21 maio 2015

Vazamento em fábrica de celulose confirma suspeitas da Agapan

Moradores próximos à fábrica relatam acordar com olhos irritados e manifestam preocupação.

Imagem: Vapor d'água sendo emitido pela chaminé da fábrica
Arquivo pessoal morador de Guaíba registrada no dia 07.05.2015
O vazamento de Dióxido de Cloro ocorrido na manhã desta quarta-feira feira (20) na planta química da fábrica Celulose Riograndense (CMPC), em Guaíba (RS), reforça o indício de grande perigo que a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) tem alertado há algum tempo.

Em nota de esclarecimento divulgada hoje (21), a empresa CMPC afirma que “o incidente – que durou cinco minutos – foi provocado por um aumento de pressão numa linha de gases, impactando 16 prestadores de serviços que trabalhavam no local”. Segundo as informações, dez prestadores foram encaminhados para atendimento hospitalar e liberados em seguida. A área foi isolada pelo plano de emergência e “a situação foi normalizada”, afirma a nota. 

O comunicado diz, ainda, que “o vazamento foi local e não foram registrados impactos externos que afetassem à comunidade ou qualquer tipo de dano à fauna e à flora local”. No entanto, moradores dos arredores relatam terem acordado com olhos irritados hoje pela manhã e acreditam ser efeito do Dióxido de Cloro vazado da fábrica.

Conforme dados levantados pelo químico e geneticista Flávio Lewgoy, conselheiro da Agapan, com a quadruplicação da fábrica de celulose, que teve investimento financeiro na ordem dos R$ 5 bilhões, as emissões de elementos químicos para a atmosfera e para o lago Guaíba são extremamente preocupantes. Segundo Lewgoy, as lagoas de tratamento de efluentes líquidos da fábrica lançarão aproximadamente 1.920 toneladas de clorofórmio por ano. Diariamente, serão lançados no ar 91 kg de flúor, 309 kg de cloro gasoso e 123 kg de cinza finíssima inalável. Já o Guaíba deverá ser impactado com até 180 toneladas diárias de organoclorados mutagênicos e cancerígenos, 28,8 toneladas de cloreto de sódio e 792 gramas de mercúrio (aproximadamente 280 kg por ano).

O geneticista estima, ainda, que as emissões diárias da caldeira de força devem ficar na casa de 236g de flúor, 310g de manganês, 320g de zinco, 53g de chumbo, 81g de cromo e 270g de vanádio, entre outros elementos. As emissões diárias de dióxido de enxofre – que, em contato com outros elementos, pode gerar chuva ácida – podem chegar até sete toneladas. 

Segundo a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), as atividades de produção foram suspensas no local atingido até que a empresa apresente o relatório da ocorrência, medidas para a solução do problema e analise de risco. “Uma vez que a operação do sistema foi suspensa, não há risco iminente à população com relação ao fato ocorrido”, informa nota divulgada pela Fundação.

Riscos
Índice de risco é quase dez vezes acima do máximo estabelecido pela Fepam-RS.

Segundo o parecer da empresa DNV Energy Solutions (001/2007) que analisa e determina o índice de risco da fábrica, onde foram estudados - com base no Manual de Análise de Riscos da Fepam-RS - os sistemas e as substâncias perigosas envolvidas no processo produtivo e que podem ser liberadas acidentalmente (cloro, ácido clorídrico, hidrogênio, dióxido de enxofre e gás liquefeito de petróleo), o valor identificado em relação ao risco de acidente com cloro foi de 38,19 pontos, quase dez vez mais a categoria máxima do manual da Fepam-RS, que é de apenas quatro. O índice igual ou maior do que quatro identifica “instalações e atividades que podem causar danos significativos em distâncias superiores a 500 m do local” onde fica localizada a planta.

Imagem: Reprodução Relatório 001/2007


Dioxinas
Outra preocupação da Agapan é em relação às dioxinas geradas pelo uso do cloro no processo de branqueamento na celulose adotado pela fábrica. As análises das amostras coletadas do efluente tratado e do lodo bruto (reunião de lodos saídos da prensa desaguadora) não são realizadas por laboratórios nacionais.

A dioxina é um subproduto industrial de certos processos, como produção de cloro, certas técnicas de branqueamento de papel e produção de pesticidas que pode gerar câncer e causar mutações genéticas. 


Heverton Lacerda
Assessor de imprensa
51 9862 7228

15 maio 2015

Agapan encaminha ofícios a senadores gaúchos

| TRANSGÊNICOS |
Projeto que retira rótulos de produtos transgênicos tramita no Senado Federal

A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) encaminhou, na manhã desta sexta-feira (15), ofícios aos três senadores gaúchos - Paulo Paim (PT), Ana Amélia (PP) e Lasier Martins (PDT) - solicitando voto contrário à aprovação do projeto que altera a lei nº 11.105/05 para retirar do rótulo dos alimentos a informação da natureza transgênica dos produtos.

O referido Projeto de Lei (PL nº 4148/08) teve origem na Câmara Federal e autoria do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS). Foi aprovado no último dia 28 de abril. Heinz e outros quatro deputados do Partido Progressista gaúcho foram acusados de receber propina e são investigados pela Polícia Federal. 

