visto ônibus estampando na parte traseira a campanha da SEDA contra o abandono, que diz o seguinte: "Dono Desaparecido". Eu tenho muito orgulho da cidade em que moro”.

Ludwig Buckup: um pouco da história do homenageado



O Biólogo e Professor Dr.Ludwig Buckup viveu sua infância em um ambiente familiar que privilegiava o contato com a natureza. No sítio da família, na margem da Represa Guarapiranga, em São Paulo, plantavam-se árvores nativas brasileiras e a proteção dos animais era assunto de alta prioridade. Na escola, teve professores com visões modernas sobre o ensino das ciências, que realizavam excursões com seus alunos para a observação de plantas e animais nas matas que naquele tempo ainda cercavam a capital paulista.

Consolidou-se, desta forma, a forte inclinação de Buckup para a Biologia, resultando em sua decisão de graduar-se pelo Curso de História Natural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, cidade que adotou para viver. Como bolsista do DAAD na Alemanha, obteve o doutorado em Zoologia. Nesse País conheceu de perto os resultados da implementação de políticas voltadas para uma efetiva proteção ambiental nos paises europeus. Durante seus cinqüenta e dois anos de docência na UFRGS, desde 1959, preocupou-se fortemente com uma formação universitária que fosse muito além da simples transferência de saberes acadêmicos, procurando preparar os futuros biólogos para uma postura pessoal e profissional voltados para a conservação da biodiversidade e para a educação ambiental para todos os segmentos da sociedade. Ainda na UFRGS criou o primeiro curso de bacharelado em Ecologia do país e foi o primeiro Coordenador do Curso de Pós-graduação em Ecologia. Entre os numerosos biólogos que Buckup orientou em suas pesquisas a nível de graduação, mestrado e doutorado, surgiram profissionais que hoje ocupam posição de destaque nos diversos sistemas administrativos públicos regionais e nacionais ligados ao meio ambiente.

No inicio da década de 50 começou a acompanhar os trabalhos de pesquisa e de ambientalismo do Padre Balduino Rambo S.J., inclusive acompanhando-o em muitas jornadas de campo. Foi convidado por Rambo como seu assistente na recém criada Divisão de Cultura do Governo do Rio Grande do Sul, onde Buckup obteve êxito em sua proposta de criação de um Museu de Ciências Naturais, órgão que chegou a dirigir anos mais tarde. A Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul é uma instituição resultante daquela decisão inicial que hoje continua voltada para o inventariamento da biota e dos ambientes naturais sulriograndenses.

Desde a sua vinda ao Rio Grande do Sul, em 1951, Buckup testemunhou de perto as profundas transformações que as paisagens gaúchas vinham sofrendo com a continua ampliação dos espaços urbanos e a expansão das atividades agrícolas e industriais. No entanto, sempre negou-se a permanecer como mero expectador das mudanças, preferindo agir como manifestante, relator para a imprensa, crítico público e conselheiro técnico-científico para a implementação de políticas públicas voltadas para o meio ambiente.

Convidado por José Lutzenberger, participou da criação da AGAPAN, empenhando-se nas fortes campanhas públicas preocupadas com a deterioração da qualidade do ar e das águas no espaço metropolitano da capital gaúcha. Mais recentemente, integrou o grupo que criou a Organização Não Governamental IGRÉ, da natureza sócio-ambiental, onde encontrou espaço privilegiado para numerosas campanhas públicas ligas ao movimento ambientalista.

Foi pioneiro nas manifestações relacionadas com a expansão desordenada de plantios de árvores exóticas na silvicultura, em especial no nosso estado. Ampliando sua integração na vida social e cultural do Rio Grande do Sul, Buckup teve a oportunidade de presidir a Fundação Orquestra Sinfônica do Rio Grande o Sul durante um período de grande efervescência musical do Brasil meridional. Destaca-se, ainda, a sua atuação exitosa durante os quatro anos em que colaborou com a administração superior da UFRGS, na condição de Pró-Reitor de Extensão Universitária, criando espaços à participação da comunidade universitária na vida cultural da cidade.

PARABÉNS PROF. BUCKUP

Parabéns Professor Ludwig Buckup pela justa e merecida homenagem dedicada ao senhor pela Prefeitura de Porto Alegre materializada pela outorga da " MEDALHA CIDADE DE PORTO ALEGRE "!!!

