22 fevereiro 2013

Carta de Dayrell ao prefeito Fortunatti: está em tempo de rever e repensar soluções.


Dayrell subiu na árvore na Av João Pessoa em frente ao Direito da UFRGS  em fevereiro de 1975.
Mais dois jovens subiram também e evitaram que um viaduto cortasse todas as árvores. Estas estão lá até hoje. O projeto foi modificado. Em plena ditadura.
Em 6 de fevereiro de 2013, um estudante subiu nas árvores da praça Julio Mesquita para evitar o corte de 118 árvores. É seguido por mais dois jovens.  (Foto: CCardia)

Dayrell, o jovem estudante e associado da AGAPAN, que evitou a derrubada das árvores na av. João Pessoa em fevereiro de 1975, enviou para Milanez da AGAPAN a cópia de sua carta ao prefeito Fortunatti. 

"Esta discussão de fundo proporcionada pela movimentação em torno da Anita e, em seguida, do Gasômetro, não podia ser deixada para depois. No dia 21 de janeiro, reagindo à uma proposta que saiu na rede social de manifestarmos uma posição falando diretamente com o Fortunatti no seu blog, enviei esta carta (segue anexa). Não tive resposta, mas a movimentação puxada pela juventude e por todos vocês está provocando a resposta que não tínhamos tidos. Parabéns a todos vocês!

De fato, estamos vivendo um período onde não temos mais como deixar para depois as questões que nos afetam diretamente.

Aqui, no sertão norte mineiro, infelizmente estamos vivendo uma nova onda de desmatamento sobre os cerrados, caatingas e matas secas. E agora a mineração avança sobre as altas montanhas, ameaçando a destruir o que nos resta de nossas reservas de água. As comunidades começam a se levantar ... e nossa esperança vai crescendo com as noticias que nos chegam do sul!" 


Um grande abraço,

Carlos Dayrell 

Moradores protestam com faixas pretas nas 240 árvores ameaçadas de corte
 para Obra da Copa  na rua Anita Garibaldi. (Nessa/AGAPAN)


Carta de Dayrell ao Prefeito de Porto Alegre Fortunatti:

Caro Fortunatti,

Tomo a liberdade de me dirigir a você desta maneira. E desde aqui do Norte de Minas onde venho construindo minha vida, onde cheguei após tantas caminhadas, por muitos lugares. 

De Porto Alegre com certeza o lugar e o período que mais orientou e marcou minha trajetória, além dos tantos amigos e familiares que aí tenho. Um carinho que cresceu muito mais quando após tantos anos aqui, neste sertão, me descobriram e me chamaram de volta. 

Um convite demais honroso – ser agraciado com o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre. Honraria que foi construída por muitas mãos de porto-alegrenses ilustres, e entre estas, as suas. Onde falou alto, muito mais do orgulho que tive ao receber esta honraria, foi o de poder compartilhar com a minha mãe, D. Doxinha, aquele momento. Afinal, foi minha mãe que tinha costurado minha saída de Porto Alegre para Viçosa em Minas Gerais, o que aconteceu em julho de 1976. 

Saindo quase no silêncio, foi a orientação que recebi então, a tratamento médico. O que minha mãe tinha feito, e fui saber muito tempo depois, foi movida por um medo imenso ao ver estampada em uma matéria de jornal (Zero Hora, 06.11.75) a fala do então comandante do III Exercito, general Oscar Luiz da Silva. Este, ao apresentar o general Adolpho de Paula Couto, que faria uma palestra para a ADR – Ação Democrática Renovadora – ele abordou como a primeira de um total de treze indagações: “Porque há alguns meses aqui em Porto Alegre, um estudante, em plenas férias, subiu em uma árvore para impedir que ela fosse derrubada pela prefeitura?” Vivíamos quase o ocaso da ditadura, mas as forças repressivas continuavam agindo, "a subversão está contida, mas os subversivos continuam agindo": em outubro de 1975, assassinato Vladimir Herzog; em janeiro de 1976, Manuel Fiel Filho. Quantos outros não estariam sendo divulgados na imprensa?

