30 maio 2012

Veja as justificativas para os vetos de Dilma ao Código Florestal

Camila Campanerut
Do UOL, em Brasília 

Na edição esta segunda-feira (28) do Diário Oficial, a presidente Dilma Rousseff justifica em mensagem ao presidente do Congresso Nacional, José Sarney (PMDB-AP), os vetos parciais na lei 12.651, que reforma o Código Florestal Brasileiro, como anunciado na sexta-feira (25). As justificativas dos cortes parciais no texto que tramitava há 12 anos no Congresso Nacional foram de que a redação que saiu da Câmara dos Deputados estava em “contrariedade ao interesse público” e  era, em alguns trechos,  inconstitucionais.

O conteúdo dos artigos vetados foi introduzido na MP (Medida Provisória), nº 571, publicada também na edição de hoje no Diário Oficial.

Polêmicas

No veto ao artigo 61 que tratava da recomposição das APPs (Áreas de Proteção Permanente) em áreas rurais consolidadas, a presidente argumentou que a retirada do trecho no texto da lei se deva ao fato da redação aprovada ser “imprecisa e vaga, contrariando o interesse público e causando grande insegurança jurídica quanto à sua aplicação”.

Segundo a presidente, o dispositivo “parecia conceder ampla anistia aos que descumpriram a legislação” e que regula as áreas de preservação permanente até 22 de julho de 2008 --o que eliminaria a possibilidade de recomposição de uma porção relevante da vegetação do país.

No texto que saiu do Congresso, modificado pelos deputados, só havia definição de recomposição para terrenos às margens de rios com até 10 metros de largura; rios maiores não tinham as recomposições definidas e não havia diferenciação para rios menores nem em propriedades pequenas.

Na nova medida provisória há um escalonamento das áreas a serem reflorestadas de acordo com o tamanho do rio e com o tamanho da propriedade (veja tabela abaixo). A área de recuperação mínima é de 5 metros e a máxima de 100m.

Área a ser protegida nas margens de rios de acordo com a MP

Rios com largura até de 10 metros;
Propriedades de 0 a 1 módulo fiscal - recupera 5 metros, desde que não ultrapasse 10% da propriedade
De 1 a 2 módulos - recupera 8 metros, desde que não ultrapasse 10% da propriedade
De 2 a 4 módulos - recupera 15 metros, desde que não ultrapasse 20% da propriedade
De 4 a 10 módulos – recupera 20 metros
Acima de 10 módulos - recupera 30 metros
Rios com largura superior a 10 metros;
De 0 a 1 módulo - recupera 5 metros, desde que não ultrapasse 10% da propriedade
De 1 a 2 módulos - recupera 8 metros, desde que não ultrapasse 10% da propriedade
De 2 a 4 módulos - recupera 15 metros, desde que não ultrapasse 20% da propriedade
De 4 a 10 módulos - recupera de 30 a 100 metros
Acima de 10 módulos - recupera de 30 a 100 metros  

O trecho vetado do artigo 4º sobre as definições do que é ou não APP (Área de Preservação Permanente) deixava os apicuns e salgados (trechos de manguezais), de acordo com a presidente, “sem qualquer proteção contra intervenções indevidas”.  Na nova medida provisória, há um capítulo específico para regularizar e proteger as atividades nessas áreas, onde há forte produção de camarão e extração de sal, em especial no Nordeste do país.
Pela MP, as atividades poderão continuar existindo se seguirem os seguintes requisitos: a área total ocupada em cada Estado não for superior a 10% no bioma amazônico e a 35% no restante do país, excluídas as ocupações consolidadas antes de 22 de julho de 2008, “desde que o empreendedor comprove sua localização em apicum ou salgado e se obrigue, por termo de compromisso, a proteger a integridade dos manguezais arbustivos adjacentes”.

Com relação à proteção em áreas urbanas e regiões metropolitanas, a presidente avaliou que deixar a cargo dos planos diretores e leis municipais de uso do solo seria um “grave retrocesso” por não incluir critérios mínimos de proteção, “que são essenciais para a prevenção de desastres naturais e proteção da infraestutura".