A AGAPAN sente-se profundamente profundamente orgulhosa em tê-lo como associado há tantos anos!

Agradecemos a sua sensibilidade humana e ambiental em prol da coletividade de Porto Alegrense, gaúcha e brasileira!

Um fraterno e ecológico abraço do senhor e a sua distintíssima família!

Dos amigos da AGAPAN






ENTREVISTA SOBRE O CURSO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

CURSO GRATUITO SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PROMOVIDO PELA ESCOLA DE GOVERNO


26 março 2012

Tremendo Impacto do Projeto Pai Querê aparece na audiência pública


Em audiência pública, críticas ao projeto de Pai Querê objetivam impedir sua licença, pelos impactos ambientais e sociais

Críticas à qualidade técnica do Estudo e ao Relatório de Impacto Ambiental (Eima-Rima) da Hidrelétrica de Pai Querê, que pode represar o Rio Pelotas, na divisa entre RS e SC, conduziram as oito horas de Audiência Pública, realizada na noite de sexta-feira (23/3) em Porto Alegre. Entre vaias e aplausos, mais de 300 pessoas, entre técnicos, professores, estudantes universitários e ambientalistas, além de representantes de setores da economia do município de Bom Jesus, um dos atingidos pela Hidrelétrica, permaneceram nas dependências do Sindicato dos Engenheiros do RS (Senge) até às 3h de sábado. Foram muitas as manifestações, que contribuirão para o Ibama definir sobre a questionada liberação da obra, cujo custo está orçado em R$ 1 bilhão. O que não está calculado é o custo ambiental e social que essa obra pode causar na região, o que motivou críticas ao projeto e aos estudos.
A “novela” Pai Querê é antiga, data dos anos 70. Na verdade, segundo o Programa de Aceleração do Crescimento, a hidrelétrica estava prevista para estar funcionando desde abril de 2008. Mas existem muitos impedimentos pela inviabilidade ambiental da obra, que ainda está sendo discutida, no Ibama, ademais depois da desastrosa UHE Barra Grande. Os 334 proprietários que podem ser atingidos não são considerados nem pelas empresas, nem pelo Ibama, que tem sido vítima de constantes mudanças na sua Presidência, cada uma “afrouxando” mais os processos de licenciamento. Ambientalistas questionam a construção da hidrelétrica, que pode alagar 4 mil hectares de florestas e mil hectare de campos nativos, o que totaliza centenas de hectares de florestas em estágio avançado de sucessão que serão perdidos. Isso tudo para produzir 292MW, “pouco, pelos estragos que vai causar”, critica a ambientalista da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Edi Fonseca. “Por que sempre alagam as áreas mais bonitas, preservadas e ricas em biodiversidade”, questiona.
Durante a audiência, várias manifestações contrárias ao empreendimento foram protocoladas, entre elas a do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (que reúne órgãos governamentais e não governamentais do Estado) “Desde 2003 nos manifestamos contra esse licenciamento”, diz Maria Isabel, ao destacar que em 1994 a área foi tombada pelo Iphae (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado), pelo seu valor ambiental, ou alta biodiversidade, como define o Ministério do Meio Ambiente. Para ela, o impacto da hidrelétrica deve ser visto em conjunto com as barragens de Machadinho e Barra Grande. “O conhecimento dos impactos ambientais e sociais já estão consolidados e nos faz concluir que o empreendimento é inviável”, critica a representante do Comitê.
Mais de 30 técnicos da Fundação Zoobotânica do RS também se manifestaram insatisfeitos com o estudo, e questionam a sub-valorização da importância biológica e ecológica da área, pelos impactos na região. “Temos convicção que, pelos atributos ecológicos, a área, com floresta de araucárias e campos nativos, é insubstituível e os danos não poderão ser compensados por quaisquer medidas que possam ser apresentadas”, lê o documento o técnico Marco Azevedo, ao afirmar que “a liberação de Pai Querê não se justifica”.
O Ingá Estudos Ambientais também entregou uma manifestação ao Ibama, com 25 considerações, e pede respostas individuais. “Queremos que cada indagação a respeito do projeto seja respondida”, diz Eduardo Luís Ruppenthal, professor de Biologia e mestre em Barragens pela Ufrgs. As ONGs Curicaca, Mira-Serra e Igré também participaram da audiência.
O Ibama vai analisar as gravações e os documentos protocolados. As entidades podem encaminhar laudos e pareceres técnicos ao Ibama num prazo de 15 dias, a contar da audiência. O Instituto tem de 60 a 90 dias para então divulgar o parecer técnico da construção de Pai Querê. A avaliação do impacto ambiental vai definir se a obra é viável.