Foi neste clima que mudei para Viçosa, em Minas Gerais, quase na calada da noite. Certamente D. Doxinha nunca imaginaria que, vinte e dois anos após, seu filho retornaria a Porto Alegre para receber o título de Cidadão Honorário.

Faço esta breve introdução caro Fortunati, apenas para você ter ideia da gratidão que guardo por todos vocês que foram responsáveis pela decisão de outorga deste título que muito me honra. E é por esta gratidão que guardo com Porto Alegre que tomo a liberdade de escrever esta carta a você. 

Estou aqui a acompanhar de longe a movimentação dos porto-alegrenses que lutam para que as árvores da Anita sejam preservadas. Já vi os que defendem e justificam a obra, já vi os que se posicionam contrário à obra. E me posicionei: as árvores da Anita precisam ser resguardadas. E com as árvores, um novo conceito de cidade precisa ser abarcado por nossos gestores. 

Um conceito de cidade de futuro – que saiba reconhecer e valorizar sua história, suas tradições, seu patrimônio natural e cultural – e ir construindo alternativas para além daquelas geradas pela enorme pressão dos setores industriais imediatamente envolvidos no binômio – automobilismo – petróleo. 

Pressão que além de provocar apetites insaciáveis por mais e mais produtos, por mais e mais espaços, o fazem em cima do descarte, da obsolescência planejada. Nossa sociedade não pode ficar a mercê destes interesses, pois eles não têm fim. 

Cabe aos poderes públicos construir efetivamente os limites. Tenho certeza de que existe uma solução que tanto vai garantir a preservação das árvores da Anita – pelo menos de sua maioria – onde os engenheiros de tráfego e outros especialistas em mobilidade urbana vão encontrar não apenas uma solução imediata – mas, principalmente, uma solução de longo prazo – prezando a historia, a tradição, e acionando soluções inovadoras que acautelem desde já enorme crise ambiental que apenas muito superficialmente antevemos. É com este espírito que escrevo esta carta. Está em tempo de rever e repensar soluções. Criatividade nosso povo tem de sobra.

Um grande abraço,
Carlos Alberto Dayrell 

Montes Claros / MG – aos 21 de janeiro de 2013.



18 fevereiro 2013

Escola de samba Vila Santa Isabel, vitoriosa no Rio de Janeiro, foi patrocinada por empresa de agrotóxicos

Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia


Empresa de agrotóxicos aproveita a maior festa popular do Brasil , 
o Carnaval, para divulgar  seus venenos. 

A Campanha por Um Brasil Livre de Agrotóxicos, 
no qual a Agapan é integrante,
 denuncia e repudia esta atitude.


Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 2013

Ao Grêmio Recreativo Escola de Samba Vila Isabel,

Recebemos com enorme alegria a notícia de que o samba da Vila Isabel do ano de 2013 terá como tema a agricultura e os agricultores, no enredo “A Vila canta o Brasil celeiro do mundo – água no feijão que chegou mais um…”.

Este tema é bastante caro a nós que lutamos por uma agricultura sem venenos e que possa produzir alimentos saudáveis para toda a população. Entendemos a agricultura feita pelas famílias camponesas e de pequenos agricultores como atividade fundamental para a sociedade, pois é ela quem coloca na mesa de nós, brasileiras e brasileiros, o alimento do qual dependemos para sobreviver.

Neste sentido, o enredo composto por Rosa Magalhães, Alex Varela e Martinho da Vila consegue traduzir de forma bastante poética e bonita o dia-a-dia de milhões de famílias camponesas e de pequenas de agricultoras e agricultores, que apesar de todos os problemas, ainda “agradecem a deus por ver o dia raiar e pegam a viola, parceira de fé, caminho da roça para semear o grão e saciar a fome com a plantação.”

