28 setembro 2013

Piquenique pela preservação das casas da Luciana de Abreu será no domingo



A previsão de chuva para a tarde de sábado levou os organizadores do movimento Pare na Luciana a transferirem o piquenique comunitário em defesa da preservação do casario histórico da Luciana de Abreu para o domingo. Mesmo com a mudança são esperadas centenas de pessoas, já que o grupo do evento no facebook conta com mais de dois mil participantes.

A festa, que se inicia às 16h e se estende até às 22h, quer chamar a atenção da prefeitura para a importância para a população dos seis casarões erguidos na década de 30 e agora ameaçados de demolição pela construtora Goldsztein.

No evento será lido um manifesto popular de apoio à preservação do conjunto histórico e revelados os nomes dos primeiros signatários. Estão nesta lista dezenas de personalidades e algumas das mais importantes instituições locais, entre elas a Agapan.

O piquenique terá mesas na calçada em frente ao conjunto de casarões. Alguns dos mais  importantes chefs de cozinha que atuam na cidade prepararão lanches e guloseimas especiais a preço de custo para mostrar seu apoio ao movimento. Cada participante deve contribuir levando suas bebidas.

Haverá música executada ao vivo pelo conjunto Blue Grass Porto-alegrense, projeções audiovisuais, brechós e uma exposição fotográfica para mostrar as mudanças na paisagem do bairro Moinhos de Vento ao longo de 80 anos. Uma programação com atividades lúdicas foi especialmente pensada para o público infantil.

As seis casas da Luciana de Abreu foram adquiridas em 2002 pela incorporadora Goldsztein que pretende erguer no terreno um edifício de 16 andares. Para isso quer demolir o casario, projetado pelo arquiteto Theo Wiederspahn para abrigar os mestres cervejeiros que trabalhariam na cervejaria Continental, instalada no edifício histórico que hoje abriga o Shopping Total. 

A vizinhança se mobilizou e, com um abaixo assinado que reuniu o apoio de 10 mil pessoas, chamou a atenção do Ministério Público Estadual, que ingressou com uma Ação Civil Pública para impedir a derrubada dos imóveis.

A Justiça Estadual decidiu, depois de 10 anos, que se a prefeitura não considerar que as casas possuem valor histórico, não há impedimento para a demolição. Os organizadores do piquenique apostam que a mobilização cidadã pode reverter o destino do casario, preservando não apenas a arquitetura do local, mas as características que tornam  o bairro um dos mais queridos de Porto Alegre.


Apoiam essa causa:
IAB-RS (Instituto dos Arquitetos do Brasil)
SAERGS (Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul)
DAFA UFRGS (Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura)
CAFA PUCRS (Centro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura)
AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural)
Moinhos Vive
Defender
Defesa Pública da Alegria
Shoot the shit
Vaga Viva

Arq. Prof. Alberto Gomes Pereira Filho (UFRGS)
Arq. Prof. Ana Elisa Costa (UFRGS)
Arq. Prof. Ana Rosa Sulzbach Cé (PUCRS)
Arq. Briane Bicca (coordenadora do Projeto Monumenta)
Arq. Prof. Carlos R. de Azevedo Moura (UFRGS)
Arq. Prof. César Bastos Matos de Oliveira (UFRGS)
Arq. Prof. Cibele Vieira Figueira (PUCRS)
Prof. Éber Marzulo (UFRGS)
Arq.
Prof. Eduardo Pizzato (UniRitter)
Arq. Prof. Günter Weimer (UFRGS)
Arq.
Prof. Heleniza Avial Campos (UFRGS)
Arq. Prof. Lívia Teresinha Salomão Piccinini (UFRGS)
Arq. Prof. Luciana Inês Gomes Miron (UFRGS)
Arq. Prof. Maria Beatriz Medeiros Kother (PUCRS)
Arq. Prof. Maturino Salvador Santos da Luz (UniRitter)
Arq. Prof. Milton Campos (UFRGS)
Arq. Nestor Torelly (Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural)
Arq. Prof. Paulo Bicca (PUCRS)
Arq. Prof. Paulo Cesa Filho (PUCRS)
Arq. Prof. Renato Menegotto (PUCRS)
Arq. Prof. Luiz Alberto Sohni Aydos (PUCRS)