ENDEMISMO
“Os danos são gravíssimos e irreversíveis”, afirma Demétrio Guadagnin, professor de Ecologia pela Universidade Federal de Santa Maria, onde desenvolve pesquisas de conservação e manejo da vida silvestre. Segundo ele, a área é prioritária para a conservação e o trecho selecionado para o empreendimento é o de maior diversidade, com remanescentes da Mata Atlântica, espécies em risco de extinção, como o Queixada, e endêmicas, que ocorrem somente nesse bioma. “Se a obra acontecer, o Rio Pelotas vai deixar de existir e se transformar numa sequência de lagos”, lamenta Guadagnin, ao criticar o Eia-Rima por não atender ao Artigo 4º da Portaria 297 do Ibama. Ele questiona se “os executores do Eia-Rima têm conhecimento técnico desse documento” e solicita manifestação do Ibama sobre o mesmo.
Muitos foram os questionamentos e os empreendedores, com respostas vagas, se defenderam, alegando estar de acordo com o plano decenal de energia elétrica, mantido pelo Governo Federal e atualizado anualmente via consulta pública, que define como e quais as alternativas de energia que o Brasil vai priorizar e desenvolver. É por isso, defendem, que o projeto de construção de uma hidrelétrica não contempla sequer o estudo de alternativas de menor impacto.
Para José Truda Pallazo Jr, conservacionista integrante da Rede Costeira de Proteção às Baleias, foi agraciado pela Prefeitura de Porto Alegre como Protetor do Verde Público e recebeu a medalha do Cinquentenário dos Parques Nacionais, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (antigo IBAMA), “o empreendedor está no seu papel”. Ele lastima que haja tantos erros no inventário florestal. “Teorias e suposições”, critica, ao pedir que o Ibama não conceda qualquer licença ao empreendimento, enquanto não sejam concluídos os estudos e análises. “Preocupa o papel que vai tomar o órgão ambiental licenciador”, alerta Palazzo.
“A polarização de ideias na audiência pública e a tentativa de sub-informar os cidadãos de Bom Jesus, essa coação, parece uma luta travada do bem contra o mal, o que é um equívoco”, lamenta o professor de Biofísica da Ufrgs, Jorge Quillfeldt, que defende o corredor ecológico e diz que sua constituição na entre bacias hidrográficas “vai depender da Presidência da República, em relação às via obras do PAC”.

ÁREA É INSUBSTITUÍVEL
Para o professor de Ecologia da UniLaSalle, Eduardo Dias, a área de Pai Querê é um dos últimos locais que podem compensar Barra Grande, muito lembrada e criticada durante a audiência. Dias questiona uma possível liberação da obra pelo Ibama, já que a área possui espécies em extinção, fragilidade dos campos nativos não diferenciados dos exóticos, levantamento sazonal errado, entre outros erros que, acredita o professor, “serão evitados com o impedimento da obra”.
Outro professor de Ecologia, Andrés Kindell, da Ufrgs, questiona o uso “da mesma abordagem fraudulenta de Barra Grande”, ao criticar que, no caso de Pai Querê, o licenciamento da obra é concedido antes do planejamento, tanto das medidas compensatórias, como do consumo residencial e o das empresas que integram o consórcio, em especial a Alcoa e a Votorantim.
O biólogo e professor da Ufrgs, Paulo Brack, lamenta que as pressões políticas do Ministério de Minas e Energia têm abortado os estudos integrados das bacias, e critica a postura da assessora do Ministério, Márcia Camargo. “Não há diretriz clara no país em relação à viabilidade e tantos empreendimentos em uma só bacia. Precisamos defender a Constituição Federal, que garante a permanência dos processos ecológicos e que veda a extinção de espécies”, diz, ao criticar a retirada forçada do ex-técnico do Ibama, Nilvo Silva, que defendia as Avaliações Ambientais Integradas às bacias hidrográficas, antes dos EIA-RIMAs, o que poderia inviabilizar estes projetos. Para Brack, o Eia-Rima é tendencioso e nada sério. “É uma vergonha. O estudo subestima a exuberância da área”.
“A área com florestas em estágio avançado de sucessão é muito maior do que os 158 hectares calculados pelo consórcio empreendedor”, critica o biólogo e mestre em Botânica, Martin Grings. O ornitólogo Márcio Reppening, do Museu de Ciências Naturais da PUC, diz serem primários os erros de identificação de espécies, “as informações estão desconexas, o estudo é insuficiente e previdências devem ser tomadas”.
Emiliano Maldonado, advogado do Ingá, diz concluir que o Eia-Rima “é fraudulento, a conclusão de viabilidade é falsa e, pelos impactos, posso afirmar que este é um caso de polícia”. Isso porque a sonegação de informações por parte do Ibama e do consórcio é ato previsto na Lei de Crimes Ambientais. “Temos muito interesse em conhecer a manifestação do Ibama sobre Pai Querê”, antecipa o advogado.

