18 dezembro 2012

Carta recomenda que se evite o uso de telefone celular por crianças, adolescentes, gestantes e idosos!






O  Seminário estadual sobre os riscos da radiação eletromagnética da telefonia celular, ocorrido em 12 de novembro de 2012 no Plenarinho da Assembléia Legislativa aprovou uma Carta com várias recomendações  para que se evitem os descasos e as ameaças à saúde humana, animal e ambiental decorrentes da telefonia celular e afins. Entre as recomendações destacamos a que busca proteger as crianças e adolescentes que, principalmente nesta época de Natal,  são  assediados  e usados pela propaganda que não informa o risco que eles estão correndo ao usar este tipo de aparelho. E os pais, também pressionados pela mídia, acreditam estar protegendo os filhos com um telefone celular quando na verdade estão colocando a saúde deles em risco. 

Esta Carta foi enviada para autoridades estaduais e federais para que as mesmas atuem de maneira protetiva e  evitem os malefícios claramente descritos pelas diferentes abordagens dos palestrantes presentes no Seminário. No entanto, sabemos que isto não basta pois os interesses econômicos que envolvem a telefonia celular têm sido colocados num patamar de maior importância do que a saúde da população brasileira.

Assim, as  ações das comunidades interessada  é que poderão mudar esta história. Sugerimos que cada um e cada uma que acessar a Carta na íntegra, abaixo,  reflita sobre os “considerandos” e as “recomendações”, reavaliando sua postura diante desta tecnologia, divulgando em suas redes e lutando por seu direito fundamental  conforme  Art. 196 da Constituição Federal  onde diz que  “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas  sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos … ”

“Carta do Seminário sobre os riscos da Radiação Eletromagnética
  não ionizante da telefonia celular - Porto Alegre/RS - 2012"

Os cento e cinquenta participantes do Seminário Estadual sobre os riscos da Radiação Eletromagnética não ionizante da telefonia celular, ocorrido no dia 12 de novembro de 2012, no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul,  

considerando:

i.) a massiva utilização das tecnologias de comunicações sem fio(telefonia celular, WiFi, WiMax, Bluetooth, etc);

ii.) as recomendações da “Resolução de Porto Alegre”, resultantes do Seminário Internacional sobre radiações não ionizantes realizado em 2009;

iii.) que a própria OMS já classificou tais radiações (classificação 2 B) como
“possivelmente carcinogênicas”;

iv.) que é significativo o número de estudos epidemiológicos estabelecendo nexo causal entre campos de radiações não ionizantes (RNI) e agravos à saúde e ao ambiente;

v.) que é significativo o número de estudos demonstrando diferentes mecanismos de ação das radiações não ionizantes nos tecidos biológicos;

vi.) que é flagrante e consolidada a existência de poluição eletromagnética nos dias de hoje e portanto a questão deve ser discutida e acompanhada dentro da ótica da Vigilância em Saúde Ambiental e do Princípio da Precaução para viabilizar a aplicação e uso da RNI (de forma segura em relação à saúde, o ambiente e as necessidades da vida moderna);

vii.) que é fundamental estabelecer limites rigorosos de exposição humana a campos eletromagnéticos visando enfrentar os desafios que as novas tecnologias apresentam em relação à saúde e ao ambiente, sob pena de degradação do genoma humano;

viii.) que os sistemas de comunicação móvel não estão restritos à legislação federal, porquanto o problema transcende à questão das telecomunicações, matéria sobre a qual compete privativamente à União legislar (art. 22, inc. IV, da CF), atingindo a proteção e defesa da saúde e do meio ambiente (matérias de competência legislativa comum entre União, estados e Distrito Federal – art. 24, inc. XII, combinado com art. 30, I e II, da CF) e, segundo entendimento majoritário, também de competência dos municípios;

ix.) que a Lei Federal n. 11.934/09 não ostenta hierarquia superior às leis municipais que estabelecem limites mais protetivos à saúde e ao meio ambiente do que os atualmente preconizados pela ICNIRP (International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection);

x.) que as frequências próximas a 2,4 GHz (p. ex., 4G, WiFi, WiMax, Bluetooth, etc) são aquelas que mais atuam sobre as moléculas de água (uma vez que a molécula de água ressoa nestas freqüências) e que o corpo humano é composto de 70% de água, em média;

xi.) que a Saúde Ambiental deve ser vista como necessidade humana essencial, direito de cidadania e dever do Estado.