Adriana Deffenti
Alemão Vitor Hugo
Ana Luiza Azevedo
Ângelo Primom
Bob Bahlis
Carlos Gerbase
Carol Bensimon
Charles Kiefer
Claudia Barbisan
Claudia Laitano
Claudia Tajes
Daniel Galera
Dudu Tajes
Eliane Brum
Eva Sopher 
Fabiano de Souza
Fiapo Barth
Flávio Flu Santos
Frank Jorge 
Gustavo Brigatti
Gustavo Spolidoro
Hique Gomez
Humberto Gessinger
Ismael Caneppele 
Ivette Brandalise
Janaína Kremer
Jorge Furtado
Juarez Fonseca
Julia Barth
Juremir Machado da Silva
Katia Suman
Larissa Maciel
Letícia Wierzchowski
Léo Felipe
Liliana Sulzbach
Luis Augusto Fischer
Luís Nenung
Luciana Tomasi
Luciano Alabarse
Luciano Malásia
Marcia Tiburi
Marcos Rolim
Martha Medeiros
Milena Fischer
Milton do Prado
Mirna Spritzer
Mylene Rizzo
Nei Lisboa
Nora Goulart
Paulo Gasparotto
Paulo Moreira
Pedro Gonzaga
Roger Lerina
Rosangela Cortinhas
Tânia Carvalho
Theo Tajes
Tonho Crocco
Vitor Necchi
Vitor Ramil
Zé Adão Barbosa


Assessoria de Imprensa Agapan
Naira Hofmeister


27 setembro 2013

VIII Congresso de Agroecologia


Congresso de Agroecologia será lançado dia 30, em Porto Alegre

O VIII Congresso de Agroecologia, que acontece em novembro em Porto Alegre, terá seu lançamento oficial realizado na próxima segunda-feira, dia 30, às 15h, na Assembleia Legislativa do RS, na sala Espaço da Convergência Adão Pretto, no térreo. Haverá a presença de representantes das diversas instituições que integram a Comissão Organizadora do evento, como da Associação Brasileira de Agroecologia, além de autoridades, pesquisadores, estudantes e técnicos. Ainda durante o café da tarde de lançamento, o presidente do VIII CBA-Agroecologia, Gervásio Paulus, apresentará um breve histórico dos eventos anteriores e abordará a temática central deste ano, que é Cuidando da Saúde do Planeta.

O Congresso será realizado de 25 a 28 de novembro de 2013, em Porto Alegre, nas dependências e imediações da Pontifícia Universidade Católica (PUC), paralelo ao XIII Seminário Estadual e XII Internacional sobre Agroecologia.

Neste ano, a programação estará dividida nos seguintes eixos temáticos: 1) Agroecologia e Saúde Humana; 2) Reinventando a economia; 3) Diversidade como condição fundamental da saúde do Planeta; 4) Agroecologia como base para a educação; e 5) Saúde do Agrossistema.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS
O CBA-Agroecologia tem como objetivo oportunizar que profissionais, estudantes e agricultores do Brasil e do exterior troquem conhecimentos e experiências com enfoque agroecológico. Para tanto, estão abertas até o dia 13 de outubro as inscrições de oficinas, por parte dos grupos de agricultores ou de instituições, e para a exposição de livros, mostras e troca de sementes. Também é possível inscrever diferentes formas de manifestações artísticas e culturais que interajam com os participantes nas diferentes temáticas que permeiam a Agroecologia: ambientais, socioculturais, éticas, políticas e econômicas. As inscrições podem ser feitas pelo site www.cbagroecologia.org.br.

PRESENÇAS CONFIRMADAS
Entre os palestrantes e conferencistas confirmados, destaque para a socióloga francesa Claire Lamine, que aborda sistemas alternativos e a ligação entre produtores e consumidores; a agrônoma colombiana, Clara Nichols que investiga as perspectivas para o desenvolvimento rural sustentável na América Latina; o economista Guilherme Costa Delgado, autor de livros como “A trajetória do capital Financeiro na Agricultura à Economia do Agronegócio”; o argentino Javier Souza, que traz a experiência da Rapal, uma rede de organizações, instituições, associações e indivíduos que se opõem ao uso massivo e indiscriminado de agrotóxicos, buscando propostas para reduzir e eliminar seu uso; o pesquisador espanhol Joan Martinez Alier, um dos principais ativistas no novo campo acadêmico da Economia Ecológica, suas áreas de interesse na pesquisa tem sido os Estudos Agrários, Economias Ecológicas e Ecologia Política; e o também espanhol e professor Manuel Gonzalez de Molina Navarro, que estuda agriculturas tradicionais orgânicas, transição socioecológica no metabolismo agrário, identidade regional de agricultores, restrições ambientais para crescimento da agricultura ou as bases teóricas para o novo ambiente histórico.