MORADORES SÃO FAVORÁVEIS
Quase menos da metade do público da audiência era de moradores de Bom Jesus, município que sediou a mesma atividade de cidadania na noite anterior, reunindo quase 500 pessoas. Parte delas, cerca de 100, se deslocaram a Porto Alegre às custas do Consórcio empreendedor, formado por Alcoa, Votorantim e DME Energia, com grande parte dos mesmos representantes da Baesa, consórcio da “famosa” hidrelétrica Barra Grande, que acabou devastando 6 mil hectares de florestas, baseado em um estudo considerado  fraudulento, em 2004. A audiência de São Joaquim, que foi suspensa via liminar impetrada pela ONG Ingá, devido a ausência de documentos do Ibama, está prevista para 17 de abril.
Presente nos dois eventos, o pastor Eloi declara apoio voluntário à implantação de Pai Querê e sugere atendimento às famílias remanejadas. Salas de aula e laboratórios estão entre os investimentos que seriam contemplados no projeto em Bom Jesus, “em parceria com outros órgãos públicos”, declara Edson Schiavotelo, que já “circulou” pela empresa Alcoa e Consórcio Baesa.
O prefeito de Bom Jesus, José Paulo de Almeida defendeu até mesmo o corte (ilegal) das araucárias que estão escrituradas nas propriedades. Ele é favorável à obra, assim como o diretor do Departamento de Meio Ambiente do município, Luís Clóvis Corá.

Informações
Assessoria de Imprensa da Agapan/RS
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues
51-8204-3730/9813-1785

21 março 2012

Ação do INGÁ suspende Audiência Pública sobre Hidrelétrica de Pai-Querê



Justiça Federal determina que IBAMA disponibilize documentos sobre a
UHE Pai-Querê antes das Audiências Públicas

20/Março/2012
A audiência pública do processo de licenciamento ambiental da
Hidrelétrica Pai Querê (292 MW), que ocorreria hoje em São Joaquim/SC,
foi suspensa. Esta hidrelétrica, prevista pelo PAC, fica no rio
Pelotas, entre RS e SC, justamente nas Áreas Prioritárias para a
Conservação da Biodiversidade (MMA, 2007) e Zona Núcleo da Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica. Sua construção poderia destruir 4 mil
hectares de florestas com araucária, em vales escarpados, e 1,2 mil ha
de campos rochosos, de altitude, destruindo também mais de 100 km de
corredeiras, com dezenas de peixes endêmicos e restritos a estas
condições.

Na tarde desta terça-feira (20/03), a Vara Federal Ambiental Agrária
e Residual da Justiça Federal de Porto Alegre deferiu liminar
requerida pelo Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais : InGá, ONG filiada à APEDEMA, em ação cautelar movida contra o IBAMA, e suspendeu as audiências públicas do
Projeto UHE Pai- Querê até que o IBAMA atenda a requerimento de
informações da entidade ambientalista.

Mais detalhes no site do INGÁ.