Recomendam:

1. que as autoridades responsáveis pela saúde pública (em todos os níveis), tomem providências efetivas visando reduzir imediatamente a exposição da população às radiações eletromagnéticas não ionizantes da telefonia celular;


2. que a proposição de legislação no Brasil determine aos fabricantes e operadores de serviços, que adotem alternativas tecnológicas adequadas visando a redução da exposição a estas radiações, p. ex., mediante a utilização preferencial de comunicações em meios confinados, como fibras óticas, cabos coaxiais, pares trançados, tanto em locais de trabalho, como residências, ambientes públicos, etc, sendo as comunicações sem fio utilizadas especialmente em casos excepcionais e emergenciais;

3. que os fabricantes de aparelhos móveis (ex: telefones celulares) priorizem a produção de aparelhos isentos de microfone e de alto falante, de forma que os usuários utilizem estes aparelhos sempre com fone de ouvido;

4. que os governos, em todos os níveis, promovam ampla campanha de conscientização da população, visando alertar para os riscos das radiações não ionizantes e para a importância na redução à exposição deste tipo de poluição;

5. que o governo brasileiro proteja os pesquisadores, que buscam evidências ou comprovação científica dos malefícios da radiação eletromagnética não ionizante da telefonia celular, impedindo e punindo o assédio moral sobre os pesquisadores da área;

6. que seja exigido dos fabricantes e vendedores o fornecimento das informações de riscos à saúde, no uso da telefonia celular, aos compradores dos aparelhos e afins;

7. que sejam adotados limites mais restritivos para exposição à radiofrequência (RF) ao ar livre e para campos de RF internos, ou dentro de residências com limites consideravelmente inferiores às diretrizes existentes no Brasil;

8. que seja proibido o direcionamento de antenas para as residências, creches, casas de repouso, hospitais ou quaisquer outras edificações passíveis de ocupação humana de forma permanente ou não;

9. que seja desestimulado o uso de telefone celular por crianças e adolescentes, idosos e gestantes;

10. que seja proibida a propaganda e campanhas publicitárias, que direta ou indiretamente incentivem o uso do telefone celular por crianças, adolescentes, gestantes e idosos;

11. que seja exigido o respectivo licenciamento ambiental para instalação de Estações rádio base (ERBs), através de órgão integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), pois a atividade é potencialmente poluidora;

12. que o meio jurídico debata o tema da poluição eletromagnética derivada das radiações eletromagnéticas não-ionizantes produzidas pelas ERBs de telefonia móvel, estruturando sistemas de controle legais para que esses

serviços se desenvolvam de maneira a não prejudicar a saúde humana e ambiental;

13. que o estado do RS tenha sua própria legislação sobre ERBs, determinando a proteção dos cidadãos e cidadãs, e do seu ambiente, instituindo normas e padrões semelhantes à legislação de Porto Alegre (Lei nº 8896/2002);

14. que seja instituído o limite máximo de exposição humana de 0,6V/m em todo o Brasil, até que novas provas determinem a alteração deste limite de exposição;

15. que, se necessário a instalação de novas ERBs, seja priorizado o compartilhamento de uso das estruturas já existentes, desestimulando-se a instalação de novas torres, preservando o paisagismo das cidades;

16. que não seja permitido o uso de frequências próximas a 2,4 GHz (p. ex., 4G, WiFi,WiMax, Bluetooth, etc), no território brasileiro;

17. que o Princípio da Precaução e o Princípio da Prevenção orientem as legislações federal, estaduais e municipais, e as ações governamentais e privadas no tocante à implantação e fornecimento dos serviços de telefonia celular e afins. ”


Obs.: O Seminário foi realizado pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa (CSMA/AL-RS), Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público (MPE/RS), Departamento de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (DMA-OAB), Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre (COSMAN), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Apoio da Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente (APEDeMA-RS), Frente Parlamentar em Defesa dos Consumidores de Energia Elétrica e Telefonia (FPDCEET/AL), Instituto Federal do RS (IF-RS).