Outros palestrantes confirmados são Miguel Altieri, Paulo Niederle, Renata Menasche, Walmir Thomazi Cardoso e Wanderlei Antonio Pignati, além de Carlos Rodrigues Brandão, que fará a palestra de encerramento do Congresso, sobre Educação e transformações no campo.

Para participar do VIII CBA-Agroecologia, até 10 de outubro as inscrições podem ser feitas pelo site http://www.cbagroecologia.org.br/inscricoes. Estudantes pagam R$ 60,00 e profissionais e técnicos, R$ 80,00. Após esta data, estudantes pagam R$ 100,00 e profissionais e técnicos, R$ 120,00. Aqueles que não realizarem o pagamento até essa data, só poderão fazê-lo presencialmente no dia do credenciamento do VIII CBA-Agroecologia. Agricultores e agricultoras têm isenção da taxa de inscrição. Mais informações através do sec-cba@emater.tche.br.

Informações
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues
51-2125-3111

18 setembro 2013

2,4D - herbicida componente do Agente Laranja

NÃO ao herbicida 2,4D
A Agapan - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural; o Ingá - Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais; o Mogdema - Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente, entre outros movimentos, preocupados que o Brasil se torne o primeiro país a liberar comercialmente um evento para culturas transgênicas ligadas ao uso de um herbicida componente do agente laranja, utilizado na Guerra do Vietnã, clama aos membros da CTNBio, em especial os relatores, alguns deles pesquisadores de universidades e outras instituições públicas, inclusive do Rio Grande do Sul a se posicionarem contra a liberação do herbicida 2,4D.

No próximo dia 19 de setembro de 2013, haverá reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, onde constam três processos de liberação comercial para sementes transgênicas de soja e milho, da empresa Dow AgroSciences, com adaptação ao herbicida 2,4-D, de alta toxicidade, junto com outros herbicidas, entre eles o glifosato e glifosinato de amônio, também tóxicos. A intenção dos transgênicos é resistir a estes agrotóxicos potentes, que matam as chamadas "ervas daninhas". Mas, segundo dados do próprio Ministério da Agricultura, no Brasil, em menos de 10 anos (2002-2011), ocorreu aumento de 70% destes produtos, enquanto a expansão da área agrícola foi menor (60%). Desde 2009 o Brasil é o país que mais usa agrotóxicos, apesar do advento dos transgênicos na agricultura, a partir da lei de Biossegurança (2005).



O herbicida 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético) foi desenvolvido a partir de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo na década de 1960 um dos componentes do agente laranja (junto com o 2,4,5-T, na Guerra do Vietnã). É um produto que foi usado como arma química, causando a morte e malformações em milhares de pessoas. o Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classificou para a saúde o 2,4-D como Extremamente Tóxico (Classe I) e Perigoso para o meio ambiente (Classe III). Os maiores riscos para a saúde residem no potencial de perturbador endócrino, sendo potencialmente cancerígeno. Os perturbadores endócrinas podem causar danos sérios e irreversíveis à saúde humana durante o desenvolvimento fetal e infantil. Além da característica de teratogênico, com fortes evidências de também ser genotóxico.



Existem alternativas ao uso de herbicidas. A mais inteligente é buscarmos a necessária reconciliação com os processos ecológicos, com a biodiversidade, com o consequente banimento das monoculturas de exportação, inerentemente químicodependentes e que vem sendo responsáveis pela destruição dos biomas brasileiros.

A Sociedade brasileira exige um debate aberto sobre as consequências destes eventos transgênicos que estão promovendo o uso de agrotóxicos, agora ainda mais tóxicos, comprometendo a saúde da população e o meio ambiente.