Em outra polêmica, o veto ao artigo 43 retira do texto do novo Código Florestal a obrigação de empresas concessionárias de serviços de abastecimento de água e energia elétrica o dever de recuperar as áreas de preservação permanente de onde estão instaladas.

A justificativa da presidente é de que a obrigação é “desproporcional e desarrazoada” em virtude das grandes dimensões das bacias hidrográficas brasileiras e que a permanência deste dispositivo poderia gerar um repasse das empresas nos valores das tarifas cobradas ao público por esses serviços. Houve uma pressão do setor nos Ministério de Minas e Energia e, consequentemente, repercussão na decisão da presidente.

Outros vetos

O artigo 1º que tentava definir a dimensão do Código Florestal foi vetado por falta de “precisão nos parâmetros que norteiam a interpretação e a aplicação da lei” e a uma nova redação já consta na medida provisória, nº 571.

A parte do artigo 3º vetada trata das regras para o pousio - prática de interrupção temporária de atividades agrícolas, pecuárias ou silviculturais, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso do solo.

Segundo a presidente, o conceito aprovado na Câmara dos Deputados não estabelecia limites temporais ou territoriais para a prática, “o que não é compatível com o avanço das técnicas disponíveis para a manutenção e a recuperação da fertilidade dos solos”. Ela salientou que a falta destes limites impediria a fiscalização efetiva da propriedade.

O dispositivo que tratava do uso do entorno de reservatórios artificiais foi vetado por “engessar” sua aplicação para a implantação de parques e polos turísticos. “O veto não impede que o assunto seja regulado adequadamente pelos órgãos competentes", assinalou a presidente.

Os incisivos 1 e 2 do artigo 26 foram vetados por se referirem às definições a cerca das competências da União, Estados e os municípios em ações administrativas na proteção ambiental que já constavam na lei complementar 140, de 8 de dezembro de 2011.

O veto ao artigo 76 se deve ao fato do Legislativo ter imposto ao Executivo um prazo de três anos para enviar ao Congresso projetos de lei específicos de conservação, proteção, regeneração e utilização sobre os biomas da Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa.  A justificativa da presidente foi breve: a de que o artigo feria o direito constitucional de separação e autonomia dos Poderes.

O artigo 77, que versava sobre a exigência ao empreendedor de apresentar uma proposta de diretrizes de ocupação do imóvel para poder público, foi considerado pela presidente que poderia trazer insegurança jurídica aos empreendedores, uma vez que já há legislação que trata do assunto.

Próximos passos

Os vetos deverão ser apreciados em sessão conjunta do Congresso, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento. Se o prazo de deliberação for esgotado, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, para votação final.
Para derrubá-lo, é necessária a maioria absoluta. Seria preciso o apoio de 257 deputados e 42 senadores. A votação é feita conjuntamente, mas a apuração é feita de forma separada.  Começa-se a apurar pela Câmara e, se conseguirem o número mínimo necessário, tem início a apuração do Senado.
Se o veto das partes do texto for derrubado, o presidente do Congresso deve comunicar o fato à presidente e enviar o texto aprovado no Congresso, para que seja promulgado e publicado.
Por outro lado, se o veto parcial não for derrubado, o que foi rejeitado pelo veto somente poderá estar em novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Fonte:
Site UOL
http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2012/05/28/veja-as-justificativas-para-os-vetos-de-dilma-ao-codigo-florestal.htm

16 maio 2012

Camara se prepara para a votação do projeto que declara áreas de túneis verdes


                                       Representantes da Agapan fizeram seus relatos na Câmara.

O projeto de lei de autoria do vereador Beto Moesch (PP), que declara os túneis verdes de áreas de uso especial, foi tema de audiência pública na noite de terça-feira (15/5) na Câmara Municipal de Porto Alegre. De acordo com o projeto, seriam 70 logradouros da cidade. Durante a audiência, representantes da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) participaram do debate, resgatando a história de lutas da instituição, que no último dia 27 de abril completou 41 anos de atuação. Destaque para a presença de um pioneiro da ecologia, Augusto Carneiro, fundador da Agapan, e que com seus 89 anos participou da audiência.