A letra da música reflete de forma impecável a beleza da agricultura camponesa e familiar brasileira. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2006, ela é responsável por 70% do alimento que chega à mesa dos brasileiros, mesmo ocupando apenas 25% das áreas agricultáveis. Mesmo recebendo apenas 14% do crédito dado pelo governo à produção agrícola, a agricultura familiar emprega 9 vezes mais pessoas por área e ainda é responsável por um terço das exportações agropecuárias do país.

O outro modelo de produção agrícola, vigente hoje no Brasil, tem recebido o nome de agronegócio. Este modelo, que abocanha 86% do crédito, 75% das terras, mas produz apenas 30% dos alimentos que compõem a alimentação da população e emprega somente 1,5 trabalhadores a cada 100 hectares, tem causado enormes prejuízos ao Brasil.

Ao focar sua produção na soja, eucalipto e cana-de-açúcar, o agronegócio brasileiro tem contribuído para o aumento dos preços dos alimentos, especulação e, consequentemente, para a fome no mundo – haja vista que quase um bilhão de pessoas no mundo passa fome. Essa produção, voltada quase que exclusivamente para exportação, usa o solo, a água e trabalho dos brasileiros para exportar mercadorias agrícolas sem nenhum valor agregado para o exterior.

Entretanto, este ainda não é o pior problema. Graças ao agronegócio brasileiro, dito moderno, desde 2008 nos tornamos os maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. Esta enorme quantidade de veneno jogada em nossas lavouras tem causado contaminações nos rios, na chuva, no solo e até no leite materno. Os danos à saúde vão desde dores de cabeça e enjoos até depressão, podendo levar ao suicídio, e diversos tipos de câncer, incluindo de cérebro, pulmão, próstata e linfoma, como pode ser comprovado pelos três dossiês publicados em 2012 pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO).

Diante deste quadro, causou-nos espanto e tristeza saber que este enredo está sendo financiado pela empresa alemã BASF. A estrutura de poder que permite que o agronegócio brasileiro continue envenenando o país está sustentada por dois pilares: a bancada ruralista no Congresso Nacional, composta por deputados e senadores donos de vastas fazendas, que legislam a seu favor, e as empresas produtoras de agrotóxicos, sementes transgênicas e outros insumos agrícolas. Dentre estas, umas das mais importantes é exatamente a BASF.

A história de destruição causada por esta empresa não é recente. Já em 1921, uma explosão em sua fábrica na Alemanha causou a morte de 561 pessoas. Durante a Segunda Guerra mundial, a BASF foi uma das fabricantes do gáz Zyklon B, utilizado nas câmaras de gás nazistas para matar milhões de prisioneiros do regime. Entre eles, nossa querida Olga Benário, que inclusive utilizou a Zona Norte do Rio como esconderijo da ditadura Vargas.

No Brasil, a empresa provocou, em 2001, um vazamento de 11 mil litros de Mollescal, um corrosivo destinado ao curtimento de couro. Depois do acidente, a BASF forneceu informações falsas ao serviço de emergência sobre o grau de toxidade da substância, colocando em risco os profissionais envolvidos no atendimento à população. Em 2000, a empresa adquiriu uma fábrica de agrotóxicos da Shell em Paulínia, sabendo que havia mais de 1000 trabalhadores intoxicados e 180 famílias que tiveram que deixar o local, pois o solo e a água estavam contaminados. A BASF continuou por dois anos a fabricação de Aldrin, substância reconhecidamente cancerígena.

Em 2010, a BASF foi a terceira maior vendedora de agrotóxicos no Brasil, lucrando 916 milhões de dólares com a doença dos brasileiros e brasileiras. E não são só os agricultores que sofrem com os venenos: segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a ANVISA, quase dois terços do alimentos que chegam à nossa mesa contêm resíduos de agrotóxicos, sendo que um terço foi classificado como irregular pela Agência.

Diante disso, gostaríamos respeitosamente de repudiar a atitude da Escola de samba Vila Isabel em aceitar dinheiro advindo do veneno, da doença e do câncer de famílias camponesas e de agricultoras e agricultores brasileiros. Uma Escola que já nos presenteou com belos sambas falando de um mundo melhor não deveria se submeter ao interesse vil desta multinacional.