15 setembro 2013

Agapan defende preservação das casas da Luciana de Abreu

28 de junho de 2008
Agapan defende preservação das casas da Luciana de Abreu
Entidade ambientalista valoriza harmonia do conjunto arquitetônico com árvores que formam um túnel verde tombado pelo município

A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) considera equivocada a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de autorizar a derrubada de um conjunto de seis casas, construídas na década de 1930, na rua Luciana de Abreu, em Porto Alegre.
“Há razões de sobra para preservá-las: são patrimônio arquitetônico incontestável, estão em harmonia com o túnel verde da rua e em nome da manutenção dessas características houve uma enorme mobilização de cidadãos”, avalia o presidente da Agapan, Alfredo Gui Ferreira.

Prefeito José Fogaça assina o Decreto Municipal que preserva
vários Túneis Verdes do bairro Moinhos de Vento em 28 de junho de 2008.

As casas da Luciana de Abreu foram construídas no século passado para abrigar as famílias dos mestres cervejeiros da Continental, que depois virou a Brahma, e cujo edifício hoje é ocupado pelo shopping Total.
Segundo o pesquisador e professor Günter Weimer, o projeto dessas residências contou com a colaboração do arquiteto alemão Theodor Wiederspahn, o mesmo que assinou o projeto dos prédios da cervejaria (hoje shopping) e que em Porto Alegre foi ainda o responsável pelos belos contornos de edifícios marcantes como os que abrigam a Casa de Cultura Mario Quintana, o Memorial do Rio Grande do Sul, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o Santander Cultural, a Faculdade de Medicina da UFRGS e o Edifício Ely, hoje loja da Tumelero em frente à rodoviária.
“Independente do valor arquitetônico, o fato é que essas construções fazem parte da memória do bairro e contribuem para que o Moinhos de Vento seja um dos locais mais queridos de Porto Alegre, como se viu na enorme mobilização de moradores e frequentadores do bairro. Colocar essas casas abaixo será destruir a característica local, que é, aliás, o que as incorporadoras vendem aos seus compradores”, sublinha Cesar Cardia, militante da Agapan e um dos integrantes do movimento cidadão pelos túneis verde.

Manifestação pela preservação das casas em 28 de junho de 2008.

Edifício contribui para a densificação da cidade
No lugar do casario da Luciana de Abreu poderá ser construído um edifício de 16 andares pela construtora Goldztein. Embora a incorporadora seja obrigada a preservar o túnel verde formado pela árvores da Luciana de Abreu, protegido pela legislação desde 2008 por um decreto do então prefeito José Fogaça, a Agapan salienta que o ambiente ficará prejudicado pela construção.
A preocupação da entidade é com itens como a densificação e verticalização da cidade, características que trazem consequências como a impermeabilização do solo, o que contribui com inundações e colabora com a saturação do trânsito na região.
“Trocar as casas por um edifício interfere brutalmente na qualidade de vida das pessoas. Será um espaço onde deixaremos de caminhar para apreciar o verde das árvores, pois haverá grades e seguranças na calçada, não mais esse visual agradável de hoje”, lamenta o presidente da Agapan.

Prefeito Fogaça e secretário da SMAM, Beto Moesch, assinam
decreto municipal que preserva vários Túneis Verdes do bairro Moinhos de Vento,
inclusive na Luciana de Abreu, em 28 de junho de 2008.
Luta dos moradores dura uma década
Outro importante motivo para que o conjunto de casas da Luciana de Abreu seja preservado é a importante mobilização que a associação Moinhos Vive promoveu ao longo de dez anos pela manutenção das características históricas do bairro, com casarões e ruas arborizadas.

Autoridades, moradores do bairro e apoiadores de outras regiões da cidade comemoram
a preservação dos Túneis Verdes do Moinhos de Vento em 28 de junho de 2008.

Por meio de um abaixo assinado, que chegou a contabilizar o apoio de seis mil pessoas, os moradores conquistaram o apoio do Ministério Público, que atesta o valor histórico, cultural e paisagístico do conjunto residencial e de seu entorno.
Uma das casas da Luciana de Abreu, em 07/12/2007

As casas chegaram a ser incluídas no inventário de imóveis listados para a preservação, determinadas por um estudo da Equipe do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do município, mas foram retiradas, contrariando a vontade popular.
A Agapan defende que a prefeitura precisa ouvir os moradores e incluir os imóveis no inventário de Porto Alegre, solução que poderia tornar nula a decisão do Tribunal de Justiça. “É uma grande irresponsabilidade da gestão municipal não escutar o clamor da sociedade”, condena Cesar.