“É muito importante preservarmos nossas árvores e áreas verdes, pois assim é possível manter o conforto térmico da cidade, amenizar as oscilações climáticas e atrair e manter a avifauna urbana”, destacou a bióloga e vice-presidente da Agapan, Sandra Ribeiro, ao resgatar a história da entidade a partir do trabalho pioneiro de Carneiro e da sempre lembrada subida na árvore Tipuana, na avenida João Pessoa, em Porto Alegre, pelo estudante Carlos Dayrell, “ato fundamental, realizado em 1975, para evitar a derrubada e chamar a atenção para a preservação das árvores e contra as podas em nossa cidade”, afirmou Sandra.

Da Agapan, também participou a conselheira e ex-presidente Edi Fonseca, que ressalta a necessária e urgente valorização dos serviços ambientais prestados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam), “que está perdendo técnicos, pela falta de investimento e qualificação, em especial na área de urbanização”, disse.

AUDIÊNCIA
A reunião atendeu pedido do vereador João Carlos Nedel (PP), que discorda de parte do projeto. Segundo Nedel, entende-se por túnel verde “o conjunto arbórico cujas copas das árvores se unem”. Por isso o vereador diz não concordar que avenidas como a Osvaldo Aranha, Getúlio Vargas, Borges de Medeiros, Coronel Marcos e Terceira Perimetral estejam incluídas no projeto. “Nestas avenidas todos sabem que as árvores não se unem”, disse Nedel, alertando para outro item do projeto, determinando que no calçamento do logradouro definido como túnel verde fica vedada qualquer modificação que comprometa a paisagem. “Talvez não esteja bem claro, porque não fala nada em relação ás arvores”, justifica Nedel. 
O autor do projeto considerou que Nedel está mal informado. “Ele desconhece o que está dizendo, pois estas avenidas não constam mais da proposta”, disse Moesch. O vereador ressaltou que a proposta diz apenas que: “declara áreas de uso especial ruas que tenham túneis verdes como patrimônio da cidade”, deixando os detalhamentos para decretos futuros do prefeito, “dependendo da especificidade de cada uma”, disse Moesch. O vereador disse que a proposta da discussão é decidir que cidade queremos. “Se mais humana, ou sem planejamento estratégico”, questionou Moesch. 

O vereador Carlos Todeschini (PT) disse que não entende o temor de Nedel, pois, na sua opinião o projeto é singelo. “Declara como objeto de especial proteção as áreas de interesse ecológico, cultural e turístico, conhecidos como túneis verdes”, ressaltou Todeschini. Para ele, é preciso entender que Porto Alegre é uma cidade distinta, que tem na sua característica fundamental as árvores. 

O chefe de gabinete da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, André Carus, falou que qualquer referência de desconformidade do projeto com o Plano Diretor da Cidade é descabível. “A proposta respeita e pretende fazer cumprir a legislação federal. Está bem ajustada”, considerou Carus. Na opinião de Carus, o projeto merece respeito e uma analise com responsabilidade. “Não no afã da política ideológica.”
Para o secretário de Planejamento Municipal, Ricardo Gothe, a cidade precisa dos túneis verdes. “Não há como a prefeitura vetar este projeto. Ele precisa de ajustes, mas tem todos os méritos”, disse ele, garantindo que a Secretaria do Planejamento irá produzir ações para colocar Porto Alegre num patamar de cidade sustentável.

A audiência pública foi dirigida pelo presidente do Legislativo, vereador Mauro Zacher (PDT), e acompanhada pelo vereador Airto Ferronato (PSB) e por representantes dos Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, Movimento Menino Deus Sustentável, Região 1 de Planejamento do CMDUA, Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Agapan e Sindipoa, que aprovaram a proposta de Moesch. 


Informações
Assessoria de Imprensa da Agapan
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues, com colaboração de Regina Andrade, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre

Imagens: Agapan/ Edi Fonseca

14 maio 2012

Ciclo de Debates MUSEU DAS ÁGUAS DE PORTO ALEGRE-MUSA na 10a Semana de MUSEUS


A Comissão Pró-Museu das Águas de Porto Alegre – MUSA está participando da 10a Semana Nacional de MUSEUS com três palestras e debates para a apresentação da proposta do MUSA:

1.   O Museu das Águas de Porto Alegre como instrumento para a gestão dos recursos hídricos.
Data: 14 de maio de 2012
Horário: 14h
Local: Auditório da Faculdade de Educação da UFRGS, Campus Central (Próximo da Reitoria da UFRGS)
Apresentadora; Profa. Dra. Teresinha Guerra