 Ana Valls, Conselheira da AGAPAN

20 Dezembro: Outorga da Medalha Negrinho do Pastoreio à Anna Maria Primavesi




“Para mim é fascinante como a terra melhora, 
como a água nasce,
 como tudo está se desenvolvendo. 
A minha paixão é o solo, 
porque tudo depende do solo,
 inclusive os homens”.
Anna Maria Primavesi



Na próxima quinta-feira 20 de dezembro a agrônoma e agroecologista Anna Maria Primavesi será homenageada pelo movimento ambientalista e social, através da entrega da maior condecoração do Governo do Estado, a "Medalha Negrinho do Pastoreio" pela sua obra, atuação profissional em promover a agricultura natural sem agrotóxico e que valoriza a vida no solo. 

A pioneira em agroecologia:

Anna Maria Primavesi é uma das agrônomas mais importantes do Brasil. Nasceu na Áustria, casou com Arthur Primavesi e veio para o Brasil em 1949, vivendo muitos anos em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul. 

A doutora Primavesi, hoje com 92 anos, publicou 12 livros e 94 textos e artigos científicos inéditos, que são leitura obrigatória para quem estuda manejo de solos e agricultura orgânica. Seu livro mais famoso é o “Manejo ecológico do solo”, lançado em 1979. 


Dia: 20 de dezembro
Horário: 14h30
Local: Palácio Piratini 

13 dezembro 2012

17/12 : Seminário sobre a situação sócio-ambiental do RS

Bioma Pampa
 Seminário sobre a situação sócio-ambiental do RS

No próximo dia 17, segunda-feira, dia de luta em Defesa do Bioma Pampa, o MOGDEMA (Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente) realiza o Seminário sobre a situação sócio-ambiental do  RS.

O propósito dos organizadores é que já saia deste evento uma agenda mínima de mobilização, levando em conta as urgências e prioridades de enfrentamento, e que para tanto, precisaremos o máximo de pessoas que deverão se envolver nessas batalhas.


19 horas: 
-  Althen Teixeira Filho (UFPEL), 
-  Bira Jacobi (FURG),  
-  Edmundo Hoppe Oderich, membro da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida  
-  Pesquisadora Luiza Chomenko (Fundação Zoobotânica do RS). 


             
             O quê?  Seminário sócio-ambiental.
             Quando?  17/12/2012 - Dia do Bioma Pampa.
             Que horas?  19 horas.
             Onde?  Plenárinho da Assembléia Legislativa do RS.

17 de Dezembro – Dia Nacional do Bioma Pampa
Sala João Neves da Fontoura (Plenarinho) - 3° andar da
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL/RS)

 
09h – Abertura
Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul – FZB/RS
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA
Comissão de Saúde e Meio Ambiente da AL/RS
Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente – APEDeMA
 
10h – Debate
Políticas públicas de conservação para o Pampa – Giovanna Palazzi (SBF/MMA)
Áreas prioritárias e estratégias de conservação – Eduardo Vélez (UFRGS)
Preservação como fator de produção – EMBRAPA Clima Temperado
A experiência da Mata Atlântica – Comitê Estadual da Reserva da Mata Atlântica
A experiência da Reserva Biológica Biopampa de Candiota – Centro de Estudos e Apoio ao
Desenvolvimento Integral (CEADI)
 
Promoção:
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Secretaria Estadual do Meio Ambiente
 
Apoio:
Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa

“Nosso Pampa Desconhecido” no Palácio Piratini
A exposição “Nosso Pampa Desconhecido” estará no Palácio Piratini de 17 a 20 de dezembro de 2012. A mostra é composta por 30 fotografias de Adriano Becker, com painéis de conteúdos, textos e legendas dos pesquisadores do Museu de Ciências Naturais da FZB, Glayson Bencke e Luiza Chomenko.