Assessoria de Comunicação da Agapan
Jornalista Naira Hofmeister

Fotos: arquivo do Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho 

10 setembro 2013

Leis brasileiras de proteção contra radiação sem-fio precisam ser atualizadas

São mais de 1,3 bilhões de pessoas no mundo que habitualmente conversam pelos
celulares, "forçando livremente as radiações eletromagnéticas para seus cérebros"
- Dr Leif Salford, The  Sunday Times, Londres. 
Diagnóstico foi feito durante o Agapan Debate, que reuniu, no dia 9 de setembro, o doutor em Engenharia Elétrica e professor da UFRGS, Álvaro Salles, e a militante do movimento comunitário de Porto Alegre, Ana Valls.

Não se conhece com precisão os efeitos que a tecnologia das redes sem-fio podem ter sobre a saúde humana. Mas mesmo com pesquisas ainda pouco conclusivas, já é possível afirmar que as leis que deveriam proteger os cidadãos brasileiros dos efeitos dessas radiações são ineficientes e precisam ser atualizadas.

Esta foi a conclusão a que foi possível chegar depois de assistir ao Agapan Debate de setembro, que teve mais uma vez como palco o auditório da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, na noite de 9 de setembro.
Os convidados - o doutor em Engenharia Elétrica e professor da UFRGS, Álvaro Salles, e a militante do movimento comunitário de Porto Alegre, Ana Valls - fizeram um amplo painel sobre o tema, apresentando experimentos levados a cabo ao redor do mundo por cientistas e instituições renomadas e a preocupação que suas conclusões vem causando em populações de todos os cantos do planeta.

Álvaro Salles.

“Estamos sendo cobaias de uma tecnologia que ainda não se mostrou inócua, pelo contrário”, alertou o professor da UFRGS, Álvaro Salles, sublinhando que desde maio de 2011, a Organização Mundial da Saúde classifica esse tipo de radiação como “possivelmente cancerígenas”.

“É a classificação 2B da OMS, a terceira na escala, que inclui outros agentes que são reconhecidamente causadores de câncer como o pesticida DDT, metais como chumbo, cobalto e níquel ou vírus como o HIV e o HPV”, compara o engenheiro.

Através de projeções, Salles mostrou à plateia resultados de algumas das pesquisas mais importantes do setor, que concluem, no mínimo, que devemos ter mais cuidados no manuseios diário de aparelhos celulares, computadores conectados à internet wireless ou com tecnologia bluetooth. “A distância é nossa amiga e o tempo, inimigo’, sintetizou o cientista, referindo-se à adoção de fones de ouvido ou outros sistemas que afastem ao máximos os gadgets do corpo, ao mesmo tempo em que devemos reduzir a quantidade de horas que permanecemos conectados.

A intensidade de emissão dos aparelhos permitida no Brasil é muito superior aos padrões estabelecidos internacionalmente. A principal norma brasileira - o ICNIRP - prevê emissões entre 40 e 60 volts por metro, enquanto que os relatórios mais recentes da comunidade científica sugerem que este limite seja de 0,6 v/m. Mesmo em Porto Alegre, onde a lei é mais restritiva, o valor fica entre 4 e 6 v/m.“É importante dizer que existe compatibilidade entre comunicar bem e proteger a população”, sinalizou Salles. Em Paris, na França, por exemplo, a emissão máxima é de 2v/m e em Salzburg, na Áustria, o limite de 0,6 v/m é respeitado pelas empresas.



Pesquisas desconsideram exposições de baixa intensidade e longa duração
A legislação atualmente em vigor no Brasil - e, de modo geral, as pesquisas que embasam a aprovação do uso de tecnologias como essas em quase todo o mundo - são baseadas em estudos sobre os efeitos dessas descargas eletromagnéticas de alta intensidade e de curta duração.

Risco maior para as crianças, disse Salles.
As experiências mostradas por Salles ao auditório tinham como foco estudar os efeitos das mesmas radiações elétricas não-ionizantes, porém, durante exposições longas e com descargas menos intensas - justamente o tipo de energia proveniente de terminais móveis.

Entre outros efeitos, foram constatados a quebra dupla de moléculas de DNA - o que pode desencadear uma mutação, logo, um tumor - fragmentações de moléculas em intensidades semelhantes às provenientes de exposições ao raio gama e desestabilização do sistema que protege células sensíveis do cérebro, como os neurônios.

