27 janeiro 2012

28/01 AGAPAN apoia protesto contra vazamento de Óleo em Tramandaí. Amanhã! (28/01)



Ambientalistas organizam protesto contra vazamento em Tramandaí, RS

Os ativistas se concentrarão na Plataforma Marítima, às 10h, e de lá seguirão até a Barra do Rio Tramandaí.

Na manhã deste sábado (28/1), entidades ambientalistas de todo o Brasil estarão reunidas em Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, para protestar contra o vazamento de óleo de uma monoboia da Transpetro, da Petrobras, que atingiu a praia na última quinta-feira. Os ativistas se concentrarão na Plataforma Marítima, às 10h, e de lá seguirão até a Barra do Rio Tramandaí.

“Essa tragédia é mais um exemplo dos riscos de continuarmos dependendo de maneira tão forte do petróleo, enquanto existem várias alternativas energéticas para Brasil e para o Rio Grande do Sul”, declara o presidente da Rede Costeiro-Marinha e Hídrica do Brasil, José Truda Palazzo Jr.

Diretor de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani lembra que acidentes semelhantes têm sido recorrentes no Brasil. “Isso mostra a fragilidade do governo, que vem apostando todas as suas fichas em uma commodity capaz de causar danos cujos impactos são irreversíveis”, alerta.
Interessados em apoiar e comparecer ao ato em Tramandaí (RS) devem entrar em contato com José Truda Palazzo Jr. pelo telefone (51) 9992-7429 ou com Mário Mantovani pelo telefone (11) 8425-2122.

Por Helena Dutra
EcoAgência/Sintonia da Terra

Participe: Leve os seu amigos!

O QUÊ: Protesto contra vazamento de óleo em Tramandaí

QUANDO: Sábado (28/01), às 10h
ONDE: Plataforma Marítima de Tramandaí


Ônibus (gratuito) de Porto Alegre- Tramandaí:(Ida e volta no mesmo dia).
Local: Em frente a PMPA
Horário: 8 horas
Informações: (51) 9805-8017 - Levar documento de Identidade

Imagem: Reuters

26 janeiro 2012

Belo Monte, Pai Querê e Garabi: Energia para Quê e para Quem??




URGENTE

Devido ao falecimento de um ex-vereador de Porto Alegre/RS, a Organização do Fórum suspendeu as atividades que aconteceriam na Câmara dos Vereadores.

Assim, a APEDEMA CONVIDA A TODOS E A TODAS PARA COMPARECEREM NO DEBATE:

Belo Monte, Pai Querê e Garabi: Energia para Quê e para Quem??

Promoção do Ingá e APEDeMA

Local: Faculdade de Arquitetura da UFRGS (Rua Sarmento Leite 320, Sala 401.) Horário: 13h30min

DEBATEDORES:

PAULO BRACK – INGÁ

DARCI BERGMANN – ASPAN

FRANCISCO MILANES – AGAPAN

ONGS DA APEDEMA


ATIVIDADES DA NOITE UTOPIA E LUTA - 19H - CONFIRMADAS!!


--
ASSEMBLEIA PERMANENTE DE ENTIDADES EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Coordenação Executiva Biênio 2011-2013 - ASPAN - INGA - UPV
Secretaria Executiva - Porto Alegre – RS - Email: apedemars@gmail.com
Site: http://www.apedemars.org.br

QUE DESENVOLVIMENTO QUEREMOS? RIO+20 Preparatório




Vamos participar de debate sobre barragens hidrelétricas no auditório da Arquitetura da UFRGS às 13h de hoje, dia 26 de janeiro. Estão todos convidados.

Rio+20 Que Desenvolvimento Queremos?
Evento foi transferido para este local:
Atençao: Mudou para as 14 horas na Faculdade de Arquitetura da UFRGS.


24 janeiro 2012

Monge Budista Yoshihiko Tonohira e sua filha ativista eco-feminista Yuko Tonohira vieram a Porto Alegre a convite da AGAPAN



Participaram na tarde ontem (23/1) de atividade relativa ao Fórum Social Temático, na Assembleia Legislativa do RS, quando denunciaram a mídia e o governo do Japão por não informar a população japonesa sobre os efeitos nocivos do acidente nuclear em Fukuhima, bem como do perigo dos alimentos contaminados, especilamente para gestantes e crianças.


Em decorrência da catástrofe, as famílias de Fukushima estão desagregadas. Esposas, filhos e idosos tiveram que deixar sua cidade natal e suas aldeias em torno da tragédia. Mais um efeito terrível do ocorrido em Fukushima.

Revelaram também que as tropas norteamericanas, sediadas próximas ao acidente nuclear, foram avisadas da dispersão da contaminação radiativa antes mesmo do próprio povo japonês.

A Agapan, por intermédio de seus representantes, se engaja numa campanha internacional contra as Usinas Nucleares.