Fonte: Apedema/ Ingá

17 março 2012

A ecofeminista Giselda Castro(1923-2012): Cidadã do Mundo e exemplo de cidadania local-global.


O falecimento da ecologista e feminista gaúcha Giselda Castro deixou a Diretoria, o Conselho Superior e os membros mais antigos da ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE PROTEÇÃO AO AMBIENTE NATURAL (AGAPAN) em estado de consternação.    Sua longa doença e a idade avançada nos privaram do seu convívio nos últimos anos. No entanto, mesmo afastada da militância diária do movimento ecológico e feminista, a simples consciência da  existência da sua pessoa era uma força inspiradora para o nosso cotidiano de ativismo ecológico. Pois Giselda era uma mulher guerreira, uma destas pessoas raras,  indispensáveis e insubstituíveis, uma liderança exemplar e carismática. 

A convivência desta cidadã do mundo, junto com Magda Renner, Hilda Zimmermann e José Lutzemberger e a AGAPAN,  foi decisiva para levantar  a bandeira de luta dos movimentos ecológico e feminista em um mesmo e inseparável movimento. Este feito pioneiro inaugurou entre nós o ecofeminismo como movimento social, ampliando e radicalizando o horizonte político tanto do movimento feminista como do movimento ecológico.

A opressão da mulher e a repressão da expressão da sua  feminilidade na cidadania são aspectos inseparáveis da cultura e da estrutura de poder que sustenta e legitima a ordem social existente. Partindo-se deste pressuposto, o legado político do caminho que Giselda e suas companheiras feministas começaram a desbravar através do ecofeminismo, levou a uma novidade radical. No movimento feminista, a prioridade dada ao enfoque de gênero, tende a polarizar os conflitos entre os âmbitos masculino e feminino, reduzindo o alcance e o horizonte  crítico do movimento. Da mesma forma, a não-inclusão da opressão-repressão da feminilidade no movimento ecológico, empobrece e estreita o seu horizonte.

A novidade radical descoberta por Giselda, Magda, Hilda e suas companheiras, aboliu as fronteiras entre feminismo e movimentos ecológico. A superação das limitações impostas pela separação entre os dois movimentos deu-se através da participação delas no movimento ecológico. Desta maneira, a luta ecológica ampliou o horizonte político do exercício da cidadania como expressão de plenitude da condição feminina. Este foi um feito pioneiro do qual todos nós nos orgulhamos.

Ao longo dos anos, em numerosas oportunidades, testemunhamos a participação brilhante de Giselda Castro no cotidiano do movimento ecológico. Celso Marques, lembra a  a sua atuação em Washington, na primeira reunião de ecologistas do mundo inteiro com a direção do Banco Mundial, em outubro 1989. Lá estava ela, já uma respeitável senhora, combativa, exemplar, indignada, com o dedo em riste, questionando em inglês fluente a política de financiar o etnocídio e o ecocídio praticada pelo Banco Mundial. Naquela ocasião ele estava lá. Mas inúmeras vezes que ela atuou com generosidade e desprendimento, encarnando os ideais do ecofeminismo na defesa dos interesses do Brasil e do Planeta, sem nenhuma testemunha.

As mulheres sempre tiveram uma forte presença no movimento ecológico. Atualmente a participação feminina é dominante e majoritária na AGAPAN, condição que faz da entidade um reduto ecológico do feminismo e de admiração por Giselda Castro e suas demais companheiras. Para nós, homens e mulheres da AGAPAN, o culto à lembrança desta personalidade emblemática de agora em diante será inseparável do Dia Internacional da Mulher e da inspiração do seu exemplo no nosso cotidiano.

Finalizando, dirigimo-nos aos familiares de Giselda Castro e aos companheiros de lutas da antiga ADFG-Ação Democrática Feminina Gaúcha-Amigos da Terra, atual Núcleo de Amigos da Terra-NAT para dizer: nós,  da AGAPAN, que tivemos o privilégio de conviver com a Giselda em anos e anos de lutas conjuntas, jamais a esqueceremos. Juntos com vocês  cultuaremos a memória da sua liderança carismática até o fim dos nossos dias. 

Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. 

Foto: Arquivo do Núcleo Amigos da Terra.