12 dezembro 2012

Movimento Ecológico Gaúcho manifesta-se sobre a ampliação de megainvestimento da Celulose Riograndense no RS

Máquina corta, derruba e descasca eucalipto. (imagem: Minamar Júnior)




Ampliação de megainvestimento da Celulose Riograndense: o “salva-vidas
de chumbo 2.0” para o Estado?



A Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do Rio
Grande do Sul – APEDEMA/RS, vem a Vossa Senhoria manifestar sua
posição em relação à ampliação de megainvestimento da Celulose
Riograndense em nosso Estado.
 
Na década de 70, justamente durante o surgimento do movimento
ambientalista no Brasil, e em especial com a criação da AGAPAN, houve
um dos mais importantes embates contra as empresas poluidoras no
Estado do Rio Grande do Sul. Tratava-se do caso da empresa de celulose
Borregaard, que começou suas atividades, em 1972, na cidade de Guaíba.
O nome da empresa chegou a ser sinônimo de mau cheiro (odor de repolho
podre) que afetava a zona sul de Porto Alegre e, não raras vezes, toda
a cidade.
Fábrica da Borregaard e movimento ecológico que contou com participação 
  de crianças contra a fábrica de celulose.


Em 1974, a referida empresa teve o cancelamento de seu funcionamento
por mais de três meses até que resolvesse todos os aspectos relativos
às emissões aéreas e aos efluentes resultantes de sua operação,
considerados nocivos à saúde pública e ao meio aquático. Depois da
Borregaard, veio a Riocell, logo depois a Aracruz, e agora a Celulose
Riograndense, de capital chileno (CMPC). Esta última anuncia agora sua
ampliação (de 400 milhões de toneladas para 1,75 milhões de
toneladas), alardeando a criação de milhares de empregos, como a
Aracruz fez em 2008, antes de quebrar. Mas pouco se fala que 90% da
celulose produzida serão para exportação e menos de 10% para sua
transformação em papel, aqui no Brasil.
Fábrica passou de Aracruz para Companhia Riograndense de Celulose, planta  em 2009. " Dizia na foto da ZH:   Planta em Guaíba precisa de mais US$1,5 bilhão de investimento Foto: Divulgação"

Cabe lembrar que em 2008, a então empresa Aracruz, que anunciava
também a ampliação da planta industrial, e que possuía investimentos
do BNDES, tinha aplicado em derivativos (especulação financeira),
tendo sido afetada pela crise econômica mundial, gerada nos EUA, vindo
a perder em poucas semanas algo como 2 bilhões de reais.

Nestas quatro décadas, o crescimento da planta industrial não
eliminou, de todo, o cheiro ruim, principalmente no município de
Guaíba. Além disso, pairam sérias dúvidas, de parte de técnicos da
FEPAM e também de ambientalistas de renome, como o Prof. Flávio
Lewgoy, sobre os sérios riscos à saúde humana e meio ambiente, ligados
a enorme carga de poluentes (dioxinas, furanos, gases de enxofre,
etc.) gerados por este e outros empreendimentos industriais
concentrados na região.

 
Qualidade do ar em Porto Alegre e Canoas  - BR 116 (Imagem ZHora)

Cabe destacar que estamos lidando com um voo no escuro, tanto do ponto
de vista ambiental como econômico. Atualmente, a FEPAM tem sua rede de
monitoramento da qualidade do ar na Região Metropolitana de Porto
Alegre praticamente sucateada, ou seja, sem funcionar. Por outro lado,
a SEMA não consegue fiscalizar a implantação de todos os megaplantios
de eucalipto que convertem parte importante do que resta de campos
nativos do bioma Pampa, por falta crônica de técnicos e de condições
adequadas de trabalho. Esta semana, mais uma vez, documentos das
associações de funcionários da FEPAM e DEFAP chamam a atenção à
sociedade gaúcha sobre a falta de solução também com respeito ao
prédio parcialmente interditado da SEMA, há quase 10 meses.