Além disso, denunciamos que a Vila Isabel está sendo usada pelo agronegócio brasileiro para promover sua imagem, manchada pelo veneno, pelo trabalho escravo, pelo desmatamento, pela contaminação das águas do país e por tantos outros problemas. O agronegócio, que não pinga uma “gota de suor na enxada”, nem “partilha, nem protege e muito menos abençoa a terra”, quer se apropriar da imagem dos camponeses e da agricultura familiar, retratada no samba enredo de 2013, para continuar lucrando às custas do envenenamento do povo brasileiro.

O velho sonho de alimentar o mundo e do bem viver será concretizado somente quando camponesas e camponeses do mundo inteiro tiverem terra para produzir alimentos saudáveis, adequados à cultura local, sem uso de agrotóxicos nem de sementes transgênicas, e, sobretudo, sem precisar se subordinar às grandes multinacionais do agronegócio. A agricultura camponesa é a única que pode produzir alimentos saudáveis, para o Brasil e para o mundo, de forma sustentável, e é a única forma de atingir nosso tão almejado “bem viver”.

Certos de que a Escola é solidária a essas questões, reafirmamos nossa posição e nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Saudações,


Organizações que participam da Campanha e assinam esta carta:
Movimentos Sociais e Redes: Via Campesina, MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores, MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MMC – Movimento das Mulheres Camponesas, MPP – Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais, CIMI – Conselho Indigenista Missionário, PJR – Pastoral da Juventude Rural, CPT – Comissão Pastoral da Terra, RADV – Rede de Alerta Contra o Deserto Verde, RECID – Rede de Educação Cidadã, ANA – Articulação Nacional de Agroecologia, PJMP – Pastoral da Juventude do Meio Popular, FBSSAN – Fórum Brasileiro de Segurança e Soberania Alimentar, Rede de Educadores do Vale do São Francisco, FBES – Fórum Brasileiro de Economia Solidária, Consulta Popular, Levante Popular da Juventude.
Universidades e Instituições de Pesquisa
Nacional: ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva, FIOCRUZ – Fundação Osvaldo Cruz, INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva.
Regional: UNIVASF – Universidade Federal do Vale do São Francisco, Núcleo Tramas – UFC (CE), Soltec/UFRJ – Núcleo de Solidariedade Técnica (RJ), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário (BA).
Movimento Sindical
Nacional: CONTAG, CUT, CREA, SENGE, SEPE, SINTAGRO, SINTRAF, SINPAF, Conselho Federal de Nutricionistas (CFN).
Regional: Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais – FETAMG (MG), Sindicato dos Comerciantes de Petrolina (PE), STR de Petrolina (PE), Associação dos Engenheiros Agrônomos da Bahia – AEABA (BA), Sindicatos dos Engenheiros – Senge (RJ), Sindicato dos Petroleiros – Sindipetro (RJ).
Entidades, ONGs, Assessorias, Associações
Nacional: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC, Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE, Agricultura Familiar e Agroecologia – AS-PTA, Fundação Rosa Luxemburgo.
Regional: Políticas Alternativas para o Cone Sul – PACS (RJ), Visão Mundial, Associação Advogados de Trabalhadores Rurais – AATR (BA), Centro de Estudos e Ação Social – CEAS (BA), Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais – SASOP (BA), Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul – CEPEDES (BA), Associação das Rendeiras de José e Maria, Grupo de Agroecologia de Umbuzeiro – GAU,Terra de Direitos, GIAS – MT, Instituto Kairós, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, FORMAD, Radio AgênciaNP, Semeadores Urbanos, CAA – Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas.
Movimento Estudantil
Nacional: FEAB, ABEEF, ENEN, ENEBIO, DENEM.
Regional: DA de Agronomia da UNEB, DA de Agronomia da UNIVASF, GEAARA, DCE – UNIVASF, DPQ? (RJ).
Legislativo
Mandato do Deputado Estadual Simão Pedro (SP), Mandato do Deputado Federal Padre João (MG), Mandato do Deputado Estadual Marcelo Freixo (RJ).