16 março 2012

O impacto das Hidrelétricas: Carta ao Governador Tarso Genro

 
Porto Alegre, 14 de março de 2012


Excelentíssimo Senhor Governador Tarso Genro,
 
“Oba! viva! veio a enchente
O Uruguai transbordou
Vai dar serviço pra gente
Vou soltar minha balsa no rio
Vou rever maravilhas
Que ninguém descobriu
Amanhã eu vou embora pros rumo de Uruguaiana
Vou levando na minha balsa cedro, angico e canjerana
Quando chegar em são Borja, dou um pulo a Santo Tomé
Só pra ver as correntinas e pra bailar um chamamé
Se chegar ao salto grande me despeço deste mundo,
Rezo a Deus e a São Miguel e solto a balsa lá no fundo
Quem se escapa deste golpe, chega salvo na Argentina
Só duvido que se escape do olhar das correntinas “
(Balseiros do rio Uruguai- Barbosa Lessa)
 
O Rio Uruguai é um elemento importantíssimo para a identidade regional. O rio está muito presente e enraizado na memória coletiva Gaúcha, como ilustrou Barbosa Lessa, enquanto um curso d’água de corredeiras, ornado de florestas, de cheias e baixas sazonais, que desafiava, em sua doma, os antigos balseiros. Mesmo assim, dele dependem ribeirinhos, pescadores, camponeses e suas agriculturas, e piracemas e os animais silvestres, em suas travessias. Hoje em dia, partes do Rio “Uruguay” e seus tributários já não contam com tantas de suas belezas, presentes nas nossas músicas, histórias e poesias. Ele já não é mais livre para correr, na sua dinâmica natural de cheias e baixas, pois tem seu volume e ciclos alterados por 6 grandes hidrelétricas que existem ao longo da bacia deste rio. Em diversos pontos do rio, hoje, pairam lagos, praticamente mortos, com águas paradas, sem os peixes característicos (dourado, grumatã, surubim, etc.) e sem a oxigenação de suas corredeiras. Mas o dourado, as corredeiras, as florestas, os pescadores e campesinos ainda vivem no rio Uruguai!

O ponto de saturação de empreendimentos hidrelétricos é uma realidade. Não é mais possível tantas barragens, impedindo o curso livre de um rio, matando a paisagem natural e a biodiversidade. Toda vez que há um leilão para definir o consórcio que irá construir um novo empreendimento em sua bacia, sentimos como se nosso Rio Uruguai estivesse sendo, ele mesmo, leiloado. E isso, infelizmente, está se tornando regra no Brasil. E para que e para quem servem essas barragens?

As usinas hidrelétricas são formas “baratas” de se obter energia, principalmente porque sua forma de produção serve ao parque exportador de matérias primas (commodities, como ferro, alumínio, cimento, etc.) de gigantescas empresas do Setor Elétrico, que usam a própria natureza do rio para seus lucros. Essas concessionárias têm sua construção financiada por dinheiro público (BNDES) (resultado, portanto, do FGTS) e, de quebra, recebem concessões de energia gerada, por até 30 anos! Ou seja, recebem muitos dividendos, produzindo muito pouco para o desenvolvimento do País e para a redução dos custos de vida do trabalhador. O preço da energia para elas é subsidiado, sendo quase dez vezes menor do que o preço pago pela população, e, ainda por cima, são levados daqui nossos recursos naturais, a preços ínfimos.

O complexo Garabi-Panambi (Brasil/Argentina), se levado a cabo, poderá afetar mais de 50 mil pessoas, inundando áreas importantíssimas de 22 municípios (Alecrim, Dr. Mauricio Cardoso, Novo Machado, Porto Mauá, Santo Cristo, Tucunduva, Tuparendi, Crissiumal, Derrubadas, Esperança do Sul, Tiradentes do Sul, Garruchos, Santo Antonio das Missões, São Nicolau, Pirapó, Roque Gonzales, Porto Vera Cruz, Porto Lucena e Porto Xavier). Em Derrubadas, temos o Parque Estadual do Turvo, e com a usina de Panambi, pelo menos 10% (1.750 ha) do parque seriam destruídos, representando mais de 2 milhões de árvores (quantidade maior do que toda a arborização de Porto Alegre.), além de afetar irreversivelmente o Salto do Yucumã, o maior salto longitudinal do mundo. Isso resultaria numa significante perda para a unidade de conservação florestal mais antiga e importante do Rio Grande do Sul, único local do estado que ainda abriga espécies ameaçadas como a onça, a anta, o tapiti, entre outros.