Em relação a estes megaempreendimentos de celulose associados a
monoculturas arbóreas – também criticados no Chile, Uruguai e
Argentina - há alguns anos, o escritor uruguaio Eduardo Galeano
escreveu um artigo marcante, denominado “Salva vidas de Chumbo” (2007)
questionando semelhantes megainvestimento de celulose em seu país:

Passivo resultante da plantação de eucalipto e pinus.

O que esses esplendores nos deixaram? Nos deixaram sem herança nem
bonança. Jardins transformados em desertos, campos abandonados,
montanhas esburacadas, águas apodrecidas, longas caravanas de
infelizes condenados à morte antecipada, palácios vazios onde
perambulam fantasmas...Agora, chegou a vez da soja transgênica e da
celulose. E outra vez repete-se a história das glórias fugazes, que ao
som de seus clarins nos anunciam longas tristezas.[...] A celulose
também está na moda, em vários países. Agora, o Uruguai está querendo
se transformar num centro mundial de produção de celulose para
abastecer de matéria prima barata as longínquas fábricas de papel.
Trata-se de monocultivos para a exportação, na mais pura tradição
colonial: imensas plantações artificiais que dizem ser bosques e se
convertem em celulose num processo industrial que arroja detritos
químicos nos rios e torna o ar irrespirável.

O Estado do Rio Grande do Sul não merece ser, mais uma vez, palco de
megainvestimentos de alto risco, ligados a um jogo econômico que, de
antemão, concentra capital na mão de poucos, espalha monoculturas e
ameaça a saúde da população e ao meio ambiente.

A Sociedade Gaúcha clama a responsabilidade de seus governantes para
que se abandonem as atividades calcadas em gigantescos
empreendimentos, de alto risco, e priorizem sua atenção aqueles
setores que mais estão associados à sustentabilidade
econômico-ecológica como as tecnologias sociais, associadas
prioritariamente em energias brandas, a agroecologia, ao turismo rural
e ecológico, entre outros.

Porto Alegre, 12 de dezembro de 2012.


Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do RS

Excelentíssimo  Senhor
Tarso Genro
Governador de Estado

Excelentíssimo  Senhor
Alexandre Postal
Presidente da Assembleia Legislativa do Estado

Excelentíssimo  Senhor
Helio Corbellini
Secretário Estadual do Meio Ambiente


Imagens: Zero Hora
Site Poa resiste

09 dezembro 2012

Terça Ecológica 11/12: O papel da imprensa na democratização do movimento socioambiental



Parque Delta do Jacuí - Porto Alegre

Lívia Zimmermann
Alguns documentos inéditos sobre os protestos do movimento ambientalista gaúcho contra a poluição da antiga fábrica de celulose Borregard e a ameaça de instalação de aterro sanitário na Ilha do Pavão, em Porto Alegre, na década de 1970, serão apresentados na próxima terça-feira (11/12), durante mais uma edição da Terça Ecológica, evento mensal realizado pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul.

As informações serão apresentadas pela comunicadora social e mestre em saúde coletiva Lívia Zimmermann, que relembra o trabalho de sua mãe, uma das precursoras do movimento ambientalista e indigenista no Rio Grande do Sul Hilda Zimmermann, falecida neste ano. 

Ao abordar a importância que a imprensa teve para a democratização do movimento ecológico, em todas as fases, até chegar aos dias de hoje, Lívia vai apresentar pesquisa realizada durante o início da década de 1990, quando concluía seus estudos de graduação em Comunicação Social - Relações Públicas, sobre a degradação socioambiental nas ilhas do Delta do Jacuí, junto ao município de Porto Alegre. Ela traça um paralelo entre as fases das Relações Públicas com a da consciência socioambiental da população.