15 fevereiro 2013

Reunião da Obra da Copa: Povo das árvores 10 x 0 SMAM Secretaria do Meio Ambiente de Porto Alegre




Caio Lustosa, ex-Secretário da SMAM.  (foto: Cesar Cardia)


População se manifesta. (Foto: Ramiro Furquin/Sul 21)

Zachia da SMAM. (Foto: Ramiro Furquin/Sul 21)

O auditório Ana Terra da Câmara de Vereadores de Porto Alegre lotou no dia de ontem (14/02) com centenas de pessoas para a reunião do COSMAM (Conselho Municipal do Meio Ambiente) com a SMAM, Prefeitura de Porto Alegre, vereadores e ambientalistas. 

Secretário da SMAM Secretaria do Meio Ambiente, o ex-dirigente de futebol, ex-vereador Luiz Fernando Záchia apresentou os motivos técnicos para o corte das 118 árvores na avenida em frente a orla do Guaíba e Usina do Gasômetro, porém não convenceu o povo presente. Falou que houveram estudos, mas que a única solução encontrada foram os cortes. As pessoas presentes fizeram muitas críticas pela atuação da SMAM na cidade, trouxeram vários exemplos negativos e pediram a sua saída da pasta, por não ser do meio ambiente e representar os interesses da Copa de Futebol da FIFA.

Francisco Milanez da AGAPAN argumentou que "na lei de Estudo de Impacto Ambiental devem ser esgotadas todas as alternativas de um projeto de obra para evitar o dano ambiental à região. Sem esgotar todas as possibilidades não deve haver decisão. EIA Rima prevê realizar audiência pública com a população antes, debatendo o problema e construindo soluções. Isto não vem ocorrendo em Porto Alegre com as Obras da Copa de futebol em 2014, não há diálogo com a população. A SMAM tem liberado tudo. Nós da AGAPAN sugerimos que possamos discutir em conjunto com a Prefeitura outras soluções alternativas. Estamos a disposição para contribuir."

Fernanda Melchiona, vereadora, apresentou relatório de que 9.000 mudas foram compensadas por compra de motosseras pela SMAM. 

Sofia Cavedon, vereadora, apresentou que "a avenida João Goulart não possui pontos de congestionamento, o trânsito tem fluidez, não sendo necessário o alargamento da via. Ali passam muitas bicicletas e pedestres pela faixa de segurança, se colocarmos  uma "freeway" no local, como estas pessoas vão atravessar para ir à orla do Guaíba?"

Priorizar os automóveis foi uma crítica levantada pelo vereador Marcelo Sgarbossa (PT) durante a reunião. “Estas políticas automobilística, como esta que prevê uma via expressa dentro de um perímetro urbano, vão na contramão da mobilidade que deve priorizar o transporte coletivo, que transporta mais pessoas, com menos impacto ambiental”, argumentou. (Sul21)

Lívia Zimermann, da União pela Vida falou que "um secretário do meio ambiente deve aconselhar o prefeito e seus colegas da Prefeitura para evitarem obras, ir contra eles se preciso for, pra evitar obras com impactos negativos no ambiente natural. Deve se do lado do meio ambiente e não contra."

No final da reunião após negociação entre todos foi definida para dia 19/02 às 11h30  Audiência Pública com a  Promotoria de Defesa do Patrimônio Urbanístico do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS). 

No mesmo dia 19/02, pela manhã se reunirá  um grupo de trabalho com a Prefeitura, ambientalistas, vereadores e moradores. Uma Audiência pública será marcada para a população ver as soluções encontradas pelo grupo de trabalho, em data a ser logo marcada. O corte de árvores está suspenso até esta audiência pública na Câmara de Vereadores. 

A participação de toda a população é importante, continue atento e participe.

Francisco Milanez da AGAPAN.