Quanto à zona de risco no entorno de uma antena de telefonia móvel - tema que provocou um intenso debate em Porto Alegre e que culminou, no ano de 2002, com a aprovação de uma lei restringindo a instalação desses equipamentos na cidade - pesquisas indicam que o risco de desenvolvimento de câncer aumenta três vezes em um raio de 400 metros de uma Estação de Rádio-Base ou 4,15 vezes se o raio pesquisado é de 300 metros.

Em Porto Alegre, o problema é cumprir a norma
Embora ainda distante do padrão mais rigoroso de proteção recomendado pelas comunidades científicas, a Lei das Antenas de Porto Alegre é considerada positiva. “Protege muito mais do que a norma nacional”, observa Salles.

Os limites foram estabelecidos pelo legislativo municipal depois de uma forte mobilização das associações de bairro da cidade, que estavam sendo surpreendidas pela instalação de ERBs próximos de residências e até de escolas, sem consulta às populações atingidas.

Ana Vallz (AGAPAN)
E embora datada de 2002, até hoje as empresas não de adequaram aos limites impostos pela legislação municipal. “O fato de termos conseguido aprovar a norma não significa que o problema está resolvido, pois ficou apenas no papel”, denunciou a militante do movimento comunitário e uma das líderes da mobilização na época, Ana Valls, que também é professora da UFRGS, na área de bioquímica.

Porto Alegre é um "mau exemplo", segundo as operadoras.
As empresas de telefonia tinham três anos para fazer os ajustes em suas redes de transmissão a contar da aprovação da Lei das Antenas. O resultado é que a partir de 2005, o município iniciou a cobrança de multas pelo descumprimento da norma. “Mas elas também não pagaram as multas e agora querem mudar a lei para anular a cobrança”, prosseguiu Ana.

Em Porto Alegre existem 725 ERBs instaladas e a previsão é que com os preparativos para a Copa do Mundo este número aumente para quase 1300. Em Canoas são 95, em Viamão 63, em Alvorada 36 e em Esteio 21. Em todo o Estado há, segundo a Anatel, 4.320 antenas de celular emitindo radiação sobre a população.


Assessoria de Imprensa Agapan
Naira Hofmeister

08 setembro 2013

Nota Conjunta ABRASCO, FIOCRUZ e INCA: não aceitaremos pressões de setores interessados na venda de agrotóxicos

A nota conjunta da ABRASCO, FIOCRUZ e INCA vem a encontro do sentimento que temos. A AGAPAN (Associação Gaucha de Proteção ao Ambiente Natural), partilha da mesma opinião quanto ao usos de defensivos agricolas, que nada são que venenos mascarados de aura candida de defesa agrícola, quanto na verdade são ataques mortais a qualidade de vida dos entes humanos e de toda biosfera.

Como diz a nota, há uma intima relação entre o envenamento e o uso de transgênicos como soja, milho e canola, por exemplo. Todos gerando enormes lucros as transnacionais a custa da saúde do agricultor e todos brasileiros banhados por venenos fortíssimos.

 
Sala dos Conselhos - AGAPAN
Alfredo Gui Ferreira - Presidente

Nota Conjunta ABRASCO, FIOCRUZ e INCA: não aceitaremos pressões de setores interessados na venda de agrotóxicos:

Uma verdade cientificamente comprovada: os agrotóxicos fazem mal à saúde das pessoas e ao meio ambiente
Historicamente, o papel da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Nacional de CâncerJosé Alencar Gomes da Silva (Inca) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) é de produção de conhecimento científico pautado pela ética e pelo compromisso com a sociedade e em defesa da saúde, do ambiente e da vida. Essas instituições tiveram e têm contribuição fundamental na construção e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde.

Quando pesquisas desenvolvidas nas referidas instituições contrariam interesses de negócios poderosos, incluindo o mercado de agrotóxicos, que movimenta anualmente bilhões de reais, eventualmente elas sofrem ataques ofensivos que, transcendendo o legítimo debate público e científico, visam confundir a opinião pública utilizando subterfúgios e difamações para a defesa e manutenção do uso de substâncias perigosas à saúde e ao meio ambiente.