Ela lembra a atuação das ONGs Agapan e ADFG, que durante a década de 1970 organizaram, na Ilha Grande dos Marinheiros, juntamente com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), a primeira Campanha de Coleta Seletiva do Lixo na capital gaúcha. “Mas, infelizmente”, acrescenta, “apesar do apoio da população, rivalidades internas da administração municipal não deram continuidade ao projeto”.


Terça Ecológica
O Papel da Imprensa na Democratização do Movimento Socioambiental
Lívia Zimmermann - Comunicadora Social e Mestre em Saúde Coletiva
Dia 11 de dezembro
Às 19h
Auditório 3 da FABICO/UFRGS
Rua Ramiro Barcelos, 2705 - Bairro Santana
Evento: Ecojornalistas

Texto: Juarez Tosi
Imagem: Delta do Jacuí - desconhecido
Imagem: Livia/ Assembleia Legislativa


05 dezembro 2012

Audiência Pública sobre agrotóxicos evidencia as intenções de quem quer continuar envenenando a população gaúcha .



Deputado Ernani Polo (à esquerda)
presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo.


Membros da AGAPAN  estiveram presentes na Audiência Pública sobre a Lei Estadual 7747/82, conhecida como a Lei do Agrotóxicos, nessa segunda-feira, dia 3 de dezembro, no Plenarinho da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.  

Conforme exposto no início dos trabalhos pelo Dep. Ernani Polo, Presidente da Comissão de Agricultura/AL, a audiência havia sido solicitada pela direção da OCERGS, entidade que representa grande parte das Cooperativas do estado.


Com o desenrolar das apresentações ficou evidenciado, a todos e todas,  que os responsáveis pela produção e pela comercialização dos agrotóxicos, na qual obviamente se incluem as cooperativas vinculadas à OCERGS,  querem acabar com a Lei 7747/82 para poder regularizar a situação criminosa da entrada de venenos agrícolas proibidos no nosso território. Outra situação desvelada por algumas falas é que se danem os gaúchos e gaúchas pois somos apenas marionetes neste jogo pelo lucro a qualquer preço. Somos estatísticas, não somos gente. Agrotóxico foi comparado a “remédio” e  soja da monocultura foi comparada a um filho doente que precisa de “agrotóxico” para se curar. Seria talvez hilário se fosse um programa humorístico, mas era uma audiência pública na Casa do Povo.

Ana Valz da AGAPAN.

A representante da AGAPAN,  Ana Valls,  lamentou que” após trinta anos de vigência da Lei esta ainda não foi aplicada em sua totalidade. E mais lamentável ainda é o espaço legislativo do RS esquecer sua história e tentar reverter o processo de proteção da saúde dos gaúchos pois ao mesmo tempo que esta casa discute e tenta garantir mais recursos para o Sistema Único de Saúde, os deputados da Comissão de Agricultura  parece que estão trabalhando para aumentar o número de doentes no estado. A quem interessa isto?” Na sequência, Ana Valls leu o Manifesto da AGAPAN informando que o mesmo havia sido enviado para a Presidência da Assembléia Legislativa com cópia para todos os deputados estaduais. Por fim lembrou “a contaminação das mães, vítimas da aviação agrícola no Mato Grosso,  que tem hoje o leite materno contaminado. Elas e seus filhos são vítimas deste sistema que defende os agrotóxicos. E que fiquemos atentos para que a história destas mães não seja usada para promover leite em pó, como ocorreu na década de 1970/80”.


O Presidente da FEPAM, Sr. Carlos Fernando Niedersberg informou que está sendo encaminhado para o CONAMA proposta de  norma que proíbe a entrada, no Brasil,  de agrotóxicos proibidos nos países de origem, garantindo assim para os demais estados, o mesmo direito que conquistamos com a Lei 7747/82.
Foi lembrado, por alguns participantes, que o dia 3 de dezembro é o Dia Mundial contra os agrotóxicos e que portanto a Audiência reforçou ainda mais a necessidade de continuarmos a luta contra estes venenos agrícolas.