César Cardia  da AGAPAN. (Foto: Ramiro Furquin/Sul 21)

Jaqueline Sanchotene do Movimento Viva Gasômetro. (Foto: Ramiro Furquin/Sul 21)

Manifestantes. (Foto: Ramiro Furquin/Sul 21)



Lívia Zimermann, ambientalista da União pela Vida afirmou que na pasta do meio ambiente deve ter um secretário que protege e impede a Prefeitura de fazer Obras que destroem o ambiente natural.  (Foto: Ramiro Furquin/Sul 21)

A formula para cidades menos quentes já existe.  (foto: PMPA Desiree Nunes) 
Saiba mais em:

http://www.sul21.com.br/jornal/2013/02/moradores-e-vereadores-cobram-prefeitura-por-derrubada-de-arvores-em-porto-alegre/

http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=488701

 AGAPAN

09 fevereiro 2013

13/02 e 14/02 Manifestações e Audiência contra Corte de Árvores para Obras da Copa 2014 em Porto Alegre


 Dia 13 de fevereiro: 18h30: Mobilização em defesa dos Espaços para Pedestres e Áreas Verdes

A mobilização busca dar visibilidade à retirada dos espaços públicos livres na cidade de Porto Alegre.
Parte da Praça Júlio Mesquita e do Parque Marinha do Brasil estão sendo removidas para dar mais espaço aos automóveis. Na avenida Ipiranga, entre as avenidas Beira Rio e Borges de Medeiros. A remoção de 1.000 m2 da praça Júlio Mesquita (praça do Aeromóvel) para convertê-los em vagas para 100 automóveis.
Estão tirando áreas verdes, espaço de lazer das pessoas e transformando isso em um depósito de automóveis.
Não podemos ficar inertes. Precisamos nos mobilizar, resistir à ocupação da cidade, que é nossa.


Dia 13/02 - Quarta-feira às 18h30
Local:
Praça Julio Mesquita (Usina do Gasômetro), Porto Alegre. 
Venha de verde. 


Quantas Copas por uma Copa?

No dia 14 de fevereiro as 9h30 haverá uma reunião da população de POA, vereadores, AGAPAN com a SMAM - Secretaria do Meio Ambiente de POA. 

Assunto: Vamos pedir o cancelamento dos cortes de árvores para a SMAM!! E saber dos motivos que embasam a necessidade o alargamento da avenida João Goulart e retirada de 118 árvores.

É importante a presença de muitas pessoas!!

Dia 14/02 - Quinta-feira
Comissão de Saúde e Meio Ambiente - COSMAM
As 9h30 Sala 301
Camara Municipal de Porto Alegre
Av Loureiro da Silva, 255 - Ao lado do Parque Harmonia

Rua da Praia assiste manifestantes com galhos de árvores contra cortes de árvores das Obras da Copa 2014



Centenas de pessoas passando pela Rua da Praia com  galhos de árvores
"Plantamos" uma árvore na esquina democrática.



Segunda parte do Manifesto:

Entramos pela rua da Praia ontem (07/fevereiro), com nossas bandeiras de galhos de árvores, aquelas abatidas para obras da Copa 2014 na praça Julio Mesquita. Sim, árvores da Orla do Guaíba e da Usina do Gasômetro, que são cartão postal da cidade.

As pessoas nos bares nos olhavam assustadas na primeira impressão, e depois de ouvir nossos gritos e ler nossos cartazes de "Queremos arvores" elas nos aplaudiam. Choramos de emoção... estávamos invadindo a nossa rua mais charmosa com estas tristes árvores abatidas... 
Fomos até a Prefeitura de Porto Alegre, desfilando com galhos de árvores  para mostrar ao Prefeito e equipe que nós não queremos obras em cima de nossas árvores! Queremos outras soluções viárias para a cidade: ciclovias, soluções menos impactantes ao ambiente natural.

Deixem as árvores viverem!! Deixem a gente desta cidade viver com as árvores! Árvores não se usa, se deixa viva!!! 