A Fiocruz, o Inca e a Abrasco não se eximem de seus papéis perante a sociedade e cumprem a missão de zelar pela prevenção da saúde e proteção da população. Por esta razão têm se posicionado claramente no que diz respeito aos perigos que os agrotóxicos e outras substâncias oferecem à saúde e ao meio ambiente. Desde 2008, o Brasil lidera o ranking de uso de agrotóxicos, o que gera um contexto de alto risco e exige ações prementes de controle e de transição para modelos de produção agrícola mais justos, saudáveis e sustentáveis.
As pesquisas sociais, clínicas, epidemiológicas e experimentais desenvolvidas a partir de pressupostos da saúde coletiva, em entendimento à complexa determinação social do processo saúde-doença, envolvem questões éticas relativas às vulnerabilidades sociais e ambientais que necessariamente pertencem ao mundo real no qual as populações do campo e das cidades estão inseridas.

Neste sentido, a Fiocruz, o Inca e a Abrasco estão seguros do cumprimento de seu papel. Portanto, repudiam a acusação de que são guiados por um “viés ideológico” e sem qualidade científica. As referidas instituições defendem os interesses da saúde pública e dos ecossistemas, em consonância com os direitos humanos universais, e firmados pelos princípios constitucionais que regem o Brasil.
A Fiocruz, o Inca e a Abrasco atuam há décadas em parceria com diversas universidades e institutos de pesquisas, como a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em que atua o professor e pesquisador Wanderlei Pignati – citado em reportagem da revista “Galileu” mencionada abaixo –, e outros que desenvolvem pesquisas sobre os impactos dos agrotóxicos e de micronutrientes na saúde e no ambiente que são idôneas, independentes, críticas, com metodologias consistentes e livres de pressões de mercado. Tais pesquisas vêm revelando a gravidade, para a saúde de trabalhadores e da população em geral, do uso de agrotóxicos, e reforçam a necessidade de medidas mais efetivas de controle e prevenção, incluindo o banimento de substâncias perigosas já proibidas em outros países e o fim da pulverização aérea.
O “Dossiê Abrasco–Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na Saúde” registra e difunde a preocupação de pesquisadores, professores e profissionais com a escalada ascendente de uso de agrotóxicos no Brasil e a contaminação do ambiente e das pessoas dela resultante, com severos impactos na saúde pública e na segurança alimentar e nutricional da população.

Os agrotóxicos podem causar danos à saúde extremamente graves, como alterações hormonais e reprodutivas, danos hepáticos e renais, disfunções imunológicas, distúrbios cognitivos e neuromotores e cânceres, dentre outros. Muitos desses efeitos podem ocorrer em níveis de dose muito baixos, como os que têm sido encontrados em alimentos, água e ambientes contaminados. Além disso, centenas de estudos demonstram que os agrotóxicos também podem desequilibrar os ecossistemas, diminuindo a população de espécies como pássaros, sapos, peixes e abelhas. Muitos desses animais também desempenham papel importante na produção agrícola, pois atuam como polinizadores, fertilizadores e predadores naturais de outros animais que atingem as lavouras. O “Dossiê Abrasco” cita dezenas dos milhares de estudos publicados em periódicos científicos nacionais e internacionais de renome que comprovam esses achados.

É direito da população brasileira ter acesso às informações dos impactos dos agrotóxicos. Faz-se necessário avançar na construção de políticas públicas que possam proteger e promover a saúde humana e dos ecossistemas impactados negativamente pelos agrotóxicos, assim como fortalecer a regulação do uso dessas substâncias no Brasil, por meio do SUS.

Nesse sentido, a Fiocruz, o Inca e a Abrasco repudiam as declarações do diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher, e de Ângelo Trapé, da Unicamp, veiculadas na revista “Galileu” nº 266, edição de setembro de 2013, e também na entrevista divulgada no site da publicação, que atentam contra a qualidade científica das pesquisas desenvolvidas nessas instituições e, em especial, contra o “Dossiê Abrasco – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na Saúde”.

As palavras do diretor-executivo da Andef, que tentam desqualificar e macular a credibilidade dessas instituições, são inéditas, dado o prestígio nacional e internacional e a relevância secular que temos na área da pesquisa e formulação de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação em saúde, bem como na formação de profissionais altamente qualificados.