Finalizando as participações, Sebastião Pinheiro falou sobre a forma como as empresas agem,  que é importante estar atento pois os países de primeiro mundo não querem este lixo no seus territórios e para isto criam mecanismos para promover a venda dos seus agrotóxicos através dos países do terceiro mundo, desvinculando-os da origem verdadeira. Desta forma garantem seus lucros e tentam nos fazer engolir seus venenos.

Considerando as situações expostas durante a audiência podemos dizer que o movimento contra os agrotóxicos saiu mais uma vez vitorioso. Embora a coordenação da audiência não tenha agregado e registrado, ao final,  as  propostas levantadas pelos participantes, com exceção  dos representantes das empresas e dos vendedores de venenos, as demais posições foram pela manutenção da Lei, e sua aplicação; por mais pesquisas para a produção ecológica;   por mais esforços para garantir que os demais brasileiros tenham os mesmos direitos conquistados através da  Lei Estadual nº 7747/82, e que toda e qualquer tentativa  de modificação desta Lei seja prontamente desmantelada.

por Ana Valls
Conselheira da AGAPAN

Foto: Marcelo Bertani | Agência ALRS
Legenda: Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo.

Agrotóxicos: MANIFESTO CONTRA MODIFICAÇÃO DA LEI ESTADUAL 7747/82




Exmo Sr.
Dep. Alexandre Postal
MD Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul
N/C

MANIFESTO CONTRA MODIFICAÇÃO DA LEI ESTADUAL 7747/82



A AGAPAN, organização não governamental ambientalista  do Rio Grande do Sul, preocupada com a tentativa de alguns deputados estaduais, em alterar a Lei 7747/1982, vem por meio desta manifestar sua contrariedade frente ao descaso dos mesmos pelo nosso direito à  saúde e a um ambiente ecologicamente equilibrado.  

A Lei de nº 7747/1982 foi uma conquista dos gaúchos e gaúchas que se uniram na defesa dos interesses reais da nossa sociedade – A preservação da vida com saúde!


Lembramos que na década de 1980, após várias denúncias de contaminação por agrotóxicos em culturas como tomate e morangos, e nas águas do Guaíba, a comunidade gaúcha organizou-se para conseguir uma Lei que lhe desse um mínimo de proteção frente aos venenos agrícolas utilizados de maneira ilegal, imoral e indecente no nosso estado.



Gostaríamos de  comemorar os 30 anos da Lei 7.747 recebendo notícias que os senhores deputados estão trabalhando para que esta Lei seja aplicada em sua totalidade e, desta forma, lutando também para garantir o nosso direito à saúde e a um ambiente equilibrado conforme define a Constituição Brasileira e a Constituição do Rio Grande do Sul. 

Temos observado, no entanto, que algumas ações que brotam de gabinetes dessa Assembléia Legislativa se colocam em defesa dos interesses dos fabricantes dos agrotóxicos em detrimento dos direitos fundamentais da nossa população. Serão os interesses dos fabricantes também que impedem a aplicação desta Lei? Não seria função dos deputados esclarecer as possíveis manobras que dificultam a aplicação desta Lei em vez de tentar modificá-la?

Portanto, externamos nossa contrariedade à qualquer tentativa de alteração na Lei Nº 7.747 de 22 de dezembro de 1982. Queremos que esta Lei seja aplicada e não modificada!

Assim, solicitamos  que o senhor atue pela integridade da Lei Nº 7.747/1982, e sua aplicação total, colocando também a “Vida SEMPRE em primeiro  lugar”!


