05 junho 2012

AGAPAN E A PEGADA ECOLÓGICA DE LUTZENBERGER

Para a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural - AGAPAN-, entidade fundada por José Lutzenberger, dia 27 de abril de 1971, o DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE de 2012, dez anos após a sua morte, acontece em meio a uma conjuntura planetária. “LUTZ” deixou a sua  pegada ecológica nos seus escritos e, em termos locais, na influência carismática da sua personalidade na AGAPAN, na Fundação Gaia e nos contextos em que atuou.



Ele foi um dos pioneiros mundiais do movimento ecológico e um criador de uma nova concepção de ativismo político. No momento atual estamos a duas semanas da realização da RIO + 20 e da CÚPULA DOS POVOS, 40 anos depois da Conferência de Estocolmo, 20 anos depois da ECO-92, dois anos e meio depois do fracasso de Copenhagem, e traumatizados pelo retrocesso legal, institucional e político do CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO, sancionado e vetado parcialmente pela presidente Dilma Rousseff.



Estamos presenciando um contexto de perda das conquistas ecopolíticas mais significativas das quatro décadas de existência do movimento ecológico mundial nos seus níveis local, nacional e global. Vivemos atualmente o impasse civilizatório que se configura na participação dos governos do mundo na RIO+20, tendo o conclave oficial organizado pela ONU tirado da pauta a problemática do aquecimento global, universalização do acesso à água, segurança alimentar e biodiversidade e outros temas de fundamentais para a sobrevivência da civilização.



Vivemos no Brasil um contexto de retrocesso político, legal e jurídico de direitos ambientais e sociais, duramente conquistados pela sociedade brasileira, obtidas após o término da ditadura militar e da redemocratização do Brasil. Toda esta conjuntura impõe o imperativo de repensarmos a nossa trajetória histórica e nos resituarmos no atual contexto  de aprofundamento da crise ecológica e de impasse civilizatório planetário. Portanto estamos no momento histórico de olharmos a pegada ecológica deixada por “LUTZ”.

A  vinda a Porto Alegre de uma liderança mundial do porte da ecofeminista indiana VANDANA SHIVA, na celebração dos dez anos da morte de José Lutzenberger foi uma iniciativa maravilhosa, feliz e absolutamente oportuna da Fundação Gaia- o Legado de José Lutzenberger.

Foi mais uma oportunidade que tivemos para ver e compreender a pegada ecológica que o ecologista gaúcho nos legou. O fato é que a pegada ecológica do “LUTZ”, é muito grande, é IMENSA. Em diversas oportunidades a ecofeminista indiana referiu-se à intensa participação do fundador da AGAPAN na articulação política do movimento ecológico mundial, contra as grandes corporações transnacionais no seu processo de apropriação e de privatização da vida que culmina no patenteamento dos seres vivos. O legado deixado por Lutzenberger  na AGAPAN e no movimento ecológico é o desafio de um novo projeto de civilização, colocado ao pensamento político e jurídico constitutivo das diferentes ordens sociais existentes no mundo. Trata-se de dar início a uma tomada de posição no âmbito do Direito constituído em relação à atual ausência de limites ao direito de propriedade. A ausência destes limites hoje ameaça a racionalidade das nossas instituições, a continuidade da civilização e a sobrevivência e longevidade da nossa espécie no seio da VIDA, colocando a humanidade na sua atual condição de suprema indigência política.

O alerta deixado por Vandana Shiva sobre a inviabilidade econômica e ecológico de um modelo agrícola que destrói a capacidade reprodutiva das lavouras como maneira de inviabilizar o armazenamento de sementes para o replantio por parte do agricultor, torna-o deste modo refém de transnacionais  proprietárias das patentes. Está situação de dependência já provocou na Índia “o suicídio de cerca de 250 mil agricultores nos últimos dez anos”.

A  Cúpula dos Povos é um encontro único de proporções planetárias que vai reunir as grandes lideranças da sociedade civil da atualidade.

Este fórum é a instância mais democrática para a discussão dos temas prioritários envolvendo os supremos interesses da humanidade no sentido reduzir a pegada ecológica predatória do atual modelo civilizatório.

Vamos acompanhar de perto interagindo em tempo real com aqueles que lá estarão participando!

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