Agapan

Mais informações:
http://observatorioambiental.com.br/2012/01/24/monge-budista-pede-ajuda-e-alerta-sobre-perigos-de-usinas-nucleares/

Imagens: Cesar Cardia

23 janeiro 2012

Participação da AGAPAN - Fórum Social Temático














23/1 -Painel:A Cumplicidade da Mídia com a Tragédia Nuclear de Fukushima
Palestrantes: Monge Budista Yoshihiko Tonohira e Yuko Tonohira
Local:Sala da Convergência - terréo - Assembléia Legislativa do Estado
Horário: 14h
Língua: Japonês/Inglês -Tradução consecutiva

24/1 - Marcha dos Movimentos Sociais
Local: Concentração na escadaria da Borges de Medeiros
Horário: Atenção: mudou para 16 horas

25/01 - Painel: Feminismo e Ecologia: Mulheres em Luta contra o Capitalismo Verde
Horário: 9h
Local: Casa de Cultura Mário Quintana, Sala Lili Inventa o Mundo
Participação de Nalu Faria da Marcha Mundial das Mulheres, apresentando os diálogos entre feminismo e ecologia; Lúcia Ortiz do Núcleo de Amigos da Terra, sobre os desafios da luta contra o capitalismo verde e Patricia Amat, do Peru, que apresentará uma reflexão sobre o atual modelo a partir da perspectiva da economia feminista – mediação Cintia Barenho
Para saber mais acesse: http://mmm-rs.blogspot.com/
Promoção: CEA


25/1-Painel: Movimento pacifista, antinuclear, direito da minoria Aynu e diálogo interreligioso.
Palestrantes: Yoshihiko Tonohira
Local: Cais do Porto - Armazém 6
Horário: 11h30min
Língua: Japonês - Tradução Consecutiva


25/1- Painel:Ecofeminismo, movimento anti-nuclear, pacifismo e direitos humanos
Palestrante: Yuko Tonohira
Local: Cais do Porto - Armazém 6
Horário: 14h
Língua: Inglês/Japonês - Tradução Consecutiva

26/1 - Painel: Preparação para a Rio+20 - Que Desenvolvimentos Queremos
Palestrantes:Francisco Milanez e Henri Acselrad
Debatedores: Apedema, Sema, Cosmam, CNM, Ministério Público Estadual -RS,Anama
Local: Auditório da Câmara Municipal de Porto Alegre - CPMA
Horário: 14h
Língua: Português(Brasil)

26/1- Lançamento da Exposição Virtual da Grafar e mostra dos sites/blogs da ONGs da Apedema-RS
Presença dos ambientalistas gaúchos e em entidades filiadas a Apedema-RS
Local: Bar Utopia e Luta - escadaria da Borges de Medeiros
Horário: 19h

Zorávia Bettiol alerta descaracterização ambiental com performance na Orla do Guaíba



A ironia antiecológica do progresso a qualquer custo é a tônica da performance de Zorávia Bettiol interpretando Filomena, ao lado da arara ecologista Tremelinda. Filomena é uma progressista que veio da Amazônia, e para lá oferece um safári. Em Porto Alegre, ela defende um museu com animais empalhados, espigões para os índios morarem, do desmatamento da floresta para a construção de um estádio de futebol, não poupar papel porque muitas lavouras de eucalipto foram plantadas no Estado, e placas nos rios alertando os peixes para não comerem plásticos, como se eles soubessem ler. A cada projeto, Tremelinda treme.

“Com todas essas ameaças, a realidade ainda e mais grave e absurda”, critica Zorávia, que é artista plástica conceituada, com muitas participações e prêmios. “Barragens , como Belo Monte, plantações de eucaliptos, tudo acontece por ganância. É mais ganância do que ignorância. É preciso que a sociedade se reúna para defender o Planeta”, diz.

A personagem Filomena nasceu em 1989 em São Paulo, durante curso sobre fibras naturais, que Zorávia fez com a artista canadense Inese Birstin, no Museu de Arte Contemporânea. Foi então que ela criou uma peruca com lã natural e esculturas em feltro. Com a peruca, a primeira atuação foi interpretar “As realizações de Filomena”, uma crítica de cinco minutos sobre a situação da mulher. Zorávia lembra alertas antigos, vivos por nossas avós, como “Mulher tem que saber cozinhar”, “Homem se agarra pelo estômago”.

“Filomena na escalada de sucesso” veio logo depois, e é uma crítica à vida de artista, seus dramas e desafios. Já “Buffet da Filomena” é de ironias ao político corrupto. No cardápio de Filomena, Feijoada a Jader Barbalho, Pirulitos Clodovil, Bem-Casados Calheiros, e assim por diante. Ao final da apresentação e se houver algum mal-estar, Filomena aconselha um banho de descarrego. Zorávia interpretou ainda “Filomena organiza votação”, quando a Anta, esperta e inteligente, recolhe os votos para o prêmio Anta, e consegue mais de 800 votos. O primeiro lugar do Anta ficou para o povo brasileiro, que se sente enganado. “E assim por diante”, diz Zorávia, ao analisar que “apesar de ser possível abordar o mesmo tema de diferentes maneiras, fazer humor, graça, é mais difícil do que o drama”.

Em todas as perfomances, a artista interage com as pessoas. Nesta, do último domingo (22/01), realizada na Orla de Ipanema, Filomena diz ser ligada a grileiros, madeireiros e alguns deputados corruptos, defende o progresso a qualquer custo. “A ideia é potencializar o absurdo e a pseudo justiça social. No contra-senso está o humor”, observa. Para Zorávia, a realidade das críticas que apresenta é mais forte do que a ficção.


PROJETOS PARA 2012

Organizada e precavida, procurando manter com qualidade de vida seus projetos e afazeres, Zorávia enumera 14 eventos e atividades já programados, entre eles a assinatura do Protocolo de Colaboração entre as entidades apoiadoras do Museu das Águas de Porto Alegre, no dia 22 de março, Dia Mundial da Água. O Museu das Águas é mais constante de suas realizações, ao lado, claro, das artes. Zorávia mantém as aulas de artes plásticas em seu atelier em Porto Alegre. “Há quatro anos reduzi as idas ao cinema e ao teatro em prol dessa causa comum, que é o Museu das Águas, e que vai beneficiar a cidade, o Estado”, diz, empolgada, ao anunciar a realização de um concurso arquitetônico internacional para a definição do prédio que vai abrigar o Museu.

Para 2012, Zorávia enumera concluir o filme de Henrique Freitas Lima; participar da exposição Aos Grandes Mestres, que circulará por São Paulo e Rio de Janeiro; organizar o álbum intitulado As 12 Musas, com imagens de Zorávia e textos de Carlos Urbim, sobre os quatro elementos (fogo, ar, água, terra), e a exposição dos originais do livro 14 Contos e uma Lenda, de Simões Lopes Neto. Em abril, em SP, participa da 3ª Tenet.

A performance “Filomena e a Ecologia” foi apresentada duas vezes no final da tarde de domingo (22/01), em frente à estátua Liberdade,de autoria de Zorávia e que integra a mostra Artemosfera, que acontece em Porto Alegre. Instalada na praia de Ipanema no dia 17 de dezembro do ano passado, contém a frase de Carlos Urbim: “Água, terra e ar: todos precisam amar, para o futuro nos garantir vida melhor”.


Adriane Bertoglio Rodrigues

Imagens: Vanessa / Adriane

19 janeiro 2012

Agapan traz monge budista japonês a Porto Alegre, para falar sobre Fukushima


Debate acontece durante programação do Fórum Social Temático.
No próximo dia 23, às 14h, na sala Fórum Democrático, no térreo da Assembleia Legislativa do RS, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) promove debate sobre a tragédia nuclear de Fukushima, a recente conquista de direitos dos Aynu, cultura tribal tradicional existente na ilha de Hokkaido, norte do Japão, o movimento ecológico, o ecofeminismo e outros movimentos sociais do Japão contemporâneo. O palestrante será Yoshihiko Tonohira, monge budista da tradição Terra Pura, e sua filha Yuko Tonohira, que estarão em Porto Alegre de 18 a 25 de janeiro. O debate tem entrada franca e integra a programação do Fórum Social Temático que acontece na Região Metropolitana, de 24 a 29 de janeiro. No dia 25, eles palestram no Armazém 6 do Cais do Porto, às 9h e às 14h.
Yoshihiko e sua filha Yuko Tonohira participam ainda de palestras e encontros no Centro de Estudos Budistas Bodissatva, na comunidade zen Águas da Compaixão (dia 20, sexta-feira, às 19h), Assembleia Legislativa, Câmara de Vereadores de Porto Alegre e entrevistas com a imprensa. Após sua participação no Fórum Social Temático a convite da Agapan, Yoshihiko e Yuko participarão em São Paulo de atividades promovidas pela tradição Terra Pura (Jodo Shinshu Honpa Honganji), organização religiosa a que pertencem e que se estabeleceu no Brasil através da imigração japonesa.
Os Tonohira são budistas, originários de Hokkaido e têm uma cultura familiar religiosa, profundamente envolvida com o pacifismo, o movimento ecológico, o movimento anti-nuclear, os direitos das minorias étnicas, o ecumenismo e o diálogo inter-religioso. O monge Yoshihiko tem 65 anos. É o superior do Templo Ichijoji, Jodo Shinshu Hompa Honganji (Terra Pura), localizado em Fukagawa, cidade próxima de Sapporo, capital de Hokkaido. Atualmente é considerado uma grande liderança religiosa do budismo japonês e a sua vinda é esperada com muita expectativa por budistas brasileiros, ecologistas e organizadores do Fórum Social Temático. Formou-se em Estudos Budistas na Universidade Ryukoku. Sua filha Yuko, tem 31 anos, é formada em desenho industrial nos Estados Unidos e atualmente vive em Nova Iorque, onde atua no movimento eco-feminista e anti-nuclear. Seu filho, Makoto Tonohira, de 33 anos, também é monge budista da Terra Pura e formado em Estudos Budistas na mesma universidade que o seu pai. No momento Makoto está em Fukushima, trabalhando como voluntário no socorro das vítimas do acidente da central nuclear atingida pelo tsunami.
“A imprensa mundial não está informando a opinião pública sobre a situação das populações atingidas pela radiatividade, a poluição radiativa no mar e seus efeitos sobre a pesca e a alimentação do país, e as possibilidades de resfriamento e de impedimento da fusão do núcleo do reator e da sua possível explosão”, destaca Celso Marques, conselheiro da Agapan, ao afirmar que a situação é “escandalosa” e que a perspectiva da usina contaminação por plutônio é de desastre, pela contaminação dos alimentos, da água, das pessoas, muitas fugindo para outras regiões. “Caso a fusão do núcleo venha a acontecer, o pior ainda está por vir. Estamos desinformados sobre o que está acontecendo e sobre as perspectivas de evolução dos acontecimentos em Fukushima”, lamenta Marques.
Para o ecologista, no Brasil não existe uma discussão pública a respeito dos riscos e dos custos socioambientais da energia nuclear. “Mesmo depois dos acidentes de Chernobyl e de Fukushima, o governo brasileiro, autocraticamente, dá sinais de pretender dar continuidade à construção de novas centrais nucleares”, diz, ao salientar que, “nessa conjuntura, a vinda de Yoshihiko e Yuko Tonohira a Porto Alegre e São Paulo representa uma oportunidade única para termos informações de primeira mão sobre a situação da questão nuclear e dos movimentos sociais no Japão”, finaliza Marques.
Informações
Assessoria de Imprensa da Agapan/RS
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues

Imagem: site inteligencia ambiental.

Dia 22/Janeiro: Projeto Artemosfera: Filomena e a Ecologia em Ipanema




A Artista Plástica Zoravial Bettiol, Conselheira da Agapan, e mais uma vez estará com sua " FILOMENA" agitando o calçadão de Ipanema!

Zoravia, com sua energia e capacidade criativa, através de sua "Filomena com seu papagaio", fará um alerta muito bem humorado em termos ecológicos e sociais.

Convidem seus familiares e amigos para curtirem a performance da artista nesse domigo, dia 22/01, das 18h às 21h.

Local:Orla do Guaíba em Ipanema - Porto Alegre

Pioneirismo gaúcho marca movimento ambientalista brasileiro










Ainda na primeira metade do século XX, com Henrique Luis Roessler, e mais recentemente com José Lutzenberger e a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), criada em abril de 1971, os ecologistas do Rio Grande do Sul deram grande contribuição à ciência que será um dos temas centrais do Fórum Social Temático de 2012, que será realizado em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, de 24 a 29 de janeiro. Esses pioneiros lançaram as bases do ativismo ambiental no país.

Naira Hofmeister - Especial para Carta Maior

Porto Alegre - Quando os participantes do Fórum Social Temático – uma das edições descentralizadas do Fórum Social Mundial, que ocorre desta forma nos anos pares – iniciarem a tradicional marcha de abertura do evento, dia 24 de janeiro, vão testemunhar um pouco do legado que o movimento ambientalista gaúcho deixou para Porto Alegre.

É que a preservação das copas das árvores que tornarão o trajeto de quatro quilômetros entre o Largo Glênio Peres e o Anfiteatro Pôr-do-sol mais ameno é fruto da luta de um grupo de pessoas engajadas na preservação da natureza, cuja atuação convicta iniciou em abril de 1971 com a criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), capitaneada pelo engenheiro agrônomo José Lutzenberger e pelo ex-militante do Partido Comunista Brasileiro Augusto Carneiro.

“Há várias menções sobre qual foi a primeira entidade do País (…). A fundação da Agapan inaugurou a corrente ativista no Brasil”, reivindica Carneiro em seu livro A História do Ambientalismo (Editora Sagra Luzzatto).

Logo que foi criada, uma das principais bandeiras da Agapan era combater a poda anual das árvores de Porto Alegre operada pelo executivo municipal. “A prefeitura mandava os operários saírem com uma taquara, para medir a altura. Eles podavam na altura da taquara, sem se importar com a grossura do tronco. Pensamento reducionista, né?!”, expôs outro fundador da Agapan, José Lutzenberger (falecido em 2002) em um depoimento publicado na obra Pioneiros da Ecologia (JÁ Editores).

Um dos episódios mais folclóricos que envolvem a entidade, aliás, está relacionado ao ímpeto de proteção dos vegetais urbanos. Ocorreu também em um dia de janeiro, só que no ano de 1975. Ouvindo os conselhos do 'mestre' Lutz, de que só havia um jeito de fazer a prefeitura desistir do corte de árvores na cidade, o estudante de engenharia Carlos Dayrell subiu em uma tipuana da avenida João Pessoa para impedir que fosse derrubada para a construção de um viaduto.

A foto que imortalizou o momento mostra dois rapazes se segurando em galhos na copa do exemplar que fica na calçada do núcleo de prédios históricos da UFRGS. “Deu uma baita repercussão para nós. Saiu matéria no Estado de S.Paulo e nos maiores jornais de Buenos Aires. Até nosso manifesto foi publicado”, lembra Carneiro em seu depoimento no livro Pioneiros da Ecologia.

A tipuana segue no mesmo lugar, 37 anos depois, e o traçado do viaduto teve que ser alterado depois da atitude de Dayrell.

A pressão dos ecologistas fez com que, em 1976, Porto Alegre se tornasse a primeira cidade brasileira a ter uma secretaria municipal do meio ambiente. Herança dos ambientalistas também é o Código Estadual de Meio Ambiente, aprovado no ano 2000 igualmente de forma pioneira.

Em Porto Alegre 771 árvores estão declaradas imunes ao corte por decretos do executivo, sendo que a capital gaúcha possui uma média de uma árvore por habitante em vias públicas, excluindo as que estão nos parques.

Outra conquista contemporânea do movimento ambientalista gaúcho é a existência de cinco túneis verdes declarados patrimônio ecológico da cidade. São trechos de 14 ruas nas quais as copas das árvores plantadas de ambos lados da calçada de fecham formando uma cobertura natural. E desde 2006 a cidade possui um Plano Diretor de Arborização Urbana, que determina que os passeios públicos devem manter, no mínimo, 40% de área vegetada.

Agrotóxicos e Borregaard, vitórias dos ecologistas
Foi através dos discursos de José Lutzenberger no início dos anos 70 que o Brasil ficou sabendo da batalha capitaneada pela Agapan para que o país adotasse o termo agrotóxicos no lugar de defensivos agrícolas para se referir aos pesticidas colocado nas plantações para combater pragas.

“Vejam o absurdo: se eu quisesse comprar 50 gramas de material para fabricar pólvora, precisaria de uma licença do Exército. No entanto, qualquer guri podia comprar 200 litros de veneno, que se cair uma gota na perna, o sujeito está morto uma hora depois”, comparava o engenheiro agrônomo e ambientalista em suas reflexões que integram a obra Pioneiros da Ecologia.

Anos depois, o Rio Grande do Sul seria o primeiro estado da nação a criar leis que regulamentassem o uso de tais substâncias e em 1988, o tema acabaria incluído na Constituição Federal sob o artigo que comenta a proibição de envenenar rios.

Foi também a preocupação com a qualidade da água que levou a Agapan a investir contra a Borregaard – fábrica de celulose norueguesa que se instalou em Guaíba, às margens do lago que banha a cidade e a Capital do Rio Grande. Corria o ano de 1972 e a indústria, aprovada pelo governo militar recebeu incentivos fiscais e financiamento de bancos públicos, mas não incluía em seu projeto cuidados com o meio ambiente.

“O discurso desenvolvimentista da época chegava ao ponto de fazer com que ministros de Estado brasileiros, ao convidar investidores, proclamassem: “venham poluir aqui”. Os noruegueses da Borregaard levaram o convite tão ao pé da letra que não destinaram um único centavo a equipamentos antipoluição”, revela a jornalista Lilian Dreyer, biógrafa de José Lutzenberger, no artigo Borregaard: um marco na luta ambiental, publicado no site Agenda 21.

Apesar do risco que a deposição de resíduos químicos no Guaíba representava para a saúde nas cidades que abastecidas por suas águas, foi mesmo o mau cheiro que exalava da chaminé da Borregaard que causou uma mobilização sem precedentes contra a fábrica.

O assunto, levado aos jornais pelos ambientalistas da Agapan, mereceu inclusive uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa, onde médicos apresentaram estudos sobre casos de dores de cabeça, irritação nos olhos, náuseas e vômitos relacionados à poluição provocada pela Borregaard.

Três anos depois os noruegueses desistiram do negócio cansados das exigências que teriam que cumprir para manter a atividade. O empreendimento foi nacionalizado e passou a chamar-se Riocell. Investiu no controle ambiental e contratou José Lutzenberger para ser consultor.

Depois a fábrica passou para as mãos da Klabin, Aracruz e, desde 2009, é tocada por chilenos do grupo CMPC. Mesmo depois de todas essas trocas de comando foram mantidos os programas de conservação de fauna e flora autóctones implementados por Lutz.

Lutz desafia Collor
A trajetória de José Lutzenberger à frente do movimento ambientalista tem muitas anedotas. “O ex-vendedor de produtos químicos (funcionário da Basf), que consumiu 30 anos de sua vida brigando, xingando e fazendo adeptos, se manteve irredutível até o fim. Foi rotulado de louco, retrógrado, irresponsável, visionário e gênio.” Essa é a descrição que os jornalistas Elmar Bones e Geraldo Hasse fazem de Lutz no livro Pioneiros da Ecologia – que contém uma das últimas entrevistas do militante, concedida em agosto de 2001, poucos meses antes de morrer, no ano seguinte.

Uma das mais curiosas facetas da personalidade do ambientalista se mostrou durante o período em que foi ministro do Meio Ambiente do governo Fernando Collor de Melo, entre 1990 e 1991. Lutz ficou um ano e três meses no cargo e sua demissão nunca foi esclarecida. Ele, entretanto, tem uma hipótese para justificar o rompimento do então presidente com seu assessor.

Em uma viagem à Áustria acompanhando o chefe do Executivo federal, Lutz irritou-se com um pedido de Collor ao primeiro-ministro austríaco – na época Branitski – feito “naquele inglês todo enrolado dele”. Collor dizia que o Brasil era um país pobre e que precisava da ajuda dos ricos. Em seguida passou a palavra a Lutzenberger, que narrou assim, em Pioneiros da Ecologia, o momento.

“Eu falei alemão e disse para o primeiro-ministro: 'Olha, nós brasileiros temos um país incrivelmente rico. Vocês austríacos não podem nem imaginar como somos ricos! Vocês tem um território de 83 mil km², o nosso é de 8,5 milhões de km², isto é, mais de 100 vezes maior que o de vocês. Metade do território de vocês é de montanha gelada, dá para fazer esqui e ganhar um pouco com o turismo. Aqueles vales verdes de vocês são lindos, frutíferos, mas tem oito meses de vegetação por ano. A maior parte do Brasil, com exceção daqueles desertozinhos lá do nordeste, tem doze meses de vegetação por ano. Nós temos um clima maravilhoso. Temos tudo quanto é recurso. Mas nós somos um país muito pobre. Incrivelmente pobre. Não se imagina como nós somos pobres em político decente”. Na saída, Collor me perguntou porque o homem riu tanto. Eu expliquei o que tinha dito, ele deu uma risadinha amarela. Três semanas depois me mandou embora”.

Roessler, ecologista antes da ecologia
Antes de José Lutzenberger, Augusto Carneiro e da Agapan, o Rio Grande do Sul despontou para o ainda incipiente cenário de defensores do meio ambiente com um homem natural de porto-alegrense e capilé de coração.

Henrique Luis Roessler nasceu em Porto Alegre em 16 de novembro de 1896, mas sua batalha ambiental teve como palco as margens do Rio dos Sinos, onde atuava como funcionário da Delegacia Estadual dos Portos e foi delegado florestal voluntário do Ministério da Agricultura.

“O cara que começou tudo isso não veio apenas antes de José Lutzenberger. Sua União Protetora da Natureza (UPN) precedeu em 16 anos a Agapan. Roessler e a UPN vieram antes de Chico Mendes e do Greenpeace. Roessler, na verdade, veio antes do ambientalismo”, define o biógrafo do homem que hoje dá nome à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ayrton Centeno nas páginas de Roessler – O primeiro ecopolítico (JÁ Editores).

A conscientização pública dos cuidados que o meio ambiente requer foi empreendida por Roessler e incluía a distribuição de cartazes e panfletos ilustrados por ele nos quais alertava para os “tarados” passarinheiros, que caçavam os bichinhos e colecionavam suas cabeças em colares, por exemplo. Mas Roessler também tinha métodos menos ortodoxos para “convencer” proprietários de animais a tratarem bem seus companheiros de jornada. Como o caso relatado por Centeno na biografia do militante, em que, em plena década de 50, Roessler surpreende um homem dando relhaços em seu cavalo. Revoltado, arranca o instrumento de maltrato das mãos do dono e lhe aplica uma surra igual a que o homem dava no cavalo.

Além da ação direta na região do Vale do Sinos, foi através de crônicas publicadas semanalmente no jornal Correio do Povo – na época o principal diário em circulação no Rio Grande do Sul – que ele tornou-se o patrono da ecologia no Rio Grande do Sul. “Ele é o fundador da ecologia política no Brasil”, atesta em depoimento a Ayrton Centeno outro pioneiro, Augusto Carneiro, sobre Roessler.

Carta Maior


04 janeiro 2012

Movimento ecológico deve ser visionário, entende Milanez

Militante da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) há 40 anos, o biólogo e arquiteto Francisco Milanez reassumiu o comando da ONG no final de 2011 - ele já havia sido presidente da Agapan nos anos 1990. O ativista reconhece que a causa ambiental e o termo ecologia estão mais incorporados à sociedade e aos governos após 40 anos, o que altera o papel do movimento ecológico. Entretanto, Milanez sustenta que o ambientalismo deve permanecer com um pensamento de vanguarda, à frente do seu tempo, para levantar problemas ou soluções que não são vistos. “Éramos chamados de ‘folclóricos’, mas nossas afirmações foram confirmadas 20 ou 30 anos depois”, lembra, ao citar campanhas da Agapan. Ele defende que, agora, o foco deve ser educação ambiental. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Milanez ainda fala da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20 - que ocorre em junho, no Rio de Janeiro, duas décadas depois da ECO-92 -, e do Fórum Social Temático, que acontece em janeiro em Porto Alegre e que é preparatório a Rio+20.

Jornal do Comércio - Se está há 40 anos na Agapan, o senhor começou jovem, não?

Francisco Milanez - Estava no 1º grau no Colégio Anchieta e um colega mais velho das minhas irmãs havia participado da criação da Agapan. E ele - se chama Fernando Celso - veio me procurar porque eu já falava de ecologia. “Olha, tem um negócio para ti.” E me levou numa reunião da Agapan no fim do ano (1971). A entidade havia sido fundada em abril.

JC - E já conhecia José Lutzenberger na época?

Milanez - Conheci lá. Depois das reuniões, havia o tradicional chopinho e Lutz me “entrevistou”: “O que achou? Vai ficar?” E eu disse: “Ah, não sei, estou achando uma coisa muito tapa-buraco”, porque na época havia muitas lutas. Argumentei que com a ecologia a gente precisava fazer uma profunda reforma na sociedade. E ele: “Olha, eu até concordo. Mas até a gente fazer essa mudança, não vai ter mais o que proteger.” As primeiras lutas eram contra a poda das árvores, contra a retirada de pedras de morros, que resultou, por exemplo, na criação do Parque de Itapuã. Poucos anos depois a gente prosseguiu contra a fábrica da Borregaard. E deu certo: em 1974 (a prefeitura) parou de fazer a poda das árvores; a Borregaard foi fechada para fazer o tratamento dos seus resíduos; o Parque de Itapuã está aí até hoje...

JC - Teve o estudante que subiu na árvore...

Milanez – Eu inclusive fazia Engenharia e o Carlos Dayrell, que subiu na árvore da avenida João Pessoa, era meu colega. Queriam aproveitar as férias para cortar todas as árvores, mas se deram mal porque era dia de matrícula na Ufrgs. Foi uma loucura. A mídia nos procurava muito porque tudo era proibido noticiar, mas não havia restrições a publicar nossas ações... Mas naquela vez veio o Dops, inclusive passaram a ir nas reuniões da Agapan. A ecologia passou a ser um tema subversivo. Era um tema novo, a Agapan era a primeira entidade do Brasil. Na época, éramos chamados de “folclóricos”, tinha muita gozação, muita desconsideração, nos chamavam de “lunáticos”, sem base científica... E nossas afirmações, 20 ou 30 anos depois, foram confirmadas pela ciência.

JC - Hoje existem questionamentos ao aquecimento global...

Milanez - Estamos numa situação crítica. Saiu agora um estudo de cientistas russos, apoiado por cientistas do mundo inteiro, mostrando que se está liberando uma quantidade tão grande de metano que se calcula que é uma soma cinco vezes maior do que tudo que se liberou até hoje. Não tenho nenhum interesse em ser alarmista, mas pode ser o início de um colapso. O aquecimento global não precisa ser contestado, porque todos os anos está subindo a média da temperatura da Terra. E o maior problema imediato é o desregulamento climático, por exemplo, fazer calor no inverno - aí brotam todas as frutíferas, vem uma geada depois, mata as plantas, que na verdade estavam estocando energia para a primavera.

JC - A questão ambiental foi institucionalizada em órgãos governamentais e pela própria sociedade nesses 40 anos. Qual é o papel do movimento ecológico no cenário atual?

Milanez - Vai mudando conforme a época. A grande função do ambientalista é ser visionário, é enxergar possibilidades - tanto para o mal quando para o bem - antes da ciência. A ciência ainda é muito lenta, está 30 anos atrás na sociedade. Então, a função é levantar as dúvidas, propor soluções, mostrar possibilidades que não estão sendo vistas. Por exemplo, a Organização Mundial da Saúde, inexplicavelmente, aumentou de 10 a 100 vezes a nossa tolerância para agrotóxicos. É meio estranho... Em 1997, a gente trouxe um documentário da BBC de Londres - Agressão ao Macho - que mostrava os danos dos plásticos e dos agrotóxicos na fertilidade masculina. Era a descoberta de um cientista dinamarquês, que foi se articulando com norte-americanos e europeus e mostrava a perda de fertilidade dos homens em função do estrogênio. Viram que muitos agrotóxicos tinham (estrogênio), e algumas substâncias formadoras no plástico - o ftalato, por exemplo, substância base que dá flexibilidade à garrafa PET - e liberavam, causando um efeito estrogênico. Então, o ambientalista tem que dizer coisas que não são ditas na nossa sociedade.

JC - Quais são as principais lutas da Agapan hoje?

Milanez - Nossa ideia é reavivarmos a grande bandeira educativa da Agapan. Ao longo dos anos 1970 e 1980, fizemos cursos pelo Interior do Estado e muitos líderes se formaram, gente de outras áreas, a gente precisa dialogar com a sociedade. A luta mudou. Era de rua no início, protestos, passeatas. Depois, com a Constituição de 1988, criaram-se conselhos; a Agapan, nos anos 1990, participava de 56 conselhos – estadual do Meio Ambiente (Consema), municipal de Porto Alegre (Comam), nacional do Meio Ambiente (Conama), Conselho do Lago Guaíba, Conselho do Plano Diretor.... E a Agapan ainda faz o milagre de ser voluntária. Hoje, nossa principal função é educar, descobrir novas formas de atuar. Por exemplo, o Ministério Público passou a ter promotorias especializadas em meio ambiente, o Judiciário está começando a crescer nessa jornada, tem o Batalhão Ambiental da Brigada Militar...

JC - Qual é a sua expectativa para a Rio+20?

Milanez - As pessoas têm expectativas de acontecimentos na Rio 92 ou na Rio+20, mas não acontecem coisas importantes nessas reuniões, porque elas já estão prontas, é só uma formalização. Mas acontecem coisas maravilhosas como o Fórum Global (evento da sociedade civil paralelo à conferência da ONU). É infinitamente mais produtivo, o outro é bem burocrático. Na Rio 92, o Fórum Global foi uma grande chance para a gente (movimento ecológico) se articular e conhecer pessoas do mundo inteiro. Hoje já será para outra coisa, de certa maneira, para conhecer pessoalmente quem a gente já conhece pela internet...

JC - O Fórum Social Mundial teve um papel nessa formação de redes globais de ONGs?

Milanez - Sim, muito grande. A Rio 92 reuniu um monte de gente, mas era temática. E o Fórum Social Mundial começou um trabalho de diálogo com todo o tipo de questões... E também de formação de redes, discussões. Agora, na Rio+20, com esse colapso que está acontecendo de liberação de metano, pode vir a acontecer alguma coisa que gere resultados.

JC - O quê?

Milanez - Por exemplo, algo novo e sério em termos de clima, para países que são os maiores emissores - China, Estados Unidos. Apertar o cerco, ter coragem.

JC - E o Fórum Social Temático de Porto Alegre?

Milanez - Vai ser interessante. Nós (Agapan) estamos trazendo um monge budista japonês que trabalha com a questão nuclear e com um povo da ilha dele que é pré-japonês - caso igual ao dos indígenas brasileiros. Estamos articulando com os indígenas daqui. Nossa contribuição é trazer, quando estão pensando em seguir com o programa nuclear brasileiro, um pouquinho da realidade do Japão, que é para ser um país modelo.

JC - Qual é a sua avaliação do governo José Fortunati (PDT) na área ambiental?

Milanez - Não tem coisas muito marcantes. Houve um grande respeito na consulta popular sobre o Pontal do Estaleiro, que demonstrou que a população não quer o que os vereadores querem - (na Câmara Municipal) sempre, invariavelmente, vence a especulação imobiliária. E eu sou arquiteto, não sou contra a construção civil. Sou contra a especulação, porque perde o empresário, o consumidor que compra uma coisa e daqui a pouco a região fica insuportável pela própria especulação. É ruim para todos... Então, a consulta foi positiva. E não somos contra espigões, mas têm que ter recuos (afastamentos) e respeitar o espaço público. Quer um apartamento com vista para o Guaíba? Faz na avenida Icaraí, não na beira do Guaíba. A orla deve ser pública, com o acesso de todos ao rio Guaíba.

JC – E o governo Tarso Genro (PT) na área ambiental?

Milanez - Ainda não dá para dizer a que o Tarso veio.

JC - E o governo Dilma Rousseff (PT)?

Milanez - Dilma foi uma liberadora de obras e o PAC atropelou questões ambientais em várias hidrelétricas, como Barra Grande. Nesse aspecto, desde o ex-presidente Lula (PT) foi um período ruim. O Ibama segurava um pouquinho, agora passou para os estados. É absurdo. E a municipalização é um absurdo também. O Rio Grande o Sul tem o órgão ambiental mais sério do Brasil. Mas a Fepam é do tamanho de nada para dar conta de um Estado desse tamanho. Não é culpa dos técnicos.

JC - A razão do gargalo ambiental na liberação dos investimentos é a falta de equipe dos órgãos governamentais?

Milanez - Claro. São meia dúzia de fiscais. E isso é generalizado, a Smam (Secretaria do Meio Ambiente) tem 0,02% do orçamento de Porto Alegre. Falta equipar os órgãos ambientais no Brasil.

JC - O que o senhor pensa do desenvolvimento da Metade Sul com plantações de eucalipto?

Milanez - É só perguntar aos fazendeiros da região o que está acontecendo em termos de depressão, abandono de mão de obra – porque levaram gente para trabalhar nas plantações, intensivamente, e agora os caras ficam jogados até o próximo plantio ou colheita. E o sujeito que tinha uma terra no Pampa agora está cercado de uma plantação da maior árvore que existe no mundo e que é a maior máquina de evapo-transpiração que existe, seca rio, arroio... Só vai dar para plantar eucalipto. No Rio Grande do Sul, há milhões de anos tem árvores na Metade Norte e não tem na Metade Sul. O razoável seria plantar onde? E o Pampa é um ecossistema delicado, baseado em gramíneas e plantas pequenas, arbustivas. O que aconteceu em Alegrete? Rebaixou o lençol freático, as pequenas plantas não alcançaram, virou deserto.

JC - E fábricas de celulose?

Milanez - Precisamos de papel - eu uso papel -, então, devemos ser coerentes, precisamos de fábrica. O problema é escolhermos isso como vocação. Por exemplo, a pecuária orgânica poderia ser uma boa solução, o arroz orgânico. Mas estamos plantando eucalipto... Em Guaíba, já temos duas ações contra a Riocell (CMPC Celulose). Já propusemos tirar se eles concordassem em retirar o cloro do processo industrial. Aí, disseram que iam tirar o cloro elementar e passar a usar dióxido de cloro. Não aceitamos. Isso aí e uma bomba-relógio para Porto Alegre. Se dá uma acidente naquela fábrica... Cloro é a coisa mais tóxica que existe. Qual é aceitabilidade de dioxina na água? Zero. O branqueamento da celulose deveria ser feito sem nenhum composto de cloro. Então, se sou a favor de fábricas de celulose? Depende onde vai ser instalada e da tecnologia que ela vai usar.


Guilherme Kolling e João Egydio Gamboa

Fonte:
Jornal do Comércio, 02/01/2012.
foto: Marco Quintana/ JC