Atenciosamente,

Francisco Milanez
Presidente da AGAPAN

Foto: Marcelo Bertani | Agência ALRS
Legenda: Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo.

fotos:


01 dezembro 2012

Movimento ambiental brasileiro faz alerta à ministra do Meio Ambiente solicitando intervenção no Conama

Francisco Soares, da FURPA, representa as ONGs da região nordeste e Paulo Brack, do INGA, representa as ONGs daa região sul no mais importante colegiado ambiental do Brasil, alertam para o retrocesso ambiental. Foto: Soler/CEA
 

 "Trazemos aqui à reflexão o papel do Conama, que tem seu papel esvaziado, priorizando muito mais a regulamentação de normas, muitas delas desrespeitadas no processo de licenciamento ambiental, e negligenciando a avaliação da politica ambiental brasileira, uma de suas competências. 

Como exemplo, verificou-se a condução desastrosa do processo de aprovação do novo Código Florestal Federal, onde as entidades ambientalistas tentaram de várias formas alertar para a necessidade de uma intervenção mais incisiva por parte do Conselho e do MMA, porém, não compreendidas e também não atendidas."
                                                                                  Ongs que compõem o Conama.

Brasília, 28 de novembro de 2012

Exma. Ministra Izabella Teixeira, Presidente do Conama

A Presidente e aos Conselheiros do Conama:

Nós, representantes de entidades ambientalistas e da sociedade civil no Conama, neste biênio 2010-2012, partidários do resgate e fortalecimento deste Conselho, protestamos contra os inúmeros retrocessos na área ambiental do País, resultado de uma visão centrada no crescimento econômico e pela falsa premissa de que o meio ambiente é um entrave.

O processo de licenciamento ambiental no Brasil, nos diferentes âmbitos, segue sob pressão dos setores da economia que não estão acostumados a respeitar, por exemplo, as Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade e tampouco pensar em sustentabilidade.

Consideramos que sem estudos profundos de viabilidade ambiental, que incluam avaliações ambientais estratégicas e a capacidade de suporte dos diferentes ecossistemas e bacias, torna-se necessária a revisão de todos os grandes projetos governamentais que foram lançados nos últimos anos, sem levar em conta as questões ambientais.

Trazemos aqui à reflexão o papel do Conama, que tem seu papel esvaziado, priorizando muito mais a regulamentação de normas, muitas delas desrespeitadas no processo de licenciamento ambiental, e negligenciando a avaliação da politica ambiental brasileira, uma de suas competências. Como exemplo, verificou-se a condução desastrosa do processo de aprovação do novo Código Florestal Federal, onde as entidades ambientalistas tentaram de várias formas alertar para a necessidade de uma intervenção mais incisiva por parte do Conselho e do MMA, porém, não compreendidas e também não atendidas.

No que se refere a questões centrais da politica ou da conjuntura ambiental brasileira, como a matriz energética, a infra-estrutura e a Rio +20, os temas tratados, nestes quase dois anos, foram conduzidos de forma desigual e profundamente inadequada, privilegiando-se longos pronunciamentos de gestores governamentais, sem dar oportunidade e tempo para o debate entre as autoridades e os conselheiros.

No que se refere à retomada do processo democrático no Conama, deve-se reavaliar o Regimento Interno aprovado, que representa hoje muito mais um bloqueio às iniciativas e à participação democrática das entidades. Várias demandas da área ambiental, trazidas pelas ONGs, infelizmente, foram desconsideradas no Plenário do Conselho e em Câmaras Técnicas, gerando arquivamento de propostas de resolução, sem a devida alternativa de encaminhamentos, principalmente por parte dos setores do governo.

Neste mês de novembro, estamos realizando uma reunião plenária sem uma pauta importante, perdendo-se a oportunidade para o debate dos temas centrais da política ambiental brasileira.

Diante do exposto, clamamos para que nos próximos anos o Conama reassuma seu papel para o qual foi criado e recomendamos que trate de forma prioritária suas funções como órgão maior do Sistema Nacional de Meio Ambiente.

Atenciosamente

Movimento Verde de Paracatu (Nacional), Bioeste (Região Nordeste), FURPA (Região Nordeste), Kanindé (Região Norte), SOS Amazônia (Região Norte), InGá (Região Sul), AMAR – (Região Sul) PROAM (Região Sudeste), FBCN, ISPN, ECODATA e CNS.