AGAPAN

Fotos: Jovenir Miranda

08 fevereiro 2013

Usina do Gasômetro: Manifestação contra o corte de árvores para a Copa 2014 reúne centenas de pessoas

Contra o Corte de Árvores para Copa 2014 - Usina do Gasômetro - 118 árvores marcadas pra morrer -7/0


Centenas de pessoas, famílias, amigos, ambientalistas e jovens estiveram na Manifestação contra o corte de árvores da Obras da Copa de 2014 em praça da Usina do Gasômetro.

Para chamar atenção e apelar ao Prefeito que reveja e abandone projetos de obras que destroem a arborização de Porto Alegre.

Veja as fotos: Manifestação na Praça e após manifestação na Prefeitura de Porto Alegre.


06 fevereiro 2013

Jovens sobem em árvores para evitar derrubada de 115 árvores na avenida da Orla do Guaíba








Hoje ao meio dia jovens subiram em árvore na avenida da Usina do Gasômetro para evitar a derrubada de 115 árvores para Obra da Copa de 2014.  Fato que relembrou o ato realizado em fevereiro de 1975 por Carlos Dayrell, da Agapan e mais dois jovens, quando subiram na Tipuana da avenida João Pessoa evitando os cortes.

Suspensão dos cortes:


Os cortes de árvores foram suspensos até a realização da Audiência Pública no dia 14 de fevereiro às 9h30 na Câmara de Vereadores de POA. A AGAPAN estará presente na Comissão de Meio Ambiente, para cobrar os motivos da SMAM em autorizar este corte de 115 árvores num local turístico e de lazer público. 

População organiza a Vigília das Árvores:
http://vadebici.wordpress.com/2013/02/06/vigilia-pelas-arvores-da-av-beira-rio/


ATO Contra a Derrubada de Árvores: dia 07/ fevereiro - quinta-feira 
18 horas em frente ao Aeromóvel.
Venha de verde.

Convite:
http://www.facebook.com/events/422976281117303/




fotos: Cintia Barenho, Cemitério das Arvores, Site vai de bici

05 fevereiro 2013

A Trincheira da Anita, um modelo falido

Rua Anita Garibaldi  (AGAPAN/ Nessa)



Assistimos a um surto de obras em Porto Alegre, entre elas a denominada Trincheira da Anita, que projeta a escavação da rua Anita Garibaldi, plantando um viaduto em seu cruzamento com a avenida Carlos Gomes, com o alçamento de paredões de concreto em ambos os lados da via e,  dali, extirpando 240 árvores de médio e grande porte. Obra com dotação orçamentária original de 10 milhões de reais, já revistos e suplementados para 16 milhões. Verbas da Copa.

Os moradores da rua manifestam-se contrários, no que têm o resoluto apoio da Agapan. Nos dias de hoje, todos já vimos quem tende a ganhar e a perder com obras de gigaeventos, como os jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro e agora essa Copa do Mundo. Temos também uma vaga noção de como ganham. É ainda difícil ao cidadão comum o acesso aos complexos detalhes técnicos e aos costumes que regem o fluxo das enormes somas disponibilizadas.

Essa obra, em particular, tem como justificativa melhorar o trânsito de veículos nas ruas de Porto Alegre, mais e mais congestionadas pelo crescimento diário do número de automóveis. 
Por enquanto, apenas o poder público tem convicção de sua necessidade e utilidade, já que a sociedade, tendo à frente os moradores, foi sistematicamente ignorada na tentativa de sua discussão, só obtendo atenção após a ocupação da rua, acampando na frente das máquinas.
Aliás, estima-se hoje que 70% dos automóveis em circulação diária na cidade levam apenas o motorista. Uma tonelada, no mínimo, para transportar 70 kg. Convenhamos, em termos energéticos, coisa do século XIX.