No Senado Federal, o projeto está tramitando na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) como Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 34/15. A relatora da comissão é a Senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

"Essa proposta é um absurdo, pois fere o direito do consumidor de ter conhecimento a respeito do que está ingerindo", afirma o senador Paulo Paim em resposta ao ofício recebido e sinalizando a intenção de votar contra o PLC 34/15.
Até o momento do fechamento desta nota, os senadores Lasier Martins e Ana Amélis Lemos não haviam se manifestado a respeito.


Para incentivar o voto dos senadores pela derrubada do PLC 34/15, a equipe de Comunicação da Agapan está distribuindo nas redes sociais o cartaz eletrônico abaixo: 



Confira, abaixo, o teor dos ofícios:

11 maio 2015

"Avaliações nem sempre são técnicas, mas políticas."

"Para o presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Alfredo Gui Ferreira, as mudanças em curso, tanto na secretaria quanto na Fepam, representam um 'retrocesso'." (ZH 11.05.2015 - pgs. 8 e 9)
A afirmação acima é parte da entrevista concedida pelo presidente da Agapan ao jornal Zero Hora e apresenta a opinião da entidade quanto à atual situação da gestão pública do ambiente natural no Rio Grande do Sul.
Alfredo também ressalta a falta de transparência e critica o atropelo político das questões que deveriam priorizar a preservação ambiental na secretaria que foi criada para este fim.
Segundo ele, o processo de licenciamento, hoje, não é muito transparente e falta a participação da sociedade, o que prejudicaria a fiscalização. Além disso, o ambientalista acrescenta que as avaliações "nem sempre são técnicas, mas políticas". Outra crítica é o fato de Ana Pellini comandar, ao mesmo tempo, a Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e a Fepam.

Confira aqui e aqui a matéria.


Nota da Comunicação Agapan: 
A matéria do jornal Zero Hora, assinada pela jornalista Cleidi Pereira, tem o mérito de abordar a questão dos licenciamentos ambientais inserindo um contraponto (ecológico) importante às perspectivas governamental e empresarial, que entendem o desenvolvimento do RS pelo caminho único e exclusivo do crescimento econômico. 
A matéria também lembra, de passagem, a Operação Concutare da Polícia Federal, que "desarticulou um esquema de fraude na emissão de licenças ambientais..." envolvendo ex-secretários da pasta. Este episódio é de extrema importância para a análise dos fatos e reflete, em parte, o posicionamento da Agapan de desconfiança em relação aos processos que estão sendo implementados pelo governo Sartori, sob o comando de Ana Pellini na Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema).
Ressaltamos, ainda, que a matéria apresenta o cenário dos licenciamentos ambientais com foco nas demandas econômicas sobrepondo-se às ambientais. Percebe-se claramente na manchete, na linha de apoio e no primeiro parágrafo da reportagem. 
"A demora na análise e emissão de licenças ambientais estaria afugentando investidores e acarretando perdas econômicas para o Estado", afirma a reportagem,  em uma retranca que apresenta o ponto de vista de um dirigente sindical empresarial.
A Agapan ressalta que as flexibilizações, com renovações automáticas de licenças e dispensa de vistorias prévias, colocam importantes ecossistemas em riscos que podem vir a ser irreversíveis.  

06 maio 2015

O presente de Heinz para o Dia da Mães



O presente destes deputados do RS (Heinze e cia.) para as mamães gaúchas neste Dias das Mães é retirar o símbolo que identifica a presença de transgênicos em produtos alimentícios produzidos com organismos geneticamente modificados. (papinhas, amidos, etc..)
Eles querem impedir os consumidores de optar, de forma consciente, por alimentos naturais e saudáveis para vender mais os produtos de seus financiadores de campanha (transgênicos e agrotóxicos). Alguns destes deputados, conforme assinalamos na imagem acima, são investigados pela Operação Lava Jato. A ligação entre os votos e influências desses parlamentares e os interesses das empresas financiadoras de campanhas políticas é evidente e perversa para a democracia. 

Se os transgênicos são tão bons quanto diz a agroindústria, por que esconder a identificação?

Faltam estudos que comprovem que os transgênicos não fazem mal à saúde e à natureza. Por outro lado, já ficou comprovado que os transgênicos estão ampliando a quantidade de agrotóxicos nas lavouras e que os venenos impregnados nos alimentos provocam câncer, como já foi confirmado pelo Instituto Nacional de Câncer ( Inca ) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


  + TRANSGÊNICOS  =  + AGROTÓXICOS  



Melgarejo participa de programa na TVE

Foto: Clarice Passos
Uma brilhante atuação do nosso associado *Leonardo Melgarejo no programa Frente a Frente da TVE (RS) nesta terça-feira (5). A pauta do programa apresentado pelo jornalista Vitor Dalla Rosa, com as participações das jornalistas Bruna Karpinski, Naira Hofmeister, Lara Ely, abordou os temas agrotóxicos, transgênicos e Lei da Biossegurança.

Melgarejo explicou aos jornalistas que "sim, é possível produzir alimentos para a população sem lançar mão do uso de transgênicos e agrotóxicos, amplamente utilizados pelo modelo de produção adotado pela agroindústria".
Melgarejo, que já foi representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), criticou a estrutura do colegiado e as liberações de organismos geneticamente modificados (OGM) no Brasil, atendendo os interesses das empresas multinacionais que comercializam agrotóxicos e produzem OGMs.


*Leonardo Melgarejo é associado da Agapan, engenheiro agrônomo, membro do Grupo de Estudos em Agrodiversidade e coordenador do Grupo de Trabalho sobre Agrotóxico e Transgênicos da Associação Brasileira de Agroecologia