2.   O Museu das Águas de Porto Alegre como nova linguagem da gestão de recursos hídricos.
Data: 16 de maio de 2012
Horário: 19h
Local: Auditório do Centro Cultural Érico Veríssimo na Rua dos Andradas, 1223, Bairro Centro.
Apresentador: Eng. Luiz Antonio Timm Grassi

3.   O Museu das Águas de Porto Alegre como centro de educação, história e arte.
Data: 18 de maio de 2012
Horário: 9h
Local: Auditório Ana Terra, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.  Av. Loureiro da Silva, 255, Bairro Centro Histórico.
Apresentadora: Artista Plástica Zoravia Bettiol

Entidades Apoiadoras:
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Prefeitura de Porto Alegre, Associação Francisco Lisboa, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Associação Internacional de Lions Clube, Associação Riograndense Imprensa, Companhia Riograndense de Saneamento, Departamento Municipal de Águas e Esgoto, Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Instituto dos Arquitetos do Brasil, Secretaria Estadual da Cultura e Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Contato:
Secretaria Executiva do MUSA: Fone:             (51) 32886060       e             (51)85771058    
E-mai: agenciaagua@metroplan.rs.gov.br, com Eliete Gomes.
Mais Informações sobre o MUSA, veja o blog: museudasaguasdeportoalegre.wordpress.com

03 maio 2012

Morre, aos 89 anos, a ambientalista gaúcha Hilda Zimmermann



Hilda é a quarta da esquerda para a direita, presente nos 40 anos da AGAPAN


A ambientalista gaúcha Hilda Zimmermann, 89 anos, morreu na manhã desta quinta-feira em Porto Alegre. Ela se recuperava de uma pneumonia. 

Natural de Santa Rosa, Hilda foi uma das pioneiras do movimento ambientalista no Estado e fundadora da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN). No movimento ecológico, trabalhou ao lado de José Lutzenberger. 

O gosto pela ecologia, ela havia herdado do pai, Gustavo Wrasse, um defensor dos índios. Os indígenas acabaram se tornando objeto de 40 anos de trabalho de Hilda. Ela fundou e foi presidente da Associação Nacional do Índio (Anaí), cuja luta principal foi a devolução e demarcação das terras indígenas. Por isso, os xavantes a chamavam de Mãe Xavante.

O velório começa às 17h desta quinta-feira no Cemitério Luterano, na Capital. O enterro está marcado para as 11h de sexta-feira.




Hilda na Redenção protegendo o Código Florestal

01 maio 2012

Conferência ambiental de Porto Alegre deixa a desejar






Após seis anos, a prefeitura de Porto Alegre realizou, nos dias 27, 28 e 29 de abril, a V Conferência Municipal de Meio Ambiente, com o tema Ética do Cuidado Ambiental em Porto Alegre: O Futuro da Paisagem.


Na abertura do evento, no dia 27 de abril, o professor Dr. Genebaldo Freire Dias, palestrou sobre "Os Choques da Transição". O sábado foi de debates sobre nos diversos grupos temáticos: Saúde e Qualidade Ambiental, Educação Ambiental, Resíduos Sólidos, Cinturão Verde e Paisagem Urbana, Mobilidade Urbana e Construções, e Tecnologias Sustentáveis, que resultou em cerca de 100 propostas e dez Moções voltadas para a elaboração de diretrizes focadas na execução de políticas públicas da área ambiental.


O evento teve problemas na divulgação, por isso contou com baixa participação social. No domingo, dia 29, a plenária final atrasou, por falta de microfone. Por outro lado, conseguimos, com nossa participação, aprovar várias resoluções, viáveis para serem implementadas, desde que haja vontade política e, por parte da sociedade, muita fiscalização na execução. 


Por outro lado, vários participantes distribuindo cartões de prestadores de serviços e de empresas "ambientais". Esperamos que, em 2014, em plena Copa do Mundo, a Conferência aconteça com mais participação social e divulgação!!

Edi Fonseca (AGAPAN) e Cíntia Barenho (CEA)
Fotos: Edi Fonseca