Com os avanços tecnológicos de nossos dias, como a nossa sociedade não enxerga essa escancarada realidade? Ou melhor, por que não enxergamos essa escancarada realidade? Como nos conformamos com as condições viárias de Porto Alegre, que todos conhecemos? Como podemos acreditar que a solução disso tudo está em mais e mais obras, que, construídas com inestimáveis custos ambientais e sociais e enormes aportes financeiros, inauguram-se já desatualizadas? Posta a nova via em funcionamento, a resposta é sempre a mesma: ficou ruim, mas sem ela seria pior. Verdade ou não, optamos por aceitar a piora com otimismo.

Enquanto isso, capitais como Amsterdam gozam de outro problema, a falta de espaço para estacionar... bicicletas, para cuja solução vêm testando algumas tecnologias. Enquanto isso, nós, imbecilizados no interior de uma brilhante carcaça, com som e ar condicionado, levamos 10 minutos, ou mais, para andar 100 metros. Não importa, ela brilha, ela nos protege e nos diferencia. Ela nos dá, sobretudo, identidade! Imbecilizados, eu disse.

Não estamos sozinhos em Porto Alegre. O Planeta Terra funciona assim.  Zilhões de tonéis de petróleo refinados para gerar gasolina, fazendo de cada um de nós o feliz contemplado com parte da responsabilidade no lançamento de toneladas de Carbono na atmosfera. Aquecimento global, alguém lembra?

Árvores marcadas para morrer . (AGAPAN/Nessa)
Nós, da Agapan, apoiamos a luta dos moradores da Rua Anita Garibaldi por entendermos que esse modelo destruidor de vegetação e vida e gerador de concreto, com seus valores falidos e recursos desperdiçados, está errado.

Trabalhamos por uma sociedade atuante e informada, que se mobilize e também escolha representantes e administradores realmente comprometidos com a manutenção de um meio ambiente equilibrado e saudável, que se posicionem claramente contra esse atual modelo de hiperconsumo, que incentivem investimentos na pesquisa de novas tecnologias para dotação de um transporte público que constitua, realmente, alternativa ao automóvel individual. 
Representantes que exijam nada menos que isso, não só das empresas permissionárias, mas também das demais instâncias de governo, que incentivem o uso de transportes alternativos, que proponham uma mudança cultural, dizendo que, daqui por diante, nossa cidade vai preservar cada centímetro de sua vegetação, e que, em suma, vai rejeitar esse modelo perverso e já insuportável.

Por Eduardo Finardi Rodrigues, conselheiro da Agapan/RS

02 fevereiro 2013

Dezenas de árvores na Perimetral apresentam sinais de murcha permanente por falta de rega


Falta de rega de árvores, aqui  no canteiro da 3a Perimetral em Porto Alegre.

Dezenas de árvores jovens e mudas estão sofrendo pela ausência de rega em locais públicos, como podemos constatar nos canteiros ajardinados na II Perimetral, mais especificamente  próximo à esquina da Av. Salvador França e Av. Ipiranga, relatou o professor da Biologia da UFRGS, menbro do Ingá  e coordenador da Apedema RS, professor Paulo Brack através de carta encaminhada ontem, dia primeiro de fevereiro,  ao Secretário da SMAM, Luiz Fernando Zachia e ao Coordendor da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre, sr. Dr. Alexandre Sikinowski Saltz .



Árvores ficam na Salvador França com Ipiranga, 3a Perimetral em Porto Alegre.
Diz Brack: “as fotos constatam a muito provável morte de mudas pela falta de rega  e também na ausência de tutores. Entre as mudas de plantas nativas, raras em áreas públicas e que em  situação crítica estão grumixamas (Eugenia speciosa), Murta  (Blepharocalix salicifolius), Chal-chal (Allophylus edulis). Muitas  mudas não se pode identificar pois estavam já sem folhas e/ou mortas.

 Cabe destacar que esta situação parece se repetir em outras partes de  áreas públicas de Porto Alegre e a população do Município não gostaria  que só fossem tomadas providências após reportagens sobre os fatos  pela imprensa. ”.


Árvores sofrem com falta de chuva e falta de rega. (Foto: Paulo Brack)


Paulo Brack/ Ingá

AGAPAN Comunicação
Fotos: Paulo Brack/ Ingá