A Andef é uma associação de empresas que produzem e lucram com a comercialização de agrotóxicos no Brasil. Em 2010, o mercado dessas substâncias movimentou cerca de US$ 7,3 bilhões no país, o que corresponde a 19% do mercado global de agrotóxicos. As seis empresas que controlam esse segmento no Brasil são transnacionais (Basf, Bayer, Dupont, Monsanto, Syngenta e Dow) e associadas à Andef. As informações sobre o mercado de agrotóxicos no Brasil, assim como a relação de lucro combinado das empresas na venda de sementes transgênicas e venenos agrícolas, estão disponíveis no referido Dossiê Abrasco “Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na Saúde”.

A Fiocruz, o Inca e a Abrasco não aceitarão pressões de setores interessados na venda de agrotóxicos e convocam a sociedade brasileira a tomar conhecimento e se mobilizar frente à grave situação em que o país se encontra, de vulnerabilidade relacionada ao uso massivo de agrotóxicos.

Rio de Janeiro, 06 de setembro de 2013

05 setembro 2013

Ambientalistas discutem efeitos da tecnologia sem fio na saúde humana


Edição de setembro do AGAPAN Debate, que acontece dia 9 na Faculdade de Arquitetura da UFRGS, vai mostrar pesquisas que apontam que redes wireless, celulares e antenas de telecomunicações podem não ser seguros para a vida dos indivíduos.  

Pesquisas e experimentos têm demonstrado que as tecnologias de comunicação sem fio podem causar grandes danos à saúde dos indivíduos. Tanto que, desde maio de 2011, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica radiações provenientes de redes wireless, celulares, antenas de telecomunicações e bluethooth como "possivelmente cancerígenas".
"São as radiações não-ionizantes, que podem causar quebras simples e duplas das moléculas de DNA e alterações da barreira hemato-encefálica, podendo, com isso, gerar enfermidades e inclusive câncer", alerta o doutor em Engenharia Elétrica e professor da UFRGS, Álvaro Salles.
Salles é um dos convidados do AGAPAN Debate de setembro e, ao lado da farmacêutica e bioquímica Ana Valls, vai discutir com a platéia as debilidades da legislação em vigor e as precauções que o cidadão comum pode tomar para evitar prejuízos à sua saúde. A entidade ambientalista assim, se soma a vários grupos no Brasil, na América Latina, nos Estados Unidos e em países da Europa que vem alertando suas populações para os riscos decorrentes das radiações da comunicação sem fio.
"É preciso que se debata o tema para reverter o quadro de desinformação das comunidades, principalmente para garantirmos que as crianças e adolescentes tenham direito à vida em primeiro lugar", defende a diretoria da entidade. 
Porto Alegre possui uma das leis mais avançadas no país sobre a instalação de antenas de telefonia, as chamadas Estações de Rádio-Base, sancionada graças à pressão popular no ano de 2002. A Lei das Antenas, como ficou conhecida, estabelece limites protetivos semelhantes aos aplicados na Suíça e vem inspirando regras semelhantes em várias cidades de todo o Brasil.
Entretanto, na contramão dos que tomam Porto Alegre como exemplo, a Câmara Municipal está propondo alterações nas normas vigentes na cidade. "É bom que as pessoas sejam alertadas que a Lei das Antenas está sendo discutida por pressão das empresas, que estão devendo multas por não terem se adequado à ela no prazo de três anos", lamenta Ana Valls, que participou ativamente do movimento cidadão que resultou na legislação.
Outra preoocupação que será abordada no debate diz respeito a propaganda dirigida às crianças. A Agapan avalia que a publicidade atual, voltada para o consumo de tecnologias sem fio, se assemelha àquela que massificou o fumo entre a população no período entre 1960 e 1980 - hábito que hoje é publicamente condenado. "O anúncios induzem as pessoas a usarem aparelhos de telefonia celular como se fossem brinquedos", lamenta a entidade, que vincula o aumento de incidência de câncer no Brasil - 500 mil novos casos a cada ano - ao uso descontrolado dessas tecnologias.

Serviço:
O que: AGAPAN Debate
Tema: "Os riscos da radiação eletromagnética não ionizante da telefonia celular"
Convidados: 
Professor Álvaro Salles - UFRGS
Conselheira Ana Valls - AGAPAN
Quando: 9 de setembro de 2013, 19h
Local: Faculdade de Arquitetura da UFRGS (Rua Sarmento Leite, 320  -  Porto Alegre)