No vale do rio Pelotas (nascente do Uruguai), a maior ameaça é representada pela Hidrelétrica de Pai-Querê (292 MW), transformando mais de 100 km de rios com corredeiras em águas paradas. Poderia causar extinção de dezenas de peixes e organismos de águas correntes, e provocar perda de 4 mil hectares de florestas com Araucária, no último habitat do queixada (Tayassu pecari).

É bom lembrar que o alto impacto socioambiental, da maior parte dos grandes empreendimentos hidrelétricos, envolve um alto nível de exploração dos trabalhadores da construção da barragem, na maioria das vezes, vindo de regiões distantes, os quais não têm seus direitos trabalhistas assegurados. Há denúncias de trabalho escravo nos próprios canteiros de obras das represas e também denúncias de exploração sexual, nas redondezas das obras, para acalmar grande número de trabalhadores distantes de suas famílias.
Embora o Brasil tenha passado por diversas mudanças positivas no contexto das leis ambientais, desde a década 1970, as mesmas são desconsideradas nos empreendimentos em implementação pelo governo atual, uma vez que estes são pautados, em sua maioria, pelos projetos do regime militar. E isso tudo ocorre na “ante-sala” da Rio +20...

Necessitamos de Áreas Livres de Barramentos e Respeito aos avanços da Legislação Ambiental Brasileira e proteção dos Direitos Humanos! Precisamos Rediscutir a Matriz Energética Brasileira e para onde vai esta energia, buscando as alternativas de geração realmente mais sustentáveis, defendendo os ribeirinhos e a biodiversidade de nossos rios, para continuarmos a cantar as belezas das paisagens e transmitir a cultura das populações que habitam a região da Bacia do Rio Uruguai e outras regiões brasileiras.
Respeitosamente

Apedema – Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente - RS
GTUP – Grupo de Trabalho Universidade Popular
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
InGá – Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais
AGAPAN – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural
ASPAN – Associação São-Borjense de Proteção ao Ambiente Natural
Comitê Gaúcho em Defesa da Biodiversidade e do Desenvolvimento Sustentável
NAT/Brasil – Núcleo Amigos da Terra/ Brasil
Mira Serra/Projeto Mira-Serra
CEA- Centro de Estudos Ambientais
UPAN - União Protetora do Ambiente Natural
Instituto Orbis
Grupo Maricá
MoGdema – Movimento Gaúcho em Defesa do meio Ambiente
Levante Popular da Juventude
União da Juventude Comunista
Juventude Comunista Avançando
Juventude LibRe – Liberdade e Revolução
Movimento Rio Uruguai Vivo
Diretório Acadêmico do Instituto de Biociências - UFRGS

12 março 2012

Palestra na Livraria Cultura sobre Certificação Orgânica nesta terça, 13/3


A Fundação Gaia - Legado Lutzenberger em parceria com a Livraria Cultura convida para a abertura do Ciclo de Palestras Ecologia na Cultura, que em 2012 trata das Tecnologias Brandas nos caminhos de Lutzenberger. No ano em que se completa uma década de sua ausência, os encontros mensais trazem pessoas que conviveram com o ambientalista e as idéias defendidas por ele em prol da relação harmônica com os sistemas naturais.


O ciclo inicia com a palestra “Modelos de certificação e selos que garantem alimentos orgânicos e produção sustentável”, ministrada pelo ecologista Francisco Milanez, que conheceu Lutzenberger e é o atual presidente da AGAPAN, entidade fundada pelo ambientalista. A palestra acontece no dia 13 de março de 2012, terça feira às 19h30min, no auditório da Livraria Cultura, em Porto Alegre, com entrada franca.


Resumo


No atual sistema de consumo a cada dia surgem novos selos “verdes” que pretendem garantir a procedência e a produção de alimentos e outros bens de uso geral. O palestrante irá discorrer sobre quais são os processos que dão melhor garantia ao que é oferecido e classificado como ecologicamente correto.

Palestrante

Francisco Milanez, natural de Porto Alegre, RS, formou-se em Arquitetura pela UFRGS e em Biologia pela mesma instituição. Possui pós-graduação em análise de impactos ambientais pela FUA-Manaus e University of Tennesse, desenvolveu estudos em pedagogia e diversas terapias. Por perceber as complexas conexões ocultas nos poderosos sistemas que regem a vida como a conhecemos, Francisco experimenta e pesquisa diversos conhecimentos e culturas em busca da sabedoria capaz de auxiliar a melhorar a relação com o planeta e com a própria vida. Atualmente é o presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, AGAPAN.

Serviço

Palestra: “Modelos de certificação e selos que garantem alimentos orgânicos e produção sustentável”


Palestrante: Francisco Milanez


Data: 13 de março de 2012, terça-feira


Horário: 19h30min


Local: Auditório da Livraria Cultura no Bourbon Shopping Country - Rua Túlio de Rose, 80, em Porto Alegre.

09 março 2012

Nossa Homenagem a companheira de lutas Giselda Castro orgulho de todos nós.



Missa de sétimo dia será no domingo dia 11 de março.  
Local: Mosteiro de São Damião, das Irmas Clarissas
Rua: Vicente da Fontoura,498
Horário: 17h

Francisco Milanez

01 março 2012

As consequências da aprovação do Estudo de Impacto de Vizinhança


A capital dos gaúchos é conhecida, internacionalmente, como a cidade da participação popular.

Inúmeros fatos históricos, sociais, culturais e ambientais encontraram em Porto Alegre o cenário de vanguarda que a fez ser um exemplo não só para seus habitantes mas, também, para o Brasil e o mundo.

O projeto de lei do Executivo Municipal que instituiu o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), aprovado na última segunda, dia 27/02, pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, parece não mais confirmar essa tão propalada participação.

Interesses outros e não os da cidadania fizeram-se prevalentes naquela sessão do dia 27/02. A voz da comunidade não encontrou, por parte da Casa do Povo, a merecida ressonância. Embora tenhamos nos mobilizado enquanto munícipes conscientes e politizados para dar nossa contribuição para aperfeiçoar o EIV, não obtivemos êxito em nossas demandas.

O EIV, precioso instrumento balizador de futuras intervenções urbanísticas na cidade, consta na Lei do Estatuto da Cidade/2001, e, a nosso juízo, foi desqualificado em sua primordial orientação, ou seja, de evitar impactos à vizinhança lindeira aos empreendimentos planejados para cada região do município.

Ao olharmos para os quatro cantos da nossa cidade, deparamo-nos, a miúde, com ambiências descaracterizadas em suas origens culturais, históricas, ambientais  e de saudável e boa vizinhança. À nossa " alegre cidade" não foi permitido avançar no conhecimento e na transparência de futuros empreendimentos, que virão alterar de forma definitiva a vida dos moradores de Porto Alegre.

É uma lástima!

Tanto o Executivo quanto o Legislativo perderam uma excelente oportunidade de continuar conferindo à Porto Alegre o referencial de qualidade de vida, de agradável convivência entre seus habitantes e de visão política de respeito à vontade da população.

Este ano teremos eleições municipais.

Nos últimos tempos temos constatado, que são poucos os vereadores que trabalham pensando coerentemente no bem-estar da comunidade.

Fato semelhante observamos, também, com relação ao Executivo.

Afinal, que tipo de cidade o Poder Público quer deixar para as futuras gerações de Porto Alegre?

Essa insatisfação deverá refletir-se em uma mudança de orientação política através do voto. Precisamos reaver nossa auto-estima e os valores que sempre nortearam os ideiais portoalegrenses.

Somos nós que vivemos e sentimos a real cidade que nos está sendo subtraída em seus mais significativos e profundos valores éticos e estéticos.

Não pensamos Porto Alegre como mercadoria, muito menos como moeda de troca de favores eleitoreiros.

Desejamos uma cidade humana que preserve tanto o ambiente natural como o construído, hoje tão desconfigurados pela ganância especulativa.

Nesse sentido é uma lástima que a insensibilidade política tenha contribuído para aumentar essa triste realidade.

Por que paramos de avançar?

Que cada um de nós reflita acerca das consequências de decisões como essas!

Sandra Ribeiro
Vice-presidente